Classicismo

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 Nota: Não confundir com Classismo.

Em arte, classicismo refere-se à valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. A arte classicista procura a pureza formal, o equilíbrio, o rigor ou, segundo a nomenclatura proposta por Friedrich Nietzsche, pretende ser mais apolínea que dionisíaca.

Teatro Wielki em Varsóvia, na Polônia: exemplo de arquitetura com influência clássica

Alguns historiadores de arte, entre eles Giulio Carlo Argan, alegam que, na história da arte, concorrem duas grandes forças, constantes e antagônicas: uma delas é o espírito clássico; a outra, o romântico. As três grandes manifestações classicistas da Idade Moderna europeia são o renascimento, o humanismo e o neoclassicismo. A arte clássica, por conta de seu contexto histórico, é impulsionada por grande explosão de vida e confiança no ser humano. Por isso, essas manifestações artísticas são marcadas pela visão antropocêntrica, que evidenciará a beleza do corpo humano na pintura e na escultura.

Termo editar

Classicismo é um gênero específico da filosofia — expressa na literatura, arquitetura, arte e música — embasada em fontes da Grécia Antiga e Roma. Foi particularmente expressa no Neoclassicismo, fruto do Iluminismo.[1]

O classicismo foi uma tendência recorrente do período da Antiguidade Tardia, e foi revivido na arte carolíngia e otoniana. Houve um ressurgimento mais duradouro na Renascença Italiana. Com a queda do Império Bizantino, o crescente comércio com as culturas islâmicas trouxe uma enxurrada de conhecimento sobre a antiguidade da Europa. Até então, a identificação com a antiguidade era vista como uma história contínua da cristandade desde a conversão do imperador romano Constantino I. O classicismo renascentista introduziu uma série de elementos na cultura europeia, incluindo a aplicação da matemática e do empirismo na arte, humanismo, realismo literário e descritivo e formalismo. É importante ressaltar que o movimento também introduziu o politeísmo, ou "paganismo", e a justaposição do antigo e do moderno.

O termo "clássico" também serve para designar uma obra ou um autor depositário do elemento fundador de determinada corrente artística.

Características gerais do classicismo editar

Música editar

 Ver artigo principal: Período Clássico (música)

Designa-se música clássica a música erudita, ou seja, a música ocidental composta entre os séculos XVIII e XIX. Num sentido mais amplo, é tomada também como sinônimo de toda a música erudita ocidental.

Literatura editar

 Ver artigo principal: Literatura classicista

Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular. Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova. Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. A literatura se enriquece com a incorporação de muitas palavras latinas. Luís de Camões foi o mais importante poeta do classicismo português, sendo sua maior obra, Os Lusíadas, a maior epopeia já escrita em português.

Arquitetura clássica editar

 Ver artigo principal: Arquitetura clássica
 
As Cinco Ordens da Arquitetura

A arte da antiguidade tem como um de seus pilares a arquitetura cássica, que tem origem na Grécia Antiga e na Roma Antiga, na arquitetura de templos religiosos, militares e civis romanos.

Para melhor visualização da arquitetura classicista,[2] Summerson em A Linguagem Clássica da Arquitetura, define um edifício clássico como uma obra de elementos decorativos formado direta ou indiretamente pelo vocabulário arquitetônico do mundo antigo. Desse vocabulário derivam-se elementos como as cinco ordens de colunas — que foram inicialmente descritas e documentadas por Vitrúvio, em um tratado de dez livros, no século I d.C —, as padronizações de aberturas e até mesmo os frontões, muito utilizados nas obras desse período.[3]

Algumas das mais antigas representações da arquitetura clássica na pintura são encontradas nos afrescos do sítio arqueológico de Pompeia — cidade do Império Romano — no século I d.C.[4]

Na Renascença Italiana, nos séculos XV e XVI, a representação da arquitetura clássica na pintura era símbolo de riqueza, glória e poder perenes. Nesse período, o humanismo, englobou diversas vertentes, a poesia, filosofia, história, matemática o domínio das línguas clássicas, latim e grego, com enfoque sobre os textos dos autores da Antiguidade clássica. Tais valores da Antiguidade clássica exaltam o homem, seus grandes feitos e a participação na construção da vida social nas cidades.

 
Stanza della Segnatura-Rafael Sanzio 1510

A constatação de que o homem é dono de grande poder criativo, possuindo aptidão para a ação, virtude e a glória se comunicam com as intenções da elite das ricas cidades italianas. Várias obras têm a referência clássica, como a famosa Escola de Atenas — pintada por Rafael Sanzio, entre 1509 e 1510, obra feita para decorar o salão chamado Stanza della Segnatura, sob encomenda do Vaticano —, onde o contexto arquitetônico é um poderoso complemento ao tema do afresco.[5]

Ver também editar

Referências

  1. Johnson, James William (novembro de 1969). «What Was Neo-Classicism?». Journal of British Studies (em inglês) (1): 49–70. ISSN 0021-9371. JSTOR 175167. doi:10.1086/385580. Consultado em 22 de fevereiro de 2023 
  2. Summerson, John (2013). A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes. pp. 2–25 
  3. Sanvito, Paolo (2015). Vitruvianism: Origins and Transformations. [S.l.]: de Gruyter 
  4. Richardson, Lawrence (1988). Pompeii: an architectural history. [S.l.]: Johns Hopkins University Press 
  5. Hauser, Arnold (1995). História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes 
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