António Egas Moniz

neurocirurgião português (1874-1955)
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António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nascido António Caetano de Abreu Freire de Resende, conhecido popularmente como António Egas Moniz GCSEGCB (Avanca, Estarreja, 29 de novembro de 1874São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 13 de dezembro de 1955)[1] foi um médico, neurocirurgião, pesquisador, professor, político e escritor português.

António Egas Moniz Medalha Nobel
António Egas Moniz
Conhecido por desenvolver a arteriografia e a leucotomia. Primeiro e único neurocirurgião laureado com o Prémio Nobel (1949).
Nascimento António Caetano de Abreu Freire de Resende
29 de novembro de 1874
Avanca, Estarreja, Portugal
Morte 13 de dezembro de 1955 (81 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade portuguesa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater descobridor da arteriografia cerebral em 1927 e da leucotomia em 1935
Ocupação político, neurocientista, médico, neurocirugião, professor universitário, psiquiatra, neurologista, diplomata
Prêmios
Empregador(a) Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa
Campo(s) Medicina, neurocirurgia, política, literatura

Responsável pelo desenvolvimento da arteriografia, ou angiografia cerebral em 1927, descoberta que revolucionou a medicina e a neurocirurgia, permitindo o diagnóstico dos tumores cerebrais e o diagnóstico e tratamento do aneurisma cerebral e da MAV (malformação arteriovenosa). Foi três vezes indicado ao prémio Nobel por esta descoberta (1928, 1929, 1930). Inventor do procedimento neurocirúrgico denominado leucotomia pré-frontal, também conhecido como lobotomia, que possibilitou o surgimento da psicocirurgia, por esta última descoberta foi galardoado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1949, partilhado com o fisiologista suíço Walter Rudolf Hess.

José Saramago, Carlos Filipe Ximenes Belo, José Ramos-Horta e António Egas Moniz são os únicos lusófonos detentores de Prémios Nobel.

Biografia editar

 
Registo de batismo de Egas Moniz, em depósito no Arquivo Distrital de Aveiro.[1]

Nascido António Caetano de Abreu Freire de Resende, a 29 de novembro de 1874, na freguesia de Avanca, concelho de Estarreja, no seio de uma família aristocrata rural, era filho único de Fernando de Pina de Resende de Abreu Freire (Idanha-a-Nova, Idanha-a-Nova, 15 de abril de 1828 - Lourenço Marques, 29 de março de 1890) e de sua mulher Maria do Rosário de Oliveira de Almeida e Sousa (Anadia, Vilarinho do Bairro, 19 de junho de 1840 - Estarreja, Pardilhó, 19 de novembro de 1896).

O seu tio paterno e padrinho, o padre Caetano de Pina Resende Abreu e Sá Freire,[1] insistiu que adoptasse o apelido Egas Moniz, em virtude de estar convencido de que a família Resende descenderia em linha directa de Egas Moniz, o aio de Dom Afonso Henriques.

Em Lobão da Beira conheceu Elvira de Macedo Dias (Rio de Janeiro, Sacramento, 14 de julho de 1884 - 1965), filha de José Joaquim Dias e de sua mulher Matilde Flora de Macedo, com quem se casou a 7 de fevereiro de 1901, em Canas de Sabugosa. O casal não teve filhos. Era cunhado da feminista Estefânia de Macedo Dias Macieira, casada com o advogado e político António Macieira.

A 14 de março de 1939, aos 64 anos, sofreu um atentado no seu consultório, por parte de um doente mental, engenheiro agrónomo de 28 anos, que, no culminar de uma crise de paranóia, o alvejou com oito tiros, dos quais cinco o atingiram na mão direita, no tórax e na coluna vertebral.[2] Foram-lhe retiradas três balas, mas uma ficou alojada na coluna dorsal. Apesar da gravidade dos ferimentos, Egas Moniz recuperou por completo, sem qualquer sequela física, ao contrário do que algumas vezes se tem escrito.[3]

Faleceu aos 81 anos, na sua residência, em Lisboa, freguesia de São Sebastião da Pedreira, no prédio número 73 da Avenida Cinco de Outubro, vítima de anemia aguda. Encontra-se sepultado na sua terra natal, no cemitério de Avanca, em Estarreja.[4]

Formação e atividade académica editar

 
Estátua de Egas Moniz, por Euclides Vaz, frente à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Hospital de Santa Maria.

