
O Barão do Rio Branco ![]() | |
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Deputado Provincial pelo Mato Grosso | |
Período | 14ª a 15ª Legislatura |
Cônsul Geral em Liverpool | |
Período | 1876 a 1893 |
Ministro das Relações Exteriores | |
Período | 1902 a 1912 |
Antecessor | Olinto de Magalhães |
Sucessor | Lauro Müller |
Dados pessoais | |
Nome completo | José Maria da Silva Paranhos Júnior |
Nascimento | 20 de abril de 1845 Rio de Janeiro (Município Neutro) Império do Brasil |
Morte | 10 de fevereiro de 1912 (66 anos) Rio de Janeiro, Distrito Federal Brasil |
Progenitores | Mãe: Teresa de Figueiredo Faria Pai: José Maria da Silva Paranhos |
Alma mater | Faculdade de Direito do Recife |
Cônjuge | Marie Philomène Stevens |
Partido | Conservador |
Profissão | Diplomata, cônsul, político, advogado, geógrafo e historiador |
Assinatura | ![]() |
Títulos nobiliárquicos | |
Barão do Rio Branco | 30 de maio de 1888 |
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José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco (Rio de Janeiro, 20 de abril de 1845 — Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1912), foi um advogado, diplomata, geógrafo, nobre e historiador brasileiro.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, o Barão do Rio Branco ingressou nos estudos jurídicos ainda em 1862, na Faculdade de Direito de São Paulo, porém transferiu-se no último ano para a instituição pernambucana. Filho de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil.
Índice
BiografiaEditar
Iniciou-se nas letras em 1863, nas páginas da revista Popular, com uma biografia sobre Luís Barroso Pereira, comandante da fragata Imperatriz. Posteriormente, em 1866, na revista l'Illustration, desenhou e escreveu sobre a guerra do Paraguai, defendendo o ponto de vista do Brasil.
Em 1868, substituiu por três meses Joaquim Manuel de Macedo como professor na cadeira de corografia e história do Brasil, no Colégio Pedro II.
A diplomaciaEditar
Iniciou-se na carreira política como promotor público na comarca de Nova Friburgo (1868) e deputado geral geral pelo Partido Conservador representando a província de Mato Grosso (1869),[1] ainda no Império. Em 1872 foi um dos fundadores e redator do periódico A Nação,[2] tendo colaborado, a partir de 1891, no Jornal do Brasil.
Cônsul-geral em Liverpool a partir de 1876, foi comissário do Brasil na Exposição Internacional de São Petersburgo em 1884,[2] superintendente em Paris dos serviços de imigração para o Brasil em 1889[2] e ministro plenipotenciário em Berlim em 1900,[3] assumindo o Ministério das Relações Exteriores de 3 de dezembro de 1902 até sua morte, em 1912. Ocupou o cargo ao longo do mandato de quatro presidentes da república — governos de Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca — configurando-se uma unanimidade nacional em sua época.
Recebeu o título de barão do Rio Branco às vésperas do fim do período imperial, mas continuou a utilizar o título "Rio Branco" em sua assinatura mesmo após a proclamação da república, em 1889. Isso se deu por ser um monarquista convicto e para homenagear seu falecido pai, o senador e diplomata José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco.
Questões internacionaisEditar
Sua maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por meio de processos de arbitramento ou de negociações bilaterais, conseguindo incorporar definitivamente ao Brasil 900 mil quilômetros quadrados,[4] destacando-se três questões de fronteiras:
AmapáEditar
Obteve uma vitória sobre a França sobre a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, causa ganha pelo Brasil em 1900 em uma arbitragem do governo suíço. A fronteira foi definida no rio Oiapoque.
PalmasEditar
Em 1895, havia já conseguido assegurar para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná, em litígio contra a Argentina no que ficou conhecido como a questão de Palmas. Essa primeira arbitragem foi decidida pelo presidente norte-americano Grover Cleveland, e teve como opositor pelo lado da Argentina Estanislau Zeballos, que mais tarde se tornou ministro do exterior argentino e durante muito tempo acusou Rio Branco de perseguir uma política imperialista.
AcreEditar
Foi o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que Rodrigues Alves escolhesse Paranhos para o posto máximo da diplomacia em 1902, quando o Brasil estava justamente envolvido em uma questão de fronteiras, desta vez com a Bolívia.
Esta tentava arrendar uma parte do seu território a um consórcio empresarial anglo - americano. A terra não era reclamada pelo Brasil, mas era ocupada quase que integralmente por colonos brasileiros, que liderados por Plácido de Castro resistiam às tentativas bolivianas de expulsá-los, episódio que ficou conhecido como "Revolução Acriana".
