Araucariaceae

Araucariaceae é uma família pertencente ao grupos das acrogimnospermas - gimnospermas existentes atualmente - que atingiram maior diversidade nos períodos Jurássico e Cretáceo.[1] Atualmente, porém, restringem-se ao hemisfério sul. Esta família é representada por apenas três gêneros existentes e cerca de 32 espécies.[2] O pinheiro-do-paraná é o seu principal representante no Brasil.[3] A importância econômica das Araucariaceae inclui a extração de madeira de alta qualidade, a qual é muito utilizada para a construção de canoas e artesanato, e de resina e âmbar. Algumas de suas espécies são cultivadas como plantas ornamentais.[2] As sementes de araucária são consumidas no Brasil com o nome de pinhão.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAraucariaceae
Agathis dammara
Agathis dammara
Classificação científica
Reino: Plantae
Classe: Embryopsida
Subclasse: Pinidae
Ordem: Pinales
Família: Araucariaceae
Géneros

MorfologiaEditar

 
Semente de Araucária, popularmente conhecida como pinhão

São árvores monoicas ou dioicas e de crescimento monopodial, com ramos resinosos. Copa colunar, cônica nos indivíduos jovens e corimbosa, posteriormente, nos indivíduos adultos, ou cônica. As folhas são espiraladas ou opostas, simples, sem estípulas, sésseis ou pecioladas, escamiformes, triangular-lanceoladas a elípticas, monomórficas ou heteromórficas, perenes.[4]

Os microstróbilos são relativamente grandes e cilíndricos, com numerosos microsporofilos, dispostos helicoidalmente, portando de 4 a 20 microsporângios; agrupados ou solitários, coriáceos a sublenhosos, terminais a axilares. Os grãos-de-pólen não apresentam sacos aéreos.[2]

Os cones ovulíferos são grandes, geralmente eretos e terminais em ramos curtos, ovoides a globosos. Brácteas presentes ou ausentes, imbricadas ou sobrepostas às escamas ovulíferas. As escamas ovulíferas são numerosas, dispostas helicoidalmente, coriáceas a lenhosas, portando um único óvulo. As sementes são aladas ou concrescidas às escamas ovulíferas, separando-se deste na maturidade. O embrião tem de 2 a 4 cotilédones.[2] 

Diversidade taxonômica e relações filogenéticasEditar

 
Araucaria angustifolia (Pinheiro-do-paraná), uma Araucariaceae nativa do Brasil.

Araucariaceae pertence à classe Embryopsida, subclasse Pinidae, ordem Pinales. É constituída por três gêneros viventes: Agathis, com cerca de 13 espécies encontradas na Australásia; Araucaria, com 20 espécies[5] encontradas na Australásia e América do Sul; Wollemia, com 1 espécie encontrada na Austrália.[2] 

Em Araucaria, a filogenia é relativamente bem definida. Inicialmente, dois clados foram apontados dentro deste gênero: o primeiro consiste em todas as 16 espécies do grupo Eutacta, o segundo engloba os subgêneros Araucaria, Bunya e Intermedia. As 14 espécies encontradas na Nova Caledônia formam um grupo monofilético.[6]  

Em Agathis, a filogenia não é tão bem definida, sendo um pouco controversa. Estudos sugerem uma diferenciação mais recente de suas espécies.[6] 

Evidências moleculares, morfológicas e registros fósseis apontam que Agathis e Wollemia formam um grupo irmão, o genêro Araucaria portanto é o gênero irmão a este clado[7][8].

Distribuição geográfica e ocorrência no BrasilEditar

Durante os períodos Jurássico e Cretáceo, a família Araucariaceae tinha espécies distribuídas pelo mundo todo. No entanto, ao final deste segundo período, todas estas populações foram extintas do Hemisfério Norte[9].

Atualmente, são encontradas no Hemisfério Sul, em regiões de clima tropical úmido, subtropical úmido ou tropical de altitude[4], distribuídas na América do Sul, Austrália e no Sudeste Asiático.[2] Ocorrem nas florestas tropicais.

