Avenida Paulista no dia da inauguração, 8 de dezembro de 1891

pintura de Jules Martin‎

Avenida Paulista no dia da Inauguração, 8 de Dezembro de 1891 é uma pintura aquarela realizada por Jules-Victor-André Martin. É considerada a primeira imagem da Avenida Paulista, em São Paulo.[1] Foi produzida no próprio dia em que a rua foi inaugurada e nomeada, em 8 de dezembro de 1891.[2][3]

Avenida Paulista no dia da Inauguração, 8 de Dezembro de 1891
Avenida Paulista no dia da inauguração, 8 de dezembro de 1891
Autor Jules Martin
Data 1891
Gênero pintura histórica
Técnica aquarela
Dimensões 45,5 centímetro x 66,9 centímetro
Localização Museu do Ipiranga
Descrição audível da obra no Wikimedia Commons

O quadro é do gênero pintura histórica e está localizado no Museu Paulista. Na instituição, faz parte da Coleção Fundo Museu Paulista e o seu número de inventário é 1-08672-0000-0000. Suas medidas são 45,5 centímetros de altura e 66,9 centímetros de largura.

A tela retrata não só a Avenida Paulista, como também outras importantes ruas da região, terrenos vazios, plantas, árvores e pessoas circulando, principalmente a cavalo ou dentro de carruagens.[4] As figuras representadas são de classes mais altas da sociedade paulista da época.

Descrição editar

Bem no centro da obra, Jules Martin retratou uma larga e comprida via de terra batida, que percorre o quadro até a sua linha do horizonte. De ambos os lados da avenida, existem terrenos vazios, que chamam atenção por sua nivelação plana, que é quebrada após alguns metros por descidas. Cada um dos lotes é circundado por cercas e separado dos outros por ruas menores.[4]

No primeiro terreno, do lado esquerdo, é possível ler "Avenida Paulista" assinalado em uma placa. No lote imediatamente a frente, uma árvore lança sombras sobre um grupo de pessoas reunidas em volta de uma mesa na calçada. Sobre o móvel, encontram-se lanches e doces.[3]

Pelo local, andam homens e mulheres bem vestidos, provenientes das classes mais abastadas da cidade, que seriam as pessoas que frequentariam a avenida, como o programado pelo seu engenheiro, Joaquim Eugênio de Lima.[3]

Na tela, muitos personagens também circulam através de bondes e carruagens puxados por cavalos e até de bicicleta. Abaixo, do lado direito da tela, um dos bondes atravessa a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Ao fundo, do lado esquerdo, um conjunto de árvores é visto. Este lote, mais tarde, seria transformado no Parque Trianon.[3]

Contexto editar

A Avenida Paulista foi idealizada pelo engenheiro Joaquim Eugênio de Lima. Antes de sua concepção, a área já era utilizada para passagem e atendia pelo nome de “Real Grandeza”. Com a recente aglomeração na cidade de São Paulo, proveniente da economia cafeeira, as elites industriais paulistas procuravam um local vazio e longe do restante da população para se estabelecer.[5] Por isso, a via que se tornaria a Avenida Paulista foi a escolhida, justamente por ser mais distante do centro e um local alto, de terreno plano.[3]

Sendo um projeto muito aguardado, foi acompanhado pelo próprio governador do Estado de São Paulo, assim como pelo senador Rangel Pestana, o presidente da Intendência, Clementino de Souza e Castro, e o redator do O Estado de São Paulo, Júlio de Mesquita. Por isso, a sua inauguração teve a presença de várias autoridades, de veículos de comunicação e foi registrada através do quadro de Martin.[3][6]

Depois de realizada, a obra é presenteada a Joaquim Eugênio de Lima pelo próprio artista. Anos depois, sua viúva, Dona Margarida Joaquina Álvares de Toledo Lima, doa o quadro ao Museu Paulista.[3]

Análise editar

Na época da produção desta pintura, a Avenida Paulista ainda era de terra. Somente em 1900, a via passou por um processo de pavimentação com macadame. Outro elemento interessante da imagem são os bondes. Na tela, estes veículos são puxados por cavalos e seguem uma delimitação no chão. Entretanto, a versão elétrica só seria instalada na Paulista nove anos depois.[3]

Do lado esquerdo, ao fundo, a vegetação natural foi deixada, formando um conjunto de árvores. O lote funcionava como um parque, que atendia pelo nome de Paul Villon, e mais tarde seria transformado no atual Parque Trianon.[3]

A partir da pintura, é possível notar a falta de residências e outras estruturas, como um sistema de água ou esgoto. Isso revela o caráter descontraído da Avenida Paulista da época. Essas estruturas só começaram a ser construídas na região em 1894. Até lá, a rua era considerada um destino de veraneio ou passeio, somente com casas que funcionavam como segundas residências.[3]

Ver também editar

Referências

  1. Lima, Juliana Domingos de (13 de fevereiro de 2017). «O Masp faz 70 anos. E mostra como artistas pensaram e representaram a Paulista». Nexo. Consultado em 16 de maio de 2018 
  2. Toledo, Benedito Lima de (21 de janeiro de 2002). «Fotos antigas da Paulista revelam avenida arborizada». Folha de S. Paulo. Consultado em 16 de maio de 2018 
  3. a b c d e f g h i j Shibaki, Viviane Veiga (12 de junho de 2007). «Avenida Paulista: da formação à consolidação de um ícone da metrópole de São Paulo». Digital Library of Theses and Dissertations of USP. Consultado em 16 de maio de 2018 
  4. a b «De residência dos barões de café a centro financeiro e polo cultural: a avenida mais famosa da cidade reinventa-se». Sesc São Paulo. 29 de março de 2018. Consultado em 16 de maio de 2018. Cópia arquivada em 15 de Setembro de 2018 
  5. Toledo, Roberto Pompeu de (22 de outubro de 2010). «8. Os responsáveis pela criação do Viaduto do Chá e da Avenida Paulista». Veja São Paulo. Consultado em 16 de maio de 2018. Cópia arquivada em 15 de Setembro de 2018 
  6. Carlos Eduardo Entini; Liz Batista (8 de Dezembro de 2016). «Avenida Paulista completa 125 anos». Estadão. Cópia arquivada em 28 de Agosto de 2018