Belmonte (cruzador auxiliar)

embarcação da Marinha do Brasil

Belmonte foi um cruzador-auxiliar e tênder (originalmente um navio de transporte de passageiros e carga) operado pela Marinha do Brasil entre 1918 e 1963. A embarcação foi construída pelo estaleiro alemão Akt Ges Neptun em 1912 e comissionado na marinha desse país com o nome de Valesia. Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, diversos navios estrangeiros haviam buscado refúgio no Brasil, e o Belmonte estava entre eles. Em 1917, o navio foi confiscado pelo governo brasileiro. Em um primeiro momento, foi incorporado ao Loide Brasileiro e renomeado para Palmares. Posteriormente, integrou a esquadra brasileira em 8 de fevereiro de 1918, passando por Mostra de Amamento no dia 18, recebendo o nome Belmonte. Atuou nas duas guerras mundiais e foi descomissionado em 1963.[1][2]

Belmonte
Belmonte (cruzador auxiliar)
Belmonte
 Brasil
Operador Marinha do Brasil
Fabricante Akt Ges Neptun
Homônimo Belmonte-BA e Belmonte-SC
Comissionamento 8 de fevereiro de 1918
Descomissionamento 18 de novembro de 1963
Estado Descomissionado
Características gerais
Tipo de navio Cruzador-auxiliar/Tênder
Deslocamento 8,063 t (8 060 kg)
Comprimento 110,80 m (364 ft)
Boca 15,49 m (50,8 ft)
Pontal 9,80 m (32,2 ft)
Calado 2,90 m (9,51 ft)
Propulsão Motor de tríplice expansão de 2,750 hp (2,05 kW)
Velocidade 11,5 nós
Armamento 1918: 2 canhões Armstrong de 120 mm
seis canhões Nordenfeld de 57 mm
1942: 2 canhões Armstrong de 120 mm modelo III
metralhadoras antiaéreas Madsen de 20 mm[1]
Tripulação 243 tripulantes em tempos de paz[1]
333 tripulantes em tempos de guerra[1]

Características editar

O navio tinha como características a construção em aço, fundo duplo, convés protegido, armado a hiate, misto para carga e passageiros com capacidade máxima para 342 pessoas, deslocamento de 3 017 toneladas em peso leve e 8 603 em peso máximo. Tinha 110,80 metros de comprimento, 15,49 metros de boca, 9,80 metros de pontal, 2,90 metros de calado quando estava sem carvão, água e provisões. Era equipado com um motor de tríplice expansão Neptun Schiffsidert Machinen-Fabrik com potência de 2 700 HP, que levava a embarcação a uma velocidade de cruzeiro de 11,5 nós.[1]

História editar

O comissionamento na Marinha do Brasil teve por objetivo a integração do navio à Divisão Nacional de Operações de Guerra durante a Primeira Guerra Mundial, servindo como Cruzador-Auxiliar e Tênder. Passou por adequações no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro em fevereiro de 1918, onde recebeu quatro canhões Armstrong de 120 mm, seis canhões Nordenfeld de 57 mm, dois grandes paióis ventilados e algumas máquinas elétricas. Na divisão, atuou como transporte de carvão, combustível de todos os navios, água, mantimentos, reparos, pessoal substituto e apoio médico.[1][3]

 
Belmonte em data desconhecida

Em 25 de agosto, a divisão estava a caminho de Freetown, na costa africana, quando às 20h15 o primeiro-tenente Ernesto de Araújo, a bordo do cruzador Rio Grande do Sul, avistou um clarão seguido de um forte estampido, que imaginou ser um tiro de canhão de um dos navios da esquadra. Minutos depois, o oficial observou uma esteira retilínea no mar e logo concluiu que se tratava de um torpedo que estava indo em direção da popa do Belmonte. As guarnições do tênder e das outras embarcações da divisão apenas aguardaram o impacto que não ocorreu devido ao desvio que o torpedo fez antes de atingir o navio, passando a 20 metros de distância.[3]

No período entre guerras, realizou diversas comissões. Durante a Segunda Guerra Mundial, Belmonte passou por modificações que ampliaram seu poder ofensivo. Foram instalados dois canhões Armstrong de 120 mm de modelo III, metralhadoras antiaéreas Madsen de 20 mm. Foram removidos os canhões de 57 mm e instaladas duas máquinas Hallmark para refrigeração dos paióis. No conflito, foi capitânia, tênder e oficina da Força Naval do Nordeste, atuando de forma que facilitou o abastecimento e reparos dos navios de guerra. Em 18 de novembro de 1963, Belmonte foi desincorporado da armada e passou por Mostra de Desarmamento em 21 de janeiro de 1864, sendo entregue ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g «Belmonte Cruzador/Tênder» (PDF). Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Consultado em 20 de junho de 2021 
  2. Mendonça, Mário F.; Vasconcelos, Alberto (1959). Repositório de Nomes dos Navios da Esquadra Brasileira. Rio de Janeiro: SGDM. pp. 46–47. OCLC 254052902 
  3. a b Almeida, Francisco Eduardo Alves de (2016). «A periculosidade da área naval de operações da Divisão Naval Brasileira na costa ocidental africana durante a Grande Guerra em 1918». Revista da Escola de Guerra Naval. 22 (1): 94, 104-106. ISSN 1809-3191