Avanço da fase do sono

(Redirecionado de Avanço da fase de sono)

O avanço da fase do sono se trata de uma tentativa gradual de mudar a hora de dormir e de despertar de um paciente até que seu cronograma de sono esteja regulado.[1] Este tratamento faz parte da cronoterapia – o uso do ritmo circadiano para tratar doenças – e pode ser usado em pacientes com síndrome do atraso das fases do sono (SAFS), ou seja, aqueles que geralmente não conseguem reiniciar seu ritmo circadiano de maneira espontânea. A SAFS é uma desordem do sono caracterizada por um desequilíbrio entre o relógio biológico interno do paciente e as normas societárias.[2] A Academia Americana de Medicina do Sono recomenda o uso da restrição de sono para o tratamento de distúrbios do sono.[3]

Exemplo editar

Segue um exemplo de como o avanço da fase do sono pode funcionar durante uma semana de tratamento, com o paciente indo dormir três horas mais tarde a cada dia até que o horário desejado de dormir (23:00) é finalmente atingido:[1]

  • 1° dia: dormir das 05:00 às 13:00
  • 2° dia: dormir das 08:00 às 16:00
  • 3° dia: dormir das 11:00 às 19:00
  • 4° dia: dormir das 14:00 às 22:00
  • 5° dia: dormir das 17:00 às 01:00
  • 6° dia: dormir das 20:00 às 04:00
  • 7° dia em diante: dormir das 23:00 às 07:00

Embora essa técnica possa proporcionar alívio à privação do sono para as pessoas que precisam acordar cedo, os novos horários de sono e vigília só podem ser mantidos seguindo um cronograma estritamente disciplinado para a hora de dormir e levantar.

Outras formas de avanço da fase do sono editar

Numa versão modificada da técnica,[4] o paciente permanece acordado um dia e uma noite inteiros e se deita 90 minutos antes do horário usual e mantém esse novo horário durante uma semana. Esse processo é repetido semanalmente, até o horário de dormir desejado ser atingido. Às vezes, embora extremamente pouco frequente, o avanço "reverso" – isto é, mover a hora de dormir e de acordar para mais cedo a cada dia – é usado no tratamento de pacientes com ritmos circadianos anormalmente curtos, numa tentativa de mover a hora de dormir para momentos posteriores do dia. Como os ritmos circadianos substancialmente menores que 24 horas são extremamente raros, esse tipo de cronoterapia permanece amplamente experimental.

Efeitos colaterais editar

A segurança deste tratamento não é amplamente conhecida.[5] Embora a cronoterapia tenha sido bem-sucedida para alguns, é necessário manter rigidamente o ciclo de sono/vigília desejado a partir de então. Qualquer desvio no cronograma tende a permitir que o relógio biológico mude novamente.

A cronoterapia pode provocar a síndrome do sono-vigília alterado, conforme relatado no New England Journal of Medicine em 1992. Estudos em animais sugeriram que esse alongamento poderia "retardar o ritmo intrínseco do relógio biológico a tal ponto que o dia normal de 24 horas não fica mais dentro do seu alcance de arrasto."[6]

Referências

  1. a b "Behavioral Treatment of Circadian Rhythm Disorder". WebMD. Página acessada em 19 de junho de 2020.
  2. Dawn Dore-Stites, PhD (21 de abril de 2017). "Delayed Sleep Wake Phase Disorder in Adolescents: Chronotherapy and Best Practices". Psychiatric Times. Página acessada em 19 de junho de 2020.
  3. "Chronotherapy - an overview | ScienceDirect Topics". www.sciencedirect.com. Página acessada em 19 de junho de 2020.
  4. Thorpy et al. in J Adolesc Health Care, 1988;9.
  5. Morgenthaler, TI; Lee-Chiong T; Alessi C; Friedman L; Aurora N; Boehlecke B; Brown T; Chesson AL; Kapur V; Maganti R; Owens J; Pancer J; Swick TJ; Zak R (Novembro de 2007). «Standards of Practice Committee of the AASM. Practice Parameters for the Clinical Evaluation and Treatment of Circadian Rhythm Sleep Disorders». Associated Professional Sleep Societies, LLC. Sleep. 30 (11): 1445–59. PMC 2082098 . PMID 18041479. doi:10.1093/sleep/30.11.1445 
  6. Oren, Dan A.; Thomas A. Wehr (10 de dezembro de 1992). «Hypernyctohemeral Syndrome after Chronotherapy for Delayed Sleep Phase Syndrome». Massachusetts Medical Society. New England Journal of Medicine (Letter to the Editor). 327 (24). 1762 páginas. PMID 1435929. doi:10.1056/NEJM199212103272417. Studies in animals suggest that a hypernyctohemeral syndrome could occur as a physiologic aftereffect of lengthening the sleep–wake cycle with chronotherapy.