Benedito Valadares

jornalista e político brasileiro (1892-1973)
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Benedito Valadares Ribeiro (Pará de Minas, 4 de dezembro de 1892Rio de Janeiro, 2 de março de 1973)[1] foi um jornalista e político brasileiro.

Benedito Valadares
Benedito Valadares
18º Governador de Minas Gerais
Período 15 de dezembro de 1933
até 4 de novembro de 1945
Antecessor(a) Gustavo Capanema
Sucessor(a) Nísio Batista de Oliveira
Senador por Minas Gerais
Período 1 de fevereiro de 1955
até 31 de janeiro de 1971
(2 mandatos consecutivos)
Deputado Federal por Minas Gerais
Período 5 de fevereiro de 1946
até 31 de janeiro de 1955
(2 mandatos consecutivos)
Dados pessoais
Nome completo Benedito Valadares Ribeiro
Nascimento 4 de dezembro de 1892
Pará de Minas, Minas Gerais, Brasil
Morte 2 de março de 1973 (80 anos)
Rio de Janeiro, Guanabara,
Brasil
Progenitores Mãe: Antônia de Campos Valadares
Pai: Domingos Justino Ribeiro
Partido PSD (1945-1965)

ARENA (1965-1973)

Profissão Advogado
Benedito Valadares, governador de Minas Gerais, entre Getúlio Vargas, presidente da República, e o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, na inauguração da Avenida do Contorno, em 12 de maio de 1940.

Influente homem público na época de Getúlio Vargas, foi vereador e prefeito de sua cidade natal, Pará de Minas, e mais tarde, governador de Minas Gerais, de 15 de dezembro de 1933 até 4 de novembro de 1945.

Biografia editar

Era filho de Domingos Justino Ribeiro e Antônia de Campos Valadares, neto paterno do Capitão Antônio Justino Ribeiro e de Maria Cândida de Jesus e materno do Dr. Francisco Cordeiro de Campos Valadares e Domitila Cândida de Oliveira e Silva (irmã do presidente do Conselho de Ministros de D. Pedro II, Martinho Álvares da Silva Campos). É descendente, como muitos outros políticos mineiros, da "Sinhá Braba", a fazendeira Joaquina de Pompéu.[2]

Durante a Revolução de 1930, Benedito Valadares, que era editor de um jornal de sua cidade, Pará de Minas, ocupou a prefeitura e se tornou o prefeito.

Valadares era ainda um pouco conhecido deputado federal quando Getúlio Vargas o nomeou governador de Minas Gerais, em substituição ao governador de Minas Gerais Olegário Maciel, (na época se dizia "presidente de Minas"), que havia falecido no dia 5 de setembro de 1933, 2 dias antes de completar 3 anos de mandato.

Minas Gerais estava sem vice-governador desde 1931, pois, o vice Pedro Marques de Almeida havia renunciado ao cargo para ser prefeito de Juiz de Fora. Assumiu, então, interinamente, o governo mineiro, substituindo o Presidente Olegário, o secretário do interior de Minas Gerais, Gustavo Capanema.

Como havia muitos nomes na disputa pelo governo de Minas Gerais, Getúlio escolheu Benedito Valadares para não desagradar nenhum dos favoritos e seus apoiadores. Foram 97 dias de crise política, (que ficou conhecida, pela imprensa, como "O caso mineiro"), até que Benedito Valadares ser anunciado, em 12 de dezembro de 1933, como interventor do "Governo Provisório" de Getúlio Vargas em Minas Gerais.