Completou a instrução primária na Escola do Padre José Ramos, em Pardilhó, e o Curso Liceal no Colégio de S. Fiel, dos Jesuítas, em Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde começou por ser lente substituto, leccionando anatomia e fisiologia. Em 1911 foi transferido para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa[5] onde foi ocupar a cátedra de neurologia como professor catedrático. Jubilou-se em 1944.

Em 1950 é fundado, no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos Egas Moniz, do qual é presidente. O Centro de Estudos é, em 1957, transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe ainda hoje compreendendo, entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se encontra uma restituição do seu gabinete de trabalho com as peças originais, vários manuscritos, entre outros).

Egas Moniz contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu após longas experiências com raios X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras mal-formações no cérebro humano e abriu novos caminhos para a cirurgia cerebral.

A 5 de Outubro de 1928 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência e a 3 de Março de 1945 com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.[6]

Atividade política e literária editar

Egas Moniz teve também papel ativo na vida política. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidência do Partido Evolucionista; apoiou o breve regime de Sidónio Pais, durante o qual exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1918); viu entretanto o seu partido fundir-se com o Partido Sidonista. Foi ainda um notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa" e "Confidências de um investigador científico". É também autor de um notável ensaio de crítica literária, "Júlio Dinis e a sua obra" (1924), onde demonstra que o escritor Júlio Dinis se inspirou em personagens reais oriundas de Ovar na criação das figuras principais dos seus romances "A Morgadinha dos Canaviais" e "Pupilas do Senhor Reitor". Egas Moniz também escreveu sobre pintura e reuniu uma notável colecção de pintura naturalista, atualmente aberta ao público na Casa-Museu Egas Moniz, em Estarreja, onde se destacam obras de Silva Porto, José Malhoa e Carlos António Rodrigues dos Reis, além de peças de louça, prata e mobiliário de variada proveniência, testemunho o seu grande interesse e apurado gosto pelas artes plásticas e decorativas.[7]

Pacientes famosos editar

Fernando Pessoa, consultou-o em 1907, queixando-se de neurastenia e de medo de enlouquecer, à semelhança de Dionísia, a sua avó paterna. Egas Moniz, não lhe encontrando nada de anormal, recomendou-lhe aulas de ginástica sueca com Luís Furtado Coelho, treinador pessoal do infante D. Manuel.

"Para ser cadáver, só me faltava morrer. Em menos de três meses e três lições por semana, Furtado Lima pôs-me em tal estado de transformação que, diga-se com modéstia, ainda hoje existo — com vantagem para a civilização europeia, não me compete a mim dizer.", diria Pessoa mais tarde.[8]

Também Mário de Sá-Carneiro consultou Egas Moniz, queixando-se de sofrer de desdobramento físico e psicológico. Egas Moniz lembrou-se então de um poema que lera e que descrevia aquele estado. E, surpreendentemente, respondeu-lhe Sá-Carneiro ser ele precisamente o autor desse poema. Egas Moniz confidenciaria a um aluno seu que o poema denotava ter sido escrito por um esquizofrénico.[9]

Obra editar

 
Inventor da arteriografia em 1927, que permitiu o diagnóstico de tumores, aneurismas, malformações artério-venosas e traumas do crânio.

Atividade científica editar

Como investigador, Egas Moniz, contando com a preciosa colaboração de Pedro Almeida Lima, gizou duas técnicas: a leucotomia pré-frontal e a angiografia cerebral. Deve-se ainda a este autor a descrição do trajeto da artéria carótida interna no interior do osso temporal, tomando o mesmo a designação de Sifão carotídeo ou Sifão de Egas Moniz.

