Arneiro das Milhariças

freguesia do município de Santarém, Portugal

Arneiro das Milhariças é uma freguesia portuguesa do município de Santarém, com 12,01 km² de área[1] e 738 habitantes (censos de 2021)[2]. A sua densidade populacional é de 61,4 hab./km².

Portugal Portugal Arneiro das Milhariças 
  Freguesia  
Símbolos
Brasão de armas de Arneiro das Milhariças
Brasão de armas
Gentílico Arneirense
Localização
Arneiro das Milhariças está localizado em: Portugal Continental
Arneiro das Milhariças
Localização de Arneiro das Milhariças em Portugal
Coordenadas 39° 24' 02" N 8° 42' 18" O
Região Alentejo
Sub-região Lezíria do Tejo
Distrito Santarém
Município Santarém
Código 141608
História
Fundação 1694
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 12,01 km²
População total (2021) 738 hab.
Densidade 61,4 hab./km²
Código postal 2000
Outras informações
Orago São Lourenço
Sítio jf-arneiro.pt

História editar

Crê-se que o local onde é hoje o Arneiro das MIlhariças era já o lar de uma povoação que já se teria estabelecido há vários séculos. A aldeia é predecessora à criação do Condado Portucalense, e por onde terá inclusive passado tropas de D. Afonso Henriques, comandadas por Mem Ramires, responsáveis pela Conquista de Santarém em 1147[3].

Geograficamente, o Arneiro das Milhariças fica situado num planalto a 5 km de Pernes, a 10 km de Alcanena e 25 km de Santarém, estando localizado no extremo norte do seu concelho, ficando mais próximo da sede de concelho de Alcanena que da sua própria sede concelhia, Santarém.

A freguesia do Arneiro das Milhariças foi formalmente criado a 10 de fevereiro de 1694, desanexada da de Pernes pelo Dr. João de Matos Henriques, prior de Nossa Senhora dos Anjos de Vila Verde, visitador do arcebispo de Lisboa e cardeal D. Luís de Sousa, por um termo feito pelo padre José Delgado de Sousa, tendo sido a Igreja entregue ao pároco no dia seguinte a 11 de fevereiro de 1694. O duplo topónimo que compõe o nome da freguesia deriva de dois nomes: Arneiro, que significa terra delgada e arenosa; e Milhariças, nome proveniente da reminiscência de um lugar mais antigo que existia nas proximidades.

É constituída por vários lugares, entre eles Casais da Ferreira, Casais da Milhariça, Arneiro, Azenha e Almeirim. Pertenceu ao termo e concelho de Alcanede até 1598, passando depois ao concelho de Pernes até 24 de outubro de 1855 e, após a extinção deste, passou ao de Santarém, onde permanece atualmente. [4]

Foi afetada durante a Guerra Peninsular (1807-1814), com a passagem do exército francês, comandado pelo Marechal Masséna em 1811, que deixou um rasto de saque e violência na região do antigo concelho de Alcanena, com o Arneiro das Milhariças a ser particularmente afetado, perdendo cerca de 40% da população, com cerca de 136 óbitos resultantes da ocupação, números compilados pelo pároco da aldeia. A igreja da freguesia, além de vários fogos de habitação, foram igualmente vandalizados e destruídos durante o tempo em que brigadas francesas se encontravam arregimentadas na freguesia[5][6]. Anos mais tarde, durante a Guerra Civil Portuguesa (1832-1834), as tropas liberais lideradas pelo Marechal Saldanha passaram pelo Arneiro das Milhariças, vindas de Rio Maior, onde foram recebidos com júbilo pela população. O exército liberal tinha como destino Pernes, onde eram esperados pelas tropas de D. Miguel, no que viria a ser o Combate de Pernes, embate que as forças liberais viriam a vencer.[7]

Antiga paróquia de S. Lourenço, esta pertenceu ao Patriarcado até à criação da diocese de Santarém, em 16 de julho de 1975, pela Bula "Aposticae Sedis Consuetudinem", do Papa Paulo VI, diocese sufragânea de Lisboa. Atualmente pertence ao arciprestado de Santarém.[8]

Arneiro das Milhariças é, em finais do século XX, uma freguesia marcada pela ruralidade e interioridade, desempenhando a atividade agrícola um papel muito importante na sua economia. Contudo, na entrada do século XXI, outros sectores contribuem também para a criação de riqueza e postos de trabalho, como a indústria de madeiras, que observou uma expansão nos últimos anos, a construção civil e a reparação mecânica, existindo também uma indústria cerâmica e uma indústria de produtos de conservação automóvel.

O setor do turismo e da restauração têm ganho relevância para a freguesia, ajudado pela posição da freguesia, localizada no centro de rotas de peregrinação para o Santuário de Fátima[9] (e também, em menor grau, pelo Caminho de Santiago), que estimulou o surgimento de alojamentos locais na zona.

O turismo no espaço rural é hoje uma realidade nesta freguesia que começa a ser ponto de destino de forasteiros e de quem procura um bom lugar para viver.[10]

Património editar

  • Igreja Paroquial de Arneiro das Milhariças.
  • C.C.R.A. - Centro Cultural Recreativo Arneirense[11]
  • Parque Polidesportivo
  • Clube de Caçadores do Arneiro das MIlhariças[12]
  • Rancho Folcórico do Arneiro das Milhariças[13]
  • Parque da Vala
  • Fonte Caixeira[14]

Demografia editar

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Arneiro das Milhariças[15]
AnoPop.±%
1864 676—    
1878 742+9.8%
1890 823+10.9%
1900 920+11.8%
1911 1 054+14.6%
1920 1 190+12.9%
1930 1 726+45.0%
1940 1 476−14.5%
1950 1 489+0.9%
1960 1 442−3.2%
1970 1 226−15.0%
1981 1 037−15.4%
1991 991−4.4%
2001 936−5.5%
2011 835−10.8%
2021 738−11.6%
Distribuição da População por Grupos Etários[16]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 98 113 433 292
2011 91 69 402 273
2021 78 69 339 252

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Milhariças, J. F. Arneiro das. «História». www.jf-arneiro.pt. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  4. «Paróquia de Arneiro das Milhariças [Santarém] - Arquivo Distrital de Santarém - DigitArq». digitarq.adstr.arquivos.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  5. Silva, Carlos Guardado da (2018). «Sob o jugo dos 'tiranos': o concelho de Alcanede no contexto da 3ª Invasão Francesa: 1810-1811». Mátria XXI: 335–361. ISSN 2183-1467. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  6. Rita, Fernando Manuel da Silva (2010). «Os exércitos de Massena e Wellington no Concelho de Santarém, 1810-1811: reflexos no quotidiano social, político, económico e castrense». Consultado em 7 de novembro de 2022 
  7. Milhariças, J. F. Arneiro das. «História». www.jf-arneiro.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  8. Página do Arquivo Distrital de Santarém
  9. «Entrada». Caminhos de Fátima. Consultado em 14 de novembro de 2022 
  10. «JF Arneiro das Milhariças - Município de Santarém». www.cm-santarem.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  11. «C.C.R.A- Centro Cultural e Recreativo Arneirense». ccra.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  12. «Clube de Caçadores do Arneiro das Milhariças». agc.sg.mai.gov.pt. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  13. www.lizinov.pt, Lizinov-. «Apresentação». Rancho Folclórico Arneiro Milhariças. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  14. Milhariças, J. F. Arneiro das. «Fonte Caixeira». jf-arneiro.pt. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  15. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  16. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 

Ligações externas editar

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