Em 6 de dezembro, Getúlio anota no Diário,[3] a propósito do "Caso Mineiro":

Em 12 de dezembro, Getúlio explica no "Diário", a escolha de Benedito Valadares:

A escolha do então pouco conhecido deputado federal Benedito Valadares para o governo de Minas Gerais surpreendeu a todos. Com a notícia, a população começou a se questionar, popularizando, então, a famosa frase:

Contrariamente a informações divulgadas equivocadamente sobre sua origem, esta frase não surgiu em função do episódio com Valadares. Antes disso, em 1931, a expressão já fazia parte da muito popular marchinha de carnaval "Será o Benedicto?", tocada nas rádios da época.[4]

Benedito Valadares, em 1935, foi eleito pela Assembléia Legislativa mineira, governador de Minas Gerais. Com a chegada do Estado Novo, em 1937, foram nomeados interventores para os estados, Benedito Valadares, porém, continuou no cargo de governador, e continuou usando o título de governador, mantendo estreita fidelidade ao presidente Getúlio Vargas.

Em 8 de setembro de 1936, funda a Rádio Inconfidência, dotando-a do melhor equipamento de transmissão radiofônica disponível na época, importando-o de Londres.

Em 1937, foi um dos políticos que indicaram, a Getúlio, o nome de Adhemar Pereira de Barros para interventor federal em São Paulo, dando impulso à carreira do importante político paulista.

Valadares conheceu Juscelino Kubitschek durante a Revolução de 32, e, a partir daí, se tornaram amigos. Valadares chamou Juscelino para ser o chefe da Casa Civil do governo de Minas Gerais, e depois o nomeou, em 1940, para a prefeitura de Belo Horizonte. Outro discípulo de Benedito Valadares também chegou à presidência da república: Tancredo de Almeida Neves.

Valadares entrou para o folclore político de Minas Gerais e do Brasil, pelas suas frases e por seus feitos. Uma de suas frases mais conhecidas era:

Valadares também era conhecido pela sua esperteza política. Uma raposa política, no dizer do mineiros. Valadares garantiu, em suas memórias, que só foi enganado politicamente, uma vez na vida, e por Getúlio.

Depois do fim do Estado Novo, Valadares foi um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD), e foi seu primeiro presidente. Foi o próprio Benedito que sugeriu que se colocasse o "Social" no nome do partido, que segundo ele, estava em moda na Europa do pós-Segunda Guerra Mundial, e que, pelas primeiras sugestões dos fundadores do partido, (quase todos, como ele, ex-interventores federais nos estados), se chamaria somente "Partido Democrático".

Valadares foi eleito deputado federal em 1946 e 1950, e, senador em 1954 e 1962. Durante toda a existência do PSD, Valadares foi seu maior líder em Minas Gerais. Com a extinção dos partidos políticos em 1965, ingressou na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), pela qual, foi senador até falecer em 1973.

Benedito Valadares foi o político que governou Minas Gerais por mais tempo: 12 anos.

É em sua homenagem que foi batizada a cidade de Governador Valadares, nome este que lembra a sua insistência no título de governador.

Benedito deixou um livro com seus principais discursos e um livro de memórias onde explica como se faz política em Minas Gerais.

 
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Referências

  1. «A Era Vargas: dos anos 20 a 1945». FGV - CPDoc. Consultado em 7 de setembro de 2020 
  2. VASCONCELOS, Agripa, Sinhá Braba, Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1966.
  3. VARGAS, Getúlio, Diário, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1997.
  4. Lauand, Jean. «"Será o Benedito?", "Conto do Vigário" etc. – Desmascarando falsas explicações sobre a origem de expressões populares» (PDF). Centro de Estudos Medievais - Oriente & Ocidente - EDF/FEUSP. Convenit Internacional 34: p. 13-14. Consultado em 19 de dezembro de 2020 

Bibliografia editar

  • CARMOS CHAGAS, Política - Arte de Minas, Editora Carthago & Fortes, São Paulo, 1996.
  • RIBEIRO, Benedicto Valladares, Tempos Idos e Vividos , Editora Civilização Brasileira, 1966.
  • RIBEIRO, Benedicto Valladares, Na Esteira dos Tempos - Discursos, Editora Senado Federal, 1966.
  • VARGAS, Getúlio, Diário, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 1997.

Ligações externas editar

Precedido por
Gustavo Capanema
Governador de Minas Gerais
19331945
Sucedido por
Nísio Batista de Oliveira