Prémio Nobel editar

António Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado em 1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o primeiro artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica. Este imediatismo não era uma coisa absolutamente ridícula pois, na verdade, «a vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos no ano anterior ao da atribuição do Prémio».[10]


Controvérsias editar

A Controvérsia da Lobotomia editar

O legado de Egas Moniz é inseparável da controvérsia associada à lobotomia, técnica que desenvolveu em colaboração com o neurocirurgião Almeida Lima. Inicialmente celebrada como uma inovação no tratamento de distúrbios mentais, a lobotomia envolvia a remoção de partes do cérebro como forma de tratar condições psiquiátricas.

Ética e Eficácia editar

A prática da lobotomia gerou considerável debate ético ao longo do tempo. Questionamentos surgiram quanto à eficácia do procedimento, com resultados muitas vezes sendo temporários e acompanhados por efeitos colaterais adversos, como mudanças de personalidade e perda de função cognitiva.

Consentimento Informado editar

A questão do consentimento informado também é levantada, pois em muitos casos, pacientes e suas famílias podem não ter sido devidamente informados sobre os riscos e as consequências da lobotomia.

Declínio da Popularidade editar

À medida que avanços em psicofarmacologia e outras terapias menos invasivas surgiram, a lobotomia perdeu aceitação médica. O declínio da popularidade da técnica também trouxe críticas retrospetivas sobre a sua aplicação.

Legado e Avaliação Crítica editar

O legado de António Egas Moniz é, portanto, complexo. Enquanto as suas contribuições para a medicina são inegáveis, a controvérsia em torno da lobotomia levanta questões éticas e destaca o constante desenvolvimento da prática médica.

Ao discutir António Egas Moniz, é essencial apresentar uma visão equilibrada, destacando as suas realizações médicas, enquanto se reconhecem as controvérsias associadas à lobotomia. As informações devem ser fundamentadas em fontes confiáveis, garantindo que a narrativa seja precisa e imparcial.

 
Primeira arteriografia publicada num artigo científico de 1931, mas desde 1927 que o Dr. Egas Moniz já a praticava tanto em Portugal como no Brasil.

Publicações editar

  • Alterações anátomo-patológicas na difteria, Coimbra, 1900.
  • A vida sexual (fisiologia e patologia), 19 edições, Coimbra, 1901.
  • A neurologia na guerra, Lisboa, 1917.
  • Um ano de política, Lisboa, 1920.
  • Júlio Diniz e a sua obra, 6 edições, Lisboa, 1924.
  • O Padre Faria na história do hipnotismo, Lisboa, 1925.
  • Diagnostic des tumeurs cérébrales et épreuve de l'encéphalographie artérielle, Paris, 1931.
  • L'angiographie cérébrale, ses applications et résultats en anatomic, physiologie te clinique, Paris, 1934.
  • Tentatives opératoires dans le traitement de certaines psychoses, Paris, 1936.
  • La leucotomie préfrontale. Traitement chirurgical de certaines psychoses, Turim, 1937.
  • Clinica dell'angiografia cerebrale, Turim, 1938.
  • Die cerebrale Arteriographie und Phlebographie, Berlin, 1940.
  • Ao lado da medicina, Lisboa, 1940.
  • Trombosis y otras obstrucciones de las carótidas, Barcelona, 1941.
  • História das cartas de jogar, Lisboa, 1942.
  • Como cheguei a realizar a leucotomia pré-frontal, Lisboa, 1948.
  • Die präfrontale Leukotomie, Archiv für Psychiatrie und Nervenkrankheiten, 1949.

Bibliografia editar

Autoria de Egas Moniz
Sobre Egas Moniz
Edições comemorativas
  • A revista A Medicina Contemporânea dedica o seu número 12 do ano LXXII (Dezembro de 1954) ao Professor Egas Moniz, em comemoração do seu octogésimo aniversário com vários artigos originais sobre a vida e a obra do homenageado.
  • A revista da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (n.º3, Maio-Junho 2006) publica um conjunto de intervenções a propósito do cinquentenário da morte do Professor Egas Moniz (disponível aqui)
Biografia
  • Antunes, João Lobo. Egas Moniz, Uma Biografia. Lisboa, Gradiva, 2010.
Artigos
  • Barahona Fernandes, Henrique João. Egas Moniz, pioneiro de descobrimentos médicos. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983
  • Serra, I. & Maia, E. Egas Moniz e a investigação científica. in José Pedro Sousa-Dias (coord.), Estudos sobre a Ciência em homenagem a Ruy E. Pinto. Alemanha: Instituto Rocha Cabral e Shaker Verlag, 2006, pp. 115–128
Homenagens
 
Em 1989 o governo de Portugal homenageou o Dr. António Egas Moniz com uma nota comemorativa de 10 000 escudos.