Os gêneros Agathis e Araucaria apresentam uma maior dispersão geográfica, em comparação com Wollemia, o qual é relictual e ocorre apenas na região sudeste da Austrália[10]. Araucaria possui ampla distribuição ocorra na Austrália, Nova Guiné, Ilha Norfolk e Nova Caledônia. Esta última região é onde se encontra a maior taxa de diversidade deste gênero. Agathis estende-se pelas ilhas do Sudeste Asiático e Península Malaia.[1]

No Brasil, apenas uma espécie é nativa: Araucaria angustifolia. Esta ocorre no Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e no Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Pode ser encontrada na Mata Atlântica, sendo a espécie arbórea dominante da floresta de araucárias.[carece de fontes?] Seu estado de preservação em São Paulo é considerado em perigo.[11]

Ver tambémEditar

Referências

  1. a b Kershaw, P., Wagstaff, B.. (2001). «THE SOUTHERN CONIFER FAMILY ARAUCARIACEAE: History, Status, and Value for Paleoenvironmental Reconstruction» (PDF). Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 
  2. a b c d e f Simpson, M. G. (2010). Plant Systematics. Amsterdam: Elsevier 
  3. Angeli, Aline (2003). «Araucaria angustifolia (Araucaria)». Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais 
  4. a b Garcia, R.J.F (2002). «GIMNOSPERMAS: ARAUCARIACEAE» (PDF). Instituto de Botânica de São Paulo 
  5. Mill, R. R.; Ruhsam, M.; Thomas, P. I.; Gardner, M. F.; Hollingsworth, P. M. (15 de fevereiro de 2017). «ARAUCARIA GOROENSIS (ARAUCARIACEAE), A NEW MONKEY PUZZLE FROM NEW CALEDONIA, AND NOMENCLATURAL NOTES ON ARAUCARIA MUELLERI». Edinburgh Journal of Botany (2): 123–139. ISSN 0960-4286. doi:10.1017/s0960428617000014. Consultado em 18 de junho de 2021 
  6. a b Setoguchi H., T. A. Osawa, J.-C. Pintaud, T. Jaffré, and J.-M. Veillon (1998). «Phylogenetic relationships within Araucariaceae based on rbcL gene sequences». American Journal of Botany 
  7. Stefenon, V. M.; Gailing, O.; Finkeldey, R. (1 de dezembro de 2006). «Phylogenetic Relationship Within Genus Araucaria (Araucariaceae) Assessed by Means of AFLP Fingerprints». Silvae Genetica (1-6): 45–52. ISSN 2509-8934. doi:10.1515/sg-2006-0007. Consultado em 18 de junho de 2021 
  8. Andruchow‐Colombo, Ana; Escapa, Ignacio H.; Cúneo, N. Rubén; Gandolfo, María A. (junho de 2018). «Araucaria lefipanensis (Araucariaceae), a new species with dimorphic leaves from the Late Cretaceous of Patagonia, Argentina». American Journal of Botany (6): 1067–1087. ISSN 0002-9122. doi:10.1002/ajb2.1113. Consultado em 18 de junho de 2021  line feed character character in |titulo= at position 23 (ajuda)
  9. Ledru, Marie-Pierre; Stevenson, Janelle (janeiro de 2012). «The rise and fall of the genus Araucaria: A Southern Hemisphere climatic connection». ANU Press. ISBN 978-1-921862-71-7. Consultado em 18 de junho de 2021 
  10. Dettmann, Mary. «Biogeography of Araucariaceae». Australia and New Zealand Forest Histories: Araucarian Forests: 1 
  11. Secretaria de Estado do Meio Ambiente (5 de junho de 2016). «Plantas ameaçadas de extinção» (PDF). Jardim Botânico de São Paulo. Consultado em 1 de abril de 2019 

Ligações externasEditar

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