Batalha de Quio (1319)

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A Batalha de Quio foi uma batalha naval travada fora da costa da ilha egeia oriental de Quio entre uma frota latina cristão — principalmente hospitalar — e uma frota turca do Beilhique de Aidim.

Batalha de Quio
Cruzadas
Data 23 de julho de 1319
Local Fora de Quio
Desfecho Vitória hospitalar
Beligerantes
Cavaleiros Hospitalários Cavaleiros Hospitalários
Senhorio de Quio
Beilhique de Aidim
Comandantes
Alberto de Schuarzburgo Maomé Begue
Baixas
Desconhecidas 22 navios afundados ou capturados

Antecedentes editar

O colapso do poder bizantino na Anatólia ocidental e mar Egeu no final do século XIII, bem como a debandada da marinha bizantina em 1284, criou um vaco do poder na região, que foi rapidamente explorado pelos beilhiques turcos e os atacantes gazis. Utilizando marinheiros gregos, os turcos começaram a realizar ataques piratas no Egeu, alvejando especialmente as numerosas possessões insulares latinas. Atividades corsárias turcas foram auxiliadas pelas contendas entre os dois principais estados latinos marítimos, Veneza e Gênova.[1]

Em 1304, os turcos de Mentexe (e mais tarde de Aidim) capturaram a cidade portuária de Éfeso e as ilhas do Egeu oriental pareciam estar próximas de cair para os atacantes turcos. Para evitar tal evento calamitoso, no mesmo ano os genoveses ocuparam Quio, onde Benedito I Zaccaria estabeleceu um pequeno principado, enquanto em ca. 1308 os Cavaleiros Hospitalários ocuparam Rodes. Estes dois poderes carregariam o fardo de conter os raides turcos até 1329.[2]

Batalha fora de Quio e rescaldo editar

Em julho de 1319, a frota aidinida, sob o comando pessoal do emir Maomé Begue, partiu do porto do Éfeso. Ela compreendia 18 galés e 18 outros navios. Ela foi confrontada fora de Quio por uma frota hospitalar de 24 navios e 80 cavaleiros, sob Alberto de Schuarzburgo, ao qual um esquadrão de uma galé e seis outros navios foi adicionado por Martinho Zaccaria de Quio. A batalha terminou numa vitória cristã esmagadora: apenas seis navios turcos conseguiram escapar a captura ou destruição.[3][4]

Esta vitória foi seguida pela recuperação de Leros, cuja população grega nativa rebelou-se em nome do imperador bizantino, e por outra vitória no ano seguinte sobre uma frota turca preparada para invadir Rodes.[5] Papa João XXII recompensou Schurzburgo ao restaurá-lo à posição de grão-preceptor do Chipre, de onde havia sido demitido dois anos antes, e prometeu o comando de Cós, se ele pudesse capturá-la.[6]

Impacto editar

Segundo o historiador Mike Carr, a vitória em Quio foi muito significativa, pois foi alcançada sob iniciativa dos hospitalares e os Zaccarias, sem qualquer apoio ou fundos de outros poderes ocidentais, notadamente o papado, que ainda estava enredado em planos para lançar uma cruzada à Terra Santa. Isso, no entanto, influenciou os poderes ocidentais, e esforços começaram para formar uma liga naval cristã para conter a pirataria turca.[6]

Apesar disso, no futuro imediato, a derrota fora de Quio não poderia parar a ascensão do poder aidinida. Os Zaccarias foram logo forçados a render seu principal entreposto continental de Esmirna para o filho de Maomé, Umur Begue, sob cuja liderança as frotas aidinidas cruzaram o Egeu pelas duas décadas subsequentes, até as Cruzadas Esmirniotas (1343–1351) quebrarem o poder do Beilhique de Aidim.[7]

Referências

  1. İnalcık 1993, p. 311–312.
  2. İnalcık 1993, p. 313.
  3. İnalcık 1993, p. 313, 315.
  4. Luttrell 1975, p. 288.
  5. Luttrell 1975, p. 288–289.
  6. a b Carr 2013, p. 170.
  7. İnalcık 1993, p. 315–321.

Bibliografia editar

  • Carr, Mike (2013). «The Hospitallers of Rhodes and their Alliances against the Turks». In: Buttigieg, Emanuel; Phillips, Simon. Islands and Military Orders, c.1291–c.1798. Farnham: Ashgate. pp. 167–176. ISBN 978-1-472-40990-4 
  • Luttrell, Anthony (1975). «The Hospitallers at Rhodes, 1306–1421». In: Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume III: The Fourteenth and Fifteenth Centuries. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press. pp. 278–313. ISBN 0-299-06670-3 
  • İnalcık, Halil (1993). «The Rise of the Turcoman Maritime Principalities in Anatolia, Byzantium, and the Crusades». The Middle East & the Balkans Under the Ottoman Empire: Essays on Economy & Society. Bloomington, Indiana: Indiana University Turkish Studies Department. pp. 309–341. ISBN 1878318047