Betume

mistura líquida de alta viscosidade, cor escura e é facilmente inflamável utilizada como verniz, massa de revestimento, base para pintura

Betume, bitume (do latim bitumine) ou pez mineral é uma mistura líquida de alta viscosidade, cor escura e é facilmente inflamável. É formada por compostos químicos (hidrocarbonetos), e que pode tanto ocorrer na natureza como ser obtido artificialmente, em processo de destilação do petróleo.

Gravura do século XVI mostrando o extrativismo do betume (óleo da pedra - petroleum), em estado natural.
Betume natural do Mar Morto

Histórico editar

O nome betume era aplicado para designar essa forma de petróleo naturalmente encontrada, recebendo diversas denominações além das duas: asfalto, alcatrão, lama, resina, azeite, óleo de São Quirino. A Bíblia cita lagos de asfalto, usado como impermeabilizante, para acender fogueiras e nos altares. Nabucodonosor II pavimentara estradas com ele na Babilônia, os egípcios nos processos de mumificação e nas pirâmides. Romanos deram-lhe fins bélicos, como combustível em lanças incendiárias, no que foram imitados pelos árabes.[1]

Ainda na Bíblia, Deus mandara a Noé: "betumerás com betume sua arca, tanto por dentro como por fora" (Gênesis, 6, 14). Os sumérios e assírios usavam-no para tratar doenças de pele. Além dos fins rituais e medicinais, os egípcios serviam-se do betume para calafatear os canais de irrigação, os barcos e casas. Entre os incas recebeu um nome que significava "goma da terra", e este povo chegou a destilar o petróleo.[2]

Os gregos consideravam o mineral como estratégico, e tinham reservas para seu uso. Quando os romanos adotaram a técnica de uso bélico do óleo natural, batizaram inicialmente, dado seu mau odor, de stercus diaboli, antes de chamarem-no óleo de pedra[2]

Curiosamente, em 11 de julho de 2013, às 17:00 foi concluído o mais duradouro experimento sobre o betume, após 69 anos, no qual se demonstra que esta substância é líquida.[3]

Geologia editar

O betume tem sua origem em organismos vivos. As rochas de origem orgânica forma dois tipos: as combustíveis, chamadas em geologia de caustobiólitos e as não-combustíveis (tais como o giz, calcário e diatômitos), chamados de acaustobiólitos; os betumes e os diversos tipos de carvão mineral formam os dois principais tipos de rochas que se queimam.[4]

A formação do betume natural, começa com a sedimentação de microorganismos marinhos denominados plâncton no leito oceânico. Esses microbiontes eventualmente morrem e formam um sedimento rico em matéria orgânica cujo destino deverá ser a decomposição anaeróbica. Esse processo retira boa parte do oxigênio e nitrogênio da matéria orgânico e, consequentemente, concentra o carbono e o hidrogênio que servirão para a formação posterior dos hidrocarbonetos. A etapa final é a fossilização, que é desencadeada a partir da alta pressão e do calor presentes nesse microambiente marinho.[4]

Betumes também são encontrados em meteoritos e rochas muito antigas (aqueanas) e também em basaltos e rochas alcalinas. É possível que alguns betumes sejam