Arco do Triunfo (França)

Monumento em Paris, França
Arco do Triunfo
Apresentação
Tipo
Fundação
Estilo
Arquiteto
Material
calcário luteciano (en) e calcárioVisualizar e editar dados no Wikidata
Período de construção
Abertura
Inauguração
Patrocinador
Dimensões (A × L)
49,5 × 22,21 m
Proprietário
município de paris (en)
Estatuto patrimonial
Visitantes por ano
1 754 750 ()
Estado de conservação
preservado (d)
Website
Localização
Localização
Coordenadas
Localização no mapa de Paris
ver no mapa de Paris

O Arco do Triunfo (francês: Arc de Triomphe) é um monumento localizado na cidade de Paris, construído em comemoração às vitórias militares de Napoleão Bonaparte, o qual ordenou a sua construção em 1806, aos moldes dos arcos triunfais romanos. Inaugurado em 1836, a monumental obra detém, gravados, os nomes de 128 batalhas e 558 generais. Em sua base, situa-se o túmulo do soldado desconhecido (1920). O arco localiza-se na praça Charles de Gaulle, no encontro da avenida Champs-Élysées. Nas extremidades da avenida encontram-se a Praça da Concórdia e, na outra, La Défense.

Projetado pelo arquiteto francês Jean Chalgrin, o monumento tem 50 metros de altura por 45 metros de largura e 22 metros de profundidade. O Arco de Tito, em Roma, serviu de inspiração para a sua concepção. A escala do Arco do Triunfo é tão massiva que, três semanas após o desfile da vitória de 1919 em Paris (que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial) o aviador Charles Godefroy conseguiu fazer passar o seu biplano pelo centro.[1]

O Arco do Triunfo faz parte do Eixo Histórico (Axe historique) – uma série de monumentos e grandes vias públicas num percurso que vai desde o pátio do Louvre até ao Grande Arco de la Défense. Este foi o arco do triunfo mais alto do mundo até à construção do Monumento a la Revolución no México em 1938 (de 67 metros). O Monumento está aberto diariamente das 10h00 às 22h30.[2]

História editar

 
Projeto de Jean Chalgrin, ca. 1806

Iniciado em 1806, após a vitória napoleônica em Austerlitz, o Arc de Triomphe representa, em verdade, o enaltecimento das glórias e conquistas do Primeiro Império Francês, sob a liderança de Napoleão Bonaparte – seja este oficial das forças armadas, esteja ele dotado da eminente insígnia imperial. Só os alicerces demoraram dois anos a construir e, em 1810, quando Napoleão entrou em Paris pelo oeste com a sua noiva, a arquiduquesa Maria Luísa de Áustria, ele tinha uma maquete em madeira do Arco. O arquiteto Jean Chalgrin morreu em 1811 e as obras foram retomadas por Jean-Nicholas Huyot. Durante a Restauração francesa, a construção foi interrompida e não seria terminada até ao reinado de Luís Filipe I de França, entre 1833 e 1836 pelos arquitetos Goust, e depois Huyot sob a direção de Héricart de Thury. A 15 de dezembro de 1840, os restos mortais de Napoleão, trazidos da ilha de Santa Helena, passaram sob o Arco no seu caminho para a última sepultura do Imperador no Hôtel des Invalides.[3] Antes de ser enterrado no Panteão, o corpo do escritor Victor Hugo esteve em câmara ardente sob o Arco na noite de 22 de maio de 1885.

 
Arco do Triunfo em 1920

A espada da figura que representa a República partiu-se, segundo relatos, no dia em que teve início a Batalha de Verdun em 1916. Os danos foram escondidos de imediato por uma lona para ocultar o acidente e evitar interpretações agourentas.[4]

Após a sua construção, o Arc de Triomphe tornou-se o ponto de partida dos desfiles militares do exército francês após campanhas militares vitoriosas e para o Dia da Bastilha a 14 de julho. Alguns dos desfiles vitoriosos que ocorreram neste local incluem do exército alemão em 1871, do exército francês em 1919, do exército alemão em 1940 e dos exércitos aliados em 1944 e em 1945. Após a transladação do soldado desconhecido para o Arco após a Primeira Guerra Mundial, os desfiles militares evitam passar pelo seu centro. Este gesto pretende mostrar respeito para com a campa e o seu simbolismo. Tanto Adolf Hitler em 1940 como Charles de Gaulle em 1944 cumpriram esse gesto.

