Bautão
Flávio Bautão (em latim: Flavius Bauto), também raramente referido como Baudão (em latim: Baudo), foi um oficial romano de origem franca, ativo durante o reinado dos imperadores Graciano (r. 367–383), Valentiniano II (r. 375–392) e Teodósio I (r. 378–395). Aparece nos últimos anos do reinado de Graciano, quando serviu como mestre dos soldados e foi enviado para ajudar Teodósio em sua guerra contra os tervíngios de Fritigerno. Em 385, foi nomeado cônsul. Foi pai de Eudócia, a futura esposa do imperador Arcádio (r. 395–408), com quem teve Teodósio II (r. 408–450).
Bautão | |
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Morte | Antes de 388 |
Nacionalidade | Império Romano |
Etnia | Franca |
Ocupação | Oficial militar |
Vida
editarBautão era um franco transrenano. Segundo Christian Settipani, seu nome deriva da raiz germânica -bald (audaz) e provavelmente era o diminutivo de um nome maior; ele propôs a forma reconstruída Balderico[1] ou Baudogasto.[2] Segundo a Crônica de João Antioqueno, era pai de Arbogasto, o sobrinho de Ricomero[3][4] Os autores da PIRT julgam a relação entre Bautão e Arbogasto como um erro, pois tal parentesco é estabelecido apenas nessa fonte,[5] porém Settipani estima que ele casou-se com a irmã de Ricomero.[4] Jean-Pierre Poly, com base na onomástica, vê em Baudão (possível diminutivo de Baudogasto) um parente próximo do príncipe Nebigasto, capturado por Carietão em 358, e que poderia ser irmão de Bautão.[6] Independente disso, é certo, que Bautão era pai de Élia Eudócia, a futura esposa do imperador Arcádio (r. 395–408), filho de Teodósio I (r. 378–395), com quem teve cinco filhos: Teodósio II (r. 408–450);[7] Flacila;[8] Pulquéria;[9] Arcádia;[10] e Marina.[11] A julgar que Eudócia viveu na casa de um dos filhos de Promoto desde 395, pensa-se que Bautão fosse amigo íntimo do último.[12]
Segundo Karl Ferdinand Werner, a sua origem entre as famílias reais francas teria-lhe permitido iniciar sua carreira com altos cargos no exército romano.[3] Em 380, dois anos após a Batalha de Adrianópolis na qual Valente (r. 364–378) foi morto, Graciano (r. 367–383) enviou Bautão, à época mestre dos soldados, com Arbogasto e tropas para auxiliar Teodósio em sua luta contra os tervíngios de Fritigerno;[13] Suas vitórias ajudam a restaurar a situação e atraíram a estima de Teodósio.[14] Em 383/384, Bautão foi enviado por Valentiniano II (r. 375–392) à Récia para conduzir campanha na contra uma invasão de jutungos. Seu exército era formado de mercenários alanos e hunos e Magno Máximo (r. 383–388) acusou-o de incitar os bárbaros a atacá-lo.[15] Em 384, Bautão se opôs a Ambrósio quando ao Altar da Vitória de Roma. Em 385, foi nomeado cônsul com Arcádio.[1][16] Ele faleceu entes de 388, quando Arbogasto substituiu-o em suas funções;[5] Settipani sugere que ele faleceu em 388.[17] Os autores da PIRT sugerem, com base nas declarações de Ambrósio em sua Epístola 57 que Bautão era cristão,[5] uma conclusão contradita por outros autores que pensam que fosse pagão.[18]
Referências
- ↑ a b Settipani 1996, p. 29.
- ↑ Settipani 2000, p. 417, n.6.
- ↑ a b Werner 1984, p. 298.
- ↑ a b Settipani 1996, p. 28.
- ↑ a b c Martindale 1971, p. 159.
- ↑ Poly 1993.
- ↑ Martindale 1980, p. 1100.
- ↑ Martindale 1980, p. 472.
- ↑ Martindale 1980, p. 929-930.
- ↑ Martindale 1980, p. 129.
- ↑ Martindale 1980, p. 723.
- ↑ Martindale 1971, p. 159-160.
- ↑ Friell 1994, p. 23.
- ↑ Werner 1984, p. 297-298.
- ↑ Friell 1994, p. 28.
- ↑ Werner 1984, p. 297.
- ↑ Settipani 1996, p. 31.
- ↑ Friell 1994, p. 195.
Bibliografia
editar- Friell, Gerard; Williams, Stephen (1994). Theodosius: The Empire at Bay. New Haven, Connecticut: Yale University Press
- Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Flavius Bauto». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Poly, Jean Pierre (1993). «La corde au cou. Les Francs, la France et la loi salique». Rome. Genèse de l'état moderne en Méditerranée: 287-320
- Settipani, Christian (outubro de 1996). «Clovis, un roi sans ancêtre ?». Gé-Magazine (153)
- Settipani, Christian (2000). Continuité gentilice et continuité sénatoriale dans les familles sénatoriales romaines à l'époque impériale. Oxford: Linacre College
- Werner, Karl Ferdinand (1984). Origens antes do ano de mil. Col: História da França (sob a direção de Jean Favier). Paris: Livre de Poche. ISBN 2-253-06203-0