A Batalha do Zabe[2] (em árabe: معركة الزاب) foi travada às margens do Grande Zabe, onde hoje é o Iraque, em 25 de janeiro de 750. Ela representou o final do Califado Omíada e o início do Califado Abássida, uma dinastia que reinaria (sob várias influências e com variados graus de poder) até o século XV (quando foi extinta pelos turcos otomanos).

Batalha do Zabe
Revolução Abássida
Data 25 de janeiro de 750
Local Perto do Grande Zabe
Coordenadas 35° 59' 28" N 43° 20' 37" E
Desfecho Vitória decisiva dos abássidas
Colapso e fim do Califado Omíada.
Beligerantes
Abássidas Omíadas
Comandantes
Abedalá ibne Ali Maruane II
Forças
20 000[1] 120 000 ~ 150 000

Contexto editar

Em 747, uma grande revolta contra os omíadas — que governavam a maior parte do Oriente Médio desde 661 — se iniciou. A principal causa foi a crescente distância entre os povos que viviam nas redondezas do califado e o governo centralizado em Damasco. Os governadores das diversas províncias, apontados dali, eram em geral corruptos e se interessavam apenas em enriquecer rapidamente. Além disso, os omíadas não alegavam nenhuma descendência direta da família do Profeta Maomé, algo que os abássidas faziam (eles supostamente descendiam diretamente do tio de Maomé, Abas), um fato que foi amplamente propagandeado durante a revolta. Essa distinção era importante principalmente para os xiitas.

As forças editar

Em 750, o exército do califa omíada Maruane II lutou contra uma força que combinava persas, xiitas e abássidas em Zabe. O exército de Maruane era, ao menos no papel, muito maior e mais poderoso que o de seus adversários, pois ele contava com diversos veteranos das campanhas anteriores dos omíadas contra o Império Bizantino. Porém, não havia entusiasmo no apoio das tropas ao califa e é justo dizer que o moral fora afetado negativamente - ao contrário da dos abássidas - por uma sequência de derrotas que sofreram nas mãos do adversário.

A batalha editar

O exército abássida formou uma parede de lanças, uma tática que eles aprenderam de seus adversários na Síria, supostamente observando-a em batalhas anteriores. Ela consistia em manter as tropas alinhadas com as suas lanças apontadas em direção ao adversário (como fariam séculos depois os arqueiros britânicos com suas estacas em Azincourt e Crécy). A cavalaria omíada então atacou, provavelmente sob a crença de que a sua experiência seria suficiente para romper a linha de lanças. Este, porém, foi um grande erro e ela foi esmagada com grandes perdas. A infantaria omíada então caiu em desarranjo e começou a recuar, já sem moral algum. Muitos foram estraçalhados pelos fanáticos abássidas ou se afogaram tentando cruzar o Zabe em disparada.

Consequências editar

Maruane escapou e fugiu até o Levante, perseguido incansavelmente pelos abássidas, que não mais encontraram resistência entre os sírios por que a região toda fora destruída por um terremoto e por uma onda de epidemias que se seguiu. O califa derrotado fugiu finalmente para Abusir, que é uma pequena cidade no Delta do Nilo e, ali, meses depois, ele foi finalmente assassinado após uma curta batalha. O califado foi assumido pelo general vitorioso Açafá.

Referências

  1. al-Bidayah wa-Nihayah de Tárique ibne Catir
  2. Ronis, Osvaldo (1969). Geografia bíblica. Rio de Janeiro: Casa Publ. Batista. p. 49 

Bibliografia editar

  • "The Court of the Caliphs- when Baghdad ruled the Muslim world" by Hugh Kennedy (em inglês)