Aristocracia operária

A aristocracia operária é constituída por certas camadas de operários altamente qualificados, surgidos a partir do desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo industrial no século XIX, que recebem salários acima da média geral da classe trabalhadora. O termo, ainda hoje utilizado nos estudos de marxismo, foi cunhado por Friedrich Engels em um artigo publicado nas revistas Commonweal da Inglaterra e Die Neue Zeit da Alemanha no ano de 1885 e cujo título era “A Inglaterra em 1845 e em 1885”. Décadas depois, Lênin, no livro Imperialismo, Estágio Superior do Capitalismo, parte de Engels para observar que a fase imperialista do capitalismo, nos anos iniciais do século XX, trazia como consequência a formação de camadas privilegiadas entre os próprios operários, "a fim de separá-las das grandes massas do proletariado".[1] Esta classe era constituída através do rendimento que os países capitalistas adquiriam pela submissão de países subdesenvolvidos através da dívida financeira, dependência econômica e também pela conquista colonial, e serviria para acentuar o oportunismo e a decomposição do movimento operário.[2] O historiador marxista Eric Hobsbawm retomou o termo décadas depois.

O desenvolvimento do capitalismo monopolista ocasionou o surgimento de um novo setor da classe operária, que, distanciado dos demais trabalhadores, aproxima-se do grande capital através de uma aliança.[3]

De acordo com Sérgio Lessa:

"Em todos os países que se industrializaram surgiu um setor operário mais especializado, com ganhos melhores, maior capacidade de articulação e ação política devido à sua maior cultura e melhor formação profissional, ao lado de outro setor, mais numeroso, composto por trabalhadores não especializados, muitas vezes por mulheres e crianças, com menos estabilidade no emprego, menor consciência política e menor capacidade de organização."[4]

Referências

  1. Lênin, Imperialismo, estágio superior do capitalismo, São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 145.
  2. Lucas Alexandre Andreto, "O conceito de aristocracia operária em Lênin e Hobsbawm e os trabalhadores gráficos brasileiros nas décadas de 20 e 30", ensata, 2020, páginas 8 e 9.
  3. Nathália de Lourdes Fernandes Correia, Eduarda Isis Vicente dos Santos, Érika Flávia Soares da Costa, Gabriela de Almeida Silva, "A aristocracia operária e a centralidade da política na desmobilização da classe operária brasileira", VIII Jornada Internacional Políticas Públicas, Universidade Federal do Maranhão, 2017, p. 3.
  4. Sérgio Lessa, Cadê os operários?, Maceió: Instituto Lukács, 2014, p. 21.

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