Bairro Novo do Pinhal

O Bairro Novo do Pinhal (também conhecido como Bairro do Fim do Mundo e Bairro do Pinhal do Fim do Mundo) é um bairro de habitação social com 162 fogos[2][3] sito na Galiza, na atual Freguesia de Cascais e Estoril, no Município de Cascais.

Bairro Novo do Pinhal
  Bairro  
Localização
Ortofotografia aérea de 1995, centrada no Bairro do Fim do Mundo.
Ortofotografia aérea de 1995, centrada no Bairro do Fim do Mundo.
Ortofotografia aérea de 1995, centrada no Bairro do Fim do Mundo.
Mapa
Localização em mapa dinâmico
Coordenadas 38° 42' 30" N 9° 23' 13" O
País Portugal
Região Área Metropolitana de Lisboa
Distrito Lisboa
Município Cascais
Freguesia Cascais e Estoril
Características geográficas
População total (2013[1]) 499 hab.

O atual bairro situa-se no topo do Monte Leite, a leste da Galiza, onde se construíram os prédios de habitação destinados ao realojamento de algumas das famílias residentes no bairro de lata que o precedeu. A par das quintas das Marianas e das Tainhas, este foi um dos maiores bairros de barracas do município.[4][5] Foi igualmente onde se desenvolveu grande parte da vida e obra social da freira católica Elvira Nadais, agraciada posteriormente com o nome de uma rua e com um mural.[6][7][8]

Caracterização editar

A área onde surgiu o bairro insere-se em terrenos da antiga Quinta do Monte Leite e do Pinhal de Santa Rita[9][10][11] e era usada como lugar de desafogo e fruição.[12]

A data exata do aparecimento das primeiras construções é incerta, registando-se a sua existência na década de 1970.[13][14][5][15] A formação do bairro deveu-se originalmente à comunidade roma[12], tendo ficado conhecido como o Bairro do Fim do Mundo possivelmente em virtude da sua implantação e isolamento.[11][15] Na década seguinte sofreu forte crescimento devido ao processo de descolonização, que levou à fixação de guineenses, cabo-verdianos e angolanos.[5][15][16] As construções eram erguidas em madeira, tijolos e chapas de zinco e não dispunham de saneamento básico, água e eletricidade.[5][17]

O bairro foi incluído no Plano Especial de Realojamento (PER) em 1993, onde se contemplava a sua demolição e o realojamento dos seus moradores. No âmbito deste programa foi também feito um novo recenseamento, contando-se por então 141 barracas, onde moravam 619 pessoas divididas por 278 agregados familiares.[4] A construção do Bairro Novo do Pinhal surgiu de um projeto de intervenção comunitária (Projeto Nova Esperança da Galiza), entre o Centro Regional de Segurança Social e a Câmara Municipal de Cascais, com a finalidade de realojar a população recenseada em 1988.[2] Os habitantes do antigo bairro foram aí realojados, bem como no vizinho Bairro da Galiza[2] e noutras zonas do município (em particular no Cabeço de Bicesse e na Douroana).[18][19]

A execução do PER iniciou-se em 2002 e prolongou-se até 2009, ano em que foram demolidas as últimas construções e removidas as últimas famílias que nelas habitavam. Deste modo, reuniram-se as condições perseguidas pela Câmara Municipal de Cascais para a «erradicação de um foco de pobreza e degradação» e para a renaturalização do espaço, que está parcialmente inserido na Reserva Ecológica Nacional.[10][14][20] Este processo foi contestado pelos residentes ao longo dos anos, denunciando a pouca antecedência na colocação de avisos de demolição, despejos forçados ou levados a cabo na ausência dos seus moradores e a falta de alternativas oferecidas aos residentes (em particular aqueles que se instalaram no bairro depois do recenseamento do PER).[10][21][22][23][24][25]

Grande parte do espaço do antigo bairro encontra-se ocupado pelo Complexo da Senhora da Boa Nova, construído para apoiar a transformação da zona.[4] A restante área livre permitiu a construção da Avenida Gago Coutinho, uma via estruturante concelhia[26][27] e que o separa do Bairro de Habitação Social da Galiza.

Dispõe de vários equipamentos de apoio social: um gabinete de apoio social[28], uma creche, a Ludoteca da Galiza, o espaço TAKE.IT[29] e o Centro Comunitário da Senhora da Boa Nova. Esteve também equipado com um centro social e com alguns cafés e restaurantes.