 
Desfile no Arco do Triunfo após a libertação de Paris em 1944

No início da década de 1960, o monumento estava bastante negro devido à fuligem e à exposição ao trânsito e entre 1966 e 1967 foi branqueado.

Após o prolongamento da Avenida dos Campos Elísios, foi construído um novo Arco em 1982, o Grande Arco de la Défense, completando assim a linha de monumentos que forma o Eixo Histórico. O Grande Arco é o terceiro arco do género naquela zona sendo os outros o Arc du Triomphe du Carrousel e o Arc de Triomphe de l'Étoile.

Em 1995 o Grupo Islâmico Armado fez explodir uma bomba perto do Arco do Triunfo que feriu 17 pessoas.

Embrulho em 2021 editar

Em 2021, o arco foi revestido por 25 mil metros quadrados de tecido reciclável de polipropileno, fixado com três mil metros de corda vermelha, também reciclável, seguindo um projeto de Christo e Jeanne-Claude. As obras começaram em julho de 2021 e “L’Arc de Triomphe, Wrapped” ficou exposto durante 16 dias. O Arco do Triunfo embrulhado seguiu o desenho que os dois artistas imaginaram no início da década de 60. A obra ficou concluída a 18 de setembro, e no dia 3 de outubro começaram os trabalhos para remover o embrulho. O custo da iniciativa, de 14 milhões de euros, será pago com a venda de obras originais de Christo e Jeanne-Claude.[5]

Arquitetura editar

 
Arcos menores do Arco do Triunfo
 
Túmulo do Soldado Desconhecido no Arco do Triunfo

Diversos elementos arquitetônicos são dignos de detida e fiel observação. Trinta medalhões, localizados sob a bela cornija, fazem, cada qual, referência a importantes batalhas travadas pelo exército francês, dentre as quais Aboukir, Ulm, Austerlitz, Jena, Friedland e Moscou. O friso, por sua vez, retrata a partida (fachada leste) e o retorno (fachada oeste) das tropas imperiais, visto que estas conflitaram em diversas regiões do continente europeu.

Na fachada leste, os baixo-relevos aludem à batalha de Aboukir e à morte do general Marceau. À direita, situa-se a “Partida dos Voluntários de 1792” (ou “A Marselhesa”) de François Rude, aptos a defender a recém-instaurada e revolucionária República. A liberdade, aqui, é representada pela guerreira e valente mulher, a comandar e a incitar o povo francês. À esquerda, situa-se o “Triunfo de Napoleão de 1810”. Este belo alto-relevo, de Jean-Pierre Cortot, representa a paz e a conquista napoleônica, alcançados pela celebração do Tratado de Viena. Na alegoria, o imperador francês é coroado pela Vitória e reverenciado pela extinta Monarquia.

Na fachada oeste, os alto-relevos impressionam pela intensa carga emotiva. Verifica-se a submissão do povo ao Estado e a crença, pelos populares, na vitória das forças armadas.

No interior dos arcos menores, encimados por interessantes alegorias à marinha, à infantaria e a outras guarnições, constam gravados inúmeros nomes de importantes oficiais franceses, assim como diversas localidades nas quais se travaram decisivas batalhas no âmbito do expansionismo francês – Toulouse, Lille, Luxemburgo, Düsseldorf, Maastricht, Nápoles, Madrid, Porto, foz do rio Douro e Cairo, por exemplo.

No solo, situa-se o memorável Túmulo do Soldado Desconhecido (“Ici repose un soldat français mort pour la Patrie, 1914-1918”). As cinzas do incógnito combatente francês, morto durante os sangrentos conflitos da Primeira Guerra Mundial, ali repousam desde 1920.

Vista a partir do topo do Arco do Triunfo

Ver também editar

Referências

  1. Wallace, Melville (1978). La vie d'un pilote de chasse en 1914–1918. [S.l.: s.n.] 
  2. «Arc De Triomphe». Consultado em 12 de fevereiro de 2023. Arquivado do original em 12 de fevereiro de 2023 
  3. «Site do Museu dos Inválidos» 
  4. «História do Arco do Triunfo». Consultado em 1 de abril de 2015 
  5. «L'Arc de Triomphe, Wrapped: Christo's dream being realised» 

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Arco do Triunfo (França)