Autorretrato (Angelika Kauffmann)

Autorretrato é uma pintura da artista neoclássica suíça Angelika Kauffmann conservado na prestigiosa Galeria dos Autorretratos da Galeria Uffizi, em Florença.[1][2]

Autorretrato
AutorAngelika Kauffmann
Data1787
GéneroAutorretrato
TécnicaÓleo sobre tela
Dimensões128 cm × 94 cm 
LocalizaçãoUffizi, Florença

Descrição e Análise

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O artigo de Louise Rice,[3] intitulado "Angelica Kauffmann's Uffizi Self-Portrait", publicado na revista Gazette des Beaux-Arts, oferece uma análise perspicaz do autorretrato que Angelica Kauffmann enviou à Galeria Uffizi em 1788. Rice examina como Kauffmann construiu uma imagem de si mesma que transcende a mera representação física, articulando uma identidade artística e intelectual alinhada aos ideais neoclássicos e às expectativas sociais de sua época.[2]

No autorretrato, Kauffmann se apresenta sentada em uma loggia aberta, vestindo uma túnica branca ao estilo all’antica, com um xale verde de seda sobre um ombro. Ela segura um porte-crayon e um caderno de esboços, com uma paleta ao seu lado — atributos que afirmam sua identidade como artista. O elemento mais notável de sua vestimenta é um cinto ornamental adornado com camafeus ou placas de pasta, que, segundo Rice, fazem referência ao mito da disputa entre Minerva e Netuno pela posse de Atena. Essa escolha iconográfica sugere uma identificação de Kauffmann com Minerva, deusa da sabedoria e das artes, reforçando sua reivindicação de autoridade intelectual e artística.

Rice destaca que este autorretrato não foi o primeiro que Kauffmann enviou aos Uffizi, mas sim uma substituição de uma versão anterior. A autora investiga as possíveis razões para essa substituição, considerando fatores como a evolução da autoimagem de Kauffmann e seu desejo de se alinhar mais estreitamente aos valores neoclássicos emergentes. A nova obra reflete uma maturidade artística e uma consciência mais profunda do papel da mulher artista na sociedade do século XVIII.[4]

A análise de Rice revela como Kauffmann utilizou o autorretrato como um meio de autoafirmação e construção de identidade. Ao incorporar símbolos clássicos e apresentar-se com instrumentos de trabalho, Kauffmann não apenas reivindica seu lugar como artista, mas também desafia as normas de gênero de sua época. O autorretrato torna-se, assim, uma declaração visual de sua competência e erudição, posicionando-a como uma figura respeitável no cenário artístico europeu.[5]

Ver também

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Referências

  1. Angelika Kauffmann (autorretrato) Galeria Uffizi. Consultado em 25 de abril de 2025
  2. a b Rice, Louise. Angelica Kauffmann's Uffizi Self-Portrait. Gazette des Beaux-Arts, CXVII, 1991, pp. 123-126.
  3. Louise Rice. New York University, Academia.
  4. O primeiro autorretrato, datado de 1763, é conhecido como Autorretrato em costume tradicional da Floresta de Bregenz.
  5. Chadwick, Whitney. Women, Art and Society. Thames & Hudson, 1990.