Referências

  1. a b c Presbytero Francisco Paes de Rezende Pereira e Mello (7 dezembro 1874). «Assento de Baptismo de Antonio Caetano». Arquivo Distrital de Aveiro. Consultado em 27 janeiro 2019. Resumo divulgativo. Aos sete dias do mez de Dezembro do anno de mil oitocentos, setenta e quatro n'esta freguezia de Santa Marinha d'Avanca, concelho d'Estarreja, Diocese do Porto. Eu o Presbytero Francisco Paes de Rezende Pereira e Mello, Abbade da mesma freguezia baptisei solemnemente e puz os Santos Oleos a um individuo do sexo masculino a que dei o nome de Antonio Caetano que nasceu na freguezia de Sancta Marinha d'Avanca ás trez horas da manhã do dia vinte e nove do mez de Novembro do anno de mil oitocentos e setenta e quatro filho legitimo primeiro do nome de Fernando de Pina de Rezende de Abreu de profissão proprietario e de D. Maria do Rosário d'Oliveira Souza Abreu de profissão governo de sua casa naturaes d'esta freguezia de Sancta Marinha d'Avanca recebidos nesta freguezia e parochianos na mesma moradores no logar da Congosta neto paterno de Antonio de Pinho Rezende e D. Brites Ignacia de Pina Botelho, e materno de Rafael de Almeida e Souza e de D. Joanna Pereira da Conceição. Foi padrinho O Abbade de Pardilhó Tio paterno e madrinha D. Brites Ignacia de Pina Botelho Avó paterna. E para constar se lavrou em duplicado este assento, que depois de lido e conferido perante os padrinhos o assignei com o padrinho. Era ut supra O padrinho O Abbade Caetano de Pina Resende Abreu Sá Freire; O Presbytero Francisco Paes de Rezende Pereira e Mello. Faleceu na freguesia de São Sebastião da Pedreira, da cidade de Lisboa, no dia treze do mês corrente. Registo de obito numero mil quinhentos e vinte e nove, do livro cento e vinte e um, da Terceira Conservatoria do Registo Civil de Lisboa. Estarreja, 17 de Dezembro de 1955. 
  2. Jornal "O Século", de 15-03-1939.
  3. Antunes, João Lobo. Egas Moniz, Uma Biografia. Lisboa, Gradiva, 2010, p. 253
  4. «Livro de registo de óbitos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (1955-10-09 a 1955-12-31)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 765, assento 1529. Consultado em 2 de março de 2021 
  5. «Moniz, António Caetano de Abreu Freire Egas». Consultado em 20 de novembro de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  6. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 20 de março de 2016 
  7. Manuel Valente Alves (2014). «Abel Salazar, Egas Moniz e as Duas Culturas.» (PDF). Academia Nacional de Medicina de Portugal. Consultado em 21 de Junho de 2015 
  8. Simões, Maria Teresa (8 de outubro de 2014). «FERNANDO PESSOA E A GINÁSTICA SUECA». LER PARA SER. Consultado em 27 de novembro de 2022 
  9. Coelho, E. Macieira. Da Medicina e das Belas Letras: Mário de Sá-Carneiro, O Poeta, Ele e o Outro, in Acta Médica Portuguesa 2001; 14: 33-42
  10. Correia, Manuel (2006). Egas Moniz e o Prémio Nobel - Enigmas, paradoxos e segredos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. ISBN 9789728704957. Consultado em 20 de novembro de 2014 
  11. João Rui Pita (4 novembro 2013). «Egas Moniz nos Selos Portugueses: o Homem, o Universitário e o Cientista». in Cábula Filatélica N.º 14. Consultado em 14 janeiro 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016 

Ligações externas editar

 
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