Batalha de Sena Gálica

 Nota: Não confundir com a Batalha de Sena Gálica (82 a.C.), travada durante a Segunda Guerra Civil de Sula.

A Batalha de Sena Gálica foi uma batalha travada na costa italiana do Adriático no outono de 551 entre o Império Bizantino e uma frota ostrogoda durante a Guerra Gótica. Ela marcou o fim do breve tentativa gótica de expulsar os romanos dos mares e o início do ressurgimento bizantino na guerra sob a liderança de Narses.[1] Foi a última grande batalha marítima travada no Mediterrâneo por mais de um século, até a Batalha dos Mastros em 655.[2]

Batalha Sena Gáica
Guerra Gótica
Data Outono de 551
Local Nas redondezas de Sena Gálica (atualmente Senigália), Itália
Desfecho Vitória decisiva bizantina
Beligerantes
Império Bizantino Reino Ostrogodo
Comandantes
Império Bizantino João
Valeriano
Indulfo
Gibal
Forças
50 embarcações 47 embarcações
Baixas
Mínimas 36 embarcações perdidas e o restante, queimadas após a batalha

Contexto editar

Em 550, a Guerra Gótica já ia pelo décimo-quinto ano. Os primeiros testemunharam uma série de sucessos da relativamente pequena força invasora bizantina sob o general Belisário, culminando na queda de Ravena e a aparente restauração do domínio imperial na Itália em 540. Posteriormente, o imperador Justiniano I reconvocou Belisário à capital. Os comandantes deixados pra trás logo começaram a discutir entre si enquanto os godos se reorganizavam. Sob a liderança do carismático Tótila, eles logo reverteram a situação e logo dominaram as forças imperiais. Nem mesmo o retorno de Belisário conseguiu reverter a maré vitoriosa dos ostrogodos. Em 550, os bizantinos estavam reduzidos a um punhado de fortalezas costeiras na península e, na primavera do mesmo ano, Tótila chegou até a invadir a Sicília, a base estratégica romana.[3] Com o objetivo de negar ao Império Bizantino o acesso livre à Itália e a habilidade de desembarcar novas tropas ou de reforçar as fortalezas, Tótila também criou uma marinha com 400 naus de guerra para combater a marinha bizantina. Ao mesmo tempo, Justiniano preparou um derradeiro esforço para recuperar a Itália sob o eunuco Narses.[3]

Tótila, ciente da ameaça, estava determinado a negar aos inimigos o acesso às suas últimas bases importantes em solo italiano, principalmente Crotona e Ancona.[1] Ele se retirou da Sicília[3] e, enquanto suas tropas cercavam Ancona - com 47 navios bloqueando-a por mar - ele enviou o resto da frota, 300 naus, para atacar a costa de Epiro e as ilhas Jônicas.[1] Ancona estava prestes a cair e, por isso, o general romano Valeriano, comandante Ravena, convocou João, um general muito experiente que estava estacionado em Salona, na Dalmácia, enquanto esperava pela chegada de Narses e seu exército, para enviar uma força libertadora. João imediatamente tripulou 38 naus com seus veteranos, as quais se juntaram mais doze sob o próprio Valeriano. A frota combinada zarpou para Sena Gálica, 27 quilômetros ao norte de Ancona.[1]

Batalha e resultado editar

Como as duas frotas eram numericamente equivalentes, os dois comandantes godos, Indulfo e Gibal, resolveram dar combate aos bizantinos imediatamente e zarparam para encontrá-los.[1] Ao contrário das naus da antiguidade clássica, as do século VI não tinham capacidade de abalroamento; o combate naval era, portanto, dominado por armas de arremesso e pelas abordagens.[4] Nesta forma de combate, a experiência e habilidade de manter os navios em formação era essencial e as tripulações bizantinas tinham ampla vantagem sobre os inexperientes godos. Logo, no calor da batalha, algumas embarcações godas se distanciaram do corpo principal da frota e foram facilmente destruídas, enquanto que outras se aproximaram demais umas das outras e não mais conseguiam manobrar. No final, a exausta frota gótica se desintegrou e cada navio fugiu como pôde. A perda total foi de 36 navios, com Gibal capturado e Indulfo, com o resto da frota, fugindo para Ancona. Assim que ele se aproximou do acampamento godo, ele encalhou as naus e as incendiou.[1]

Esta impressionante derrota baixou o moral das forças góticas, que imediatamente abandonaram o cerco e recuaram.[1] Seguida por uma série de vitórias romanas, a batalha de Sena Gálica pode realmente ser considerada como o início da virada bizantina nas Guerras Góticas.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g h Bury, Ch.XIX, §9
  2. Age of the Galley, p. 90
  3. a b c Bury, Ch.XIX, §8
  4. Age of the Galley, p. 99

Fontes editar