Conta com murais de arte urbana em várias fachadas do bairro, realizados na segunda edição do Festival Infinito em 2020.[30][31][32]

Referências

  1. https://www.cascais.pt/sites/default/files/anexos/gerais/bairros_-_historia_e_caraterizacao.pdf
  2. a b c «História e caracterização dos bairros sob gestão da Cascais Envolvente» (PDF). Cascais Envolvente. 2013 
  3. Gonçalves, Alda Teixeira (1999). «Periferias centrais: notas sobre a habitação social no concelho de Cascais». Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa. Intervenção social (19): 129–139. ISSN 0874-1611 
  4. a b c «História». Centro Paroquial do Estoril. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  5. a b c d «Bairro do Fim do Mundo sem fim à vista». Diário de Notícias. 30 de setembro de 2005. Consultado em 29 de outubro de 2014. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2014 
  6. Manuel Costa - Agência Ecclesia (maio de 2014). «Uma vida dedicada aos pobres». Consultado em 30 de outubro de 2014. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2014 
  7. «Boletim Salesiano de Itália: "Um bairro no fim do mundo"». Salesianos. 27 de abril de 2018. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  8. «Rua Elvira Nadais Silva». Ludoteca da Galiza. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  9. Correia, J. Diogo (1964). Toponímia do Concelho de Cascais (PDF). Cascais: Câmara Municipal de Cascais. p. 43, 56 
  10. a b c «Cascais: demolidas as últimas barracas do Bairro do Fim do Mundo». Público. 10 de junho de 2009. Consultado em 30 de outubro de 2014 
  11. a b «Webfototeca». cgpr.dgterritorio.pt. Direção-Geral do Território. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  12. a b «Pobreza e Progresso». RTP Arquivos. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  13. «Gente que faz toda a diferença». Diário de Notícias. 2 de dezembro de 2012 
  14. a b Boaventura, Inês. «Demolidas últimas barracas do Bairro do Fim do Mundo». PÚBLICO. Consultado em 21 de fevereiro de 2021. Em comunicado, a autarquia sublinhou ter criado "as condições necessárias para erradicar este foco de pobreza e degradação", que surgiu no fim da década de 1970 e teve "uma franca expansão" na década seguinte. Segundo um recenseamento realizado em 1993, o Bairro do Fim do Mundo tinha na altura 141 barracas, nas quais moravam 619 pessoas de 278 agregados familiares. 
  15. a b c «CONVERSAS DA REPÚBLICA - POLÍTICAS SOCIAIS». fundacaodomluis.pt. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  16. José Vilhena Moreira (16 de janeiro de 2012). «O Bairro do Fim do Mundo». Consultado em 30 de outubro de 2014 
  17. «CASCAIS LEVA LIMPEZA AO FIM DO MUNDO». www.cmjornal.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  18. «exPERts PER ATLAS - HOMEPAGE». expertsproject.ics.ulisboa.pt. Consultado em 21 de fevereiro de 2021 
  19. «Carta da Habitação Municipal e PER» (PDF). Câmara Municipal de Cascais. 2014 
  20. «GeoCascais». geocascais.cascais.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  21. Lusa. «Câmara de Cascais recusou ouvir protesto de moradores dos bairros das Marianas e Fim do Mundo». PÚBLICO. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  22. Stitchedmarks. «Demolições no Bairro Fim do Mundo - Cascais - video Dailymotion». Dailymotion (em inglês). Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  23. «Cascais: Demolição de barracas deixa moradores na rua». www.cmjornal.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  24. Ferreira, Nuno. «Moradores em barracas apelam à intervenção do Estado». PÚBLICO. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  25. «Polémica no Fim do Mundo». TVI24. Televisão Independente. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  26. 01-04-01B Mobilidade (PDF). Plantas de Ordenamento do Plano Diretor Municipal. [S.l.]: Câmara Municipal de Cascais 
  27. «6.2.4.2 Rede de nível 2». Revisão do Plano Diretor Municipal (PDF). [S.l.]: Câmara Municipal de Cascais. 2013. pp. 13–14 
  28. «C.M.C. – Gabinete Mais Perto da Galiza | Rede Social». 23 de outubro de 2017. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  29. «Take.it | Câmara Municipal de Cascais». www.cascais.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  30. «Street Art in Bairro do Fim do Mundo – Painted Neighborhoods in Cascais». DISRUPT PLATFORM. (em inglês). 4 de setembro de 2017. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  31. «As paredes de Cascais vão receber novos (e enormes) murais de street art». NiT. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  32. «Cascais é galeria de arte a céu aberto | Câmara Municipal de Cascais». www.cascais.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 

Ver também editar

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