Bateria da Praia do Góis

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A Bateria da Praia do Góis localiza-se na ilha de Santo Amaro, a sudeste sobre a praia do Góis, dominando a Barra Grande, canal de acesso ao porto da vila (hoje cidade) de Santos, no município do Guarujá, litoral do estado brasileiro de São Paulo.

História editar

Esta bateria foi erguida por determinação do governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís António de Sousa Botelho Mourão - quarto morgado de Mateus (1765-1775) (SOUZA, 1885:116-117), no contexto da reforma de 1765 da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, como um reduto de apoio à defesa daquela fortaleza. Iniciada em 1766, a sua construção ficou a cargo do capitão Fernando Leite, comandante daquela praça de 1766 a 1768, constituindo-se numa cortina de três faces com dois ângulos, parapeitos e guaritas, originalmente artilhada com dezoito peças (BARRETTO, 1958:262-263; doze cf. SOUZA, 1885:117) de ferro e bronze de diversos calibres. Em pedra e cal, as suas peças atiravam à barbeta do terrapleno lajeado, cruzando fogos com o Forte Augusto.

A respeito da obra, aquele governador referiu:

"(…) já posso dizer a V. Exa. que fica acabado o forte que mandei fazer na Barra Grande da Vila de Santos, na praia chamada 'do Góes', porque até ao fim do mês se lhe completa o parapeito, e as guaritas que só lhe faltam. Este forte é muito necessário para impedir os desembarques que só podem haver naquela praia, que tem fundo e podem chegar a ela as embarcações sem serem vistas da Fortaleza de Santo Amaro, e desembarcando gentes, e ganhando o morro sem impedimento, ficam enfiando do alto, sem nenhum obstáculo com os mosquetes, todos que andam dentro da dita Fortaleza de Santo Amaro, que se descobre toda, e por consequência é logo tomada.
O forte consta de uma cortina de dois ângulos abertos de 213 palmos de comprimento e 20 de alto, a qual forma três faces, uma virada para a praia, que defende o desembarque, e as duas para o mar, da parte de trás é pegada ao morro. Levará dezoito peças; foi feito com muita comodidade na despesa, parece que andará por três mil cruzados (…)." (Carta do governador e capitão-general da capitania de São Paulo ao Vice-Rei do Brasil, em janeiro de 1767. in: Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. Vol. XXXIII, p. 107-108).

Embora não tenha chegado a ter uma denominação oficial, alguns a denominaram de Forte de Santo Antônio. Um relatório manuscrito descreve o estado da fortificação, ao final do século XVIII:

"No forte da praia do Góes se acham oito peças, quatro montadas e quatro desmontadas e muito maltratadas, de sorte que algumas estão em estado de não poder dar fogo. Este forte defende o único desembarque que há desde a barra até à fortaleza e este desembarque deve ser bem defendido. O forte se acha em boa posição, porém se o inimigo consegue por o pé em terra, com facilidade toma o dito forte e, por consequência, a Fortaleza da Barra Grande. Este forte tem capacidade para se lhe fazer um telheiro, onde se guarde a artilharia a fim de a ter em bom estado quando a ocasião o pedir servir-se dela." (Sobre as fortificações da costa marítima da Capitania de São Paulo, manuscrito sem autor nem data (c. 1797). in: Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo. Vol. XLIV, p. 303-308).

Desarmada em 1877 (BARRETTO, 1958:263), foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1964, integrando o conjunto arquitetônico da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande.

Bibliografia editar

  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • MORI, Victor Hugo; LEMOS, Carlos A. C.; ADLER, Homero F. de. Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003. 231p.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ver também editar