Em 1903, assinou com a Bolívia o tratado de Petrópolis, pondo fim ao conflito dos dois países em relação ao território do Acre, que passou a pertencer ao Brasil mediante compensação econômica e pequenas concessões territoriais. Esta é a mais conhecida obra diplomática de Rio Branco, cujo nome foi dado à capital daquele território (hoje estado). Em 1909, após 6 anos de negociação e tensões com o governo do Peru, assina o Tratado Velarde-Rio Branco, consolidando a posse brasileira do Acre perante o Peru.
Outros sucessos e reconhecimentoEditar
Negociou com o Uruguai o condomínio sobre o Rio Jaguarão e a Lagoa Mirim, essencialmente uma concessão voluntária do Brasil a um vizinho que necessitava daqueles canais. Por essa razão, foi homenageado pelo governo do Uruguai, sendo conferido seu nome à antiga Pueblo Artigas, hoje cidade de Rio Branco, no departamento de Cerro Largo, vizinha da brasileira Jaguarão.
O município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, localizado na fronteira com o Paraguai foi batizado em sua homenagem.
Em 1905, sugeriu ao então ministro da guerra, Hermes da Fonseca, o envio de militares brasileiros ao Império Alemão com o objetivo de estes receberem treinamento militar avançado.[5] Tal sugestão foi aceita pelo ministro e, de volta ao Brasil, estes militares passaram a ser conhecidos como os "Jovens Turcos".[5]
Em 1908, então no Rio de Janeiro, convidou o engenheiro Augusto Ferreira Ramos a projetar um sistema teleférico que facilitasse o acesso ao cume do Morro da Urca, conhecido mundialmente como o Bondinho do Pão de Açúcar.
Em 1909, seu nome foi sugerido para a sucessão presidencial do ano seguinte.[6] Rio Branco preferiu declinar de qualquer candidatura que não fosse de unanimidade nacional.
Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1907 - 1912) e escreveu dois livros.
Seu filho, Paulo do Rio Branco, foi um proeminente jogador de rugby do Brasil na França.
Últimos diasEditar
Sofrendo de problemas renais, pediu demissão de seu cargo, o que foi negado pelo presidente Hermes da Fonseca.
Em seus últimos instantes de vida, lamentou o bombardeio da capital baiana, Salvador, motivado por uma crise política e ocorrido em 10 de janeiro de 1912.
Sua morte, durante o carnaval de 1912, alterou o calendário da festa popular naquele ano, dado o luto oficial e as intensas homenagens que lhe renderam na cidade do Rio de Janeiro.
Morreu ontem o Barão do Rio Branco. Há dias a sua vida era a agonia prolongada pelos recursos da ciência. A cidade, os estados, o país inteiro, as nações vizinhas, a América, o mundo indagavam ansiosa da saúde do grande homem. E o grande homem caíra para não se levantar. Fora com um imenso soble, que resistindo anos e anos ao vendaval e a intempérie, dominando a vida, de repente estala e cai. Dizer do Barão do Rio Branco uma rápida impressão de dor, de luto, de lágrimas, quando o país inteiro soluça é bem difícil. E sua obra foi enorme e grandiosa. Ele teve duas vidas: a do jornalista de talento que se fez cônsul e a do cônsul que se transformou no maior dos brasileiros pelo seu desinteressado amor à Pátria, e no maior dos diplomatas contemporâneos pelo seu alto espírito, pela alta compreensão da função que exercia. Ele foi o dilatador do Brasil, alargando-o e aumentando-o em terras, graças ao seu engenho, sem um leve ataque à justiça e ao seu direito. (...)
Gazeta de Notícias, 11 de fevereiro de 1912. [7]
Por ajudar na consolidação do território nacional sempre buscando soluções pacíficas para os conflitos com os vizinhos do Brasil o Barão do Rio Branco é considerado o patrono da diplomacia brasileira.
Seu corpo foi sepultado no jazigo de seu pai, no Cemitério do Caju.
Representações na culturaEditar
O Barão do Rio Branco já foi retratado como personagem no cinema, interpretado por J. Silveira no filme "A Vida do Barão do Rio Branco" (1912). Também teve sua efígie impressa nas notas de 5 mil réis de 1913 e 1924, Cr$ 5 (cinco cruzeiros) de 1950, nas de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) de 1978 - por este fato, a gíria popular brasileira incorporou o termo "barão" como sinônimo de "mil" - e cunhado no verso das moedas de 50 centavos em circulação atualmente no Brasil. Até mesmo a quantia de mil reais é designada como "um barão".
A Praça do Barão do Rio Branco, em Uruguaiana-RS, tem este nome em homenagem a José Maria Paranhos.
A Escola Municipal Barão do Rio Branco, em Santos, São Paulo, recebe sua alcunha.
Academia Brasileira de Letras e HomenagensEditar
Foi o segundo ocupante da cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 1 de outubro de 1898, na sucessão de João Manuel Pereira da Silva.
Atualmente, também há referência a seu famoso título de nobreza no nome do notório Instituto Rio Branco (instituição de ensino superior subordinada ao MRE que forma diplomatas de carreira). Fundado em 1945 como parte da comemoração do centenário de nascimento do Barão do Rio Branco, o IRBr localiza-se em Brasília atrás do Palácio do Itamaraty e também a escola E.E. Barão do Rio Branco, localizando em Catanduva-SP
Seu título é também atribuído ao nome do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, localizado na cidade de Urussanga, Estado de Santa Catarina; ao Colégio Estadual Barão do Rio Branco situado em Japeri, no estado do Rio de Janeiro; à cidade de Rio Branco, capital do Estado do Acre; à Avenida Barão do Rio Branco, uma das principais vias na cidade metropolitana de Cascavel, no oeste do Paraná; à Avenida Rio Branco, uma das principais vias urbanas do centro da cidade do Rio de Janeiro, capital; e a Rua Barão do Rio Branco em Curitiba, no Paraná.
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Referências
- ↑ Correio da Manhã, 11 de fevereiro de 1912, p. 2.
- ↑ a b c Idem.
- ↑ O Século, 10 de fevereiro de 1912.
- ↑ Jornal do Commercio, 11 de fevereiro de 1912, p. 2, "Os territórios que o Barão incorporou". Diz o jornal: “Só os conquistadores dos tempos dos descobrimentos e os grandes capitães da idade heroica deram às suas pátrias respectivas territórios tão vastos quanto o Sr. Rio Branco deu ao seu país bem amado. Com o seu talento, a sua habilidade, a sua força de persuasão e a sua erudição formidável conseguiu ir anexando ao Brasil trechos litigiosos e territórios contestados.”
- ↑ a b Da Itália à Coréia: decisões sobre ir ou não à guerra. Autor: Vágner Camilo Alves. Editora UFMG, 2007, pág. 58. ISBN 9788570416148 Adicionado em 31/03/2018.
- ↑ (em português) Rio - O Barão do Rio Branco e a alma carioca. Acessado em 20 de abril de 2010.
- ↑ (em português) UOL - O Rio de Janeiro através dos jornais. Acessado em 20 de Abril de 2010.
BibliografiaEditar
- Perfil de um Estadista da República (Ensaio biográfico sobre o Barão do Rio Branco). Antonio Carlos Villaça. Edição do Autor, 1945.
- Rio Branco: Biografia. Álvaro Lins. Editora A-Omg, 1965. ISBN 85-295-0184-5
- A vida do Barão do Rio Branco. Luís Viana Filho. Editora UNESP, 2008. ISBN 85-7139-887-9
- Luís Cláudio Villafañe G. Santos (2012), O Evangelho do Barão, São Paulo, Brazil: Editora da UNESP
- Preuss, Ori. Bridging the Island: Brazilians' Views of Spanish America and Themselves. Madrid: Iberoamericana, 2011.
- Nathalia Henrich. As relações Brasil-Estados Unidos no pensamento político do Barão do Rio Branco. Florianópolis, 2010.https://www.academia.edu/3076021/AS_RELA%C3%87%C3%95ES_BRASIL-ESTADOS_UNIDOS_NO_PENSAMENTO_POL%C3%8DTICO_DO_BAR%C3%83O_DO_RIO_BRANCO
- Luís Cláudio Villafane G. Santos. Juca Paranhos: o barão do Rio Branco. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
Ver tambémEditar
Ligações externasEditar
- Perfil no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras (em português)
- Relatório apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, compreendendo o período decorrido de 28 de maio de 1902 a 31 de agosto de 1903
- O Brasil, os Estados Unidos e a doutrina Monroe, artigo publicado no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, em 1908, autor Barão do Rio Branco, em inglês
- Efemérides brasileiras, de autoria do Barão do Rio Branco
- Biografias, de autoria do Barão do Rio Branco
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Sucedido por Lauro Müller |
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Ministro das Relações Exteriores do Brasil 1902 — 1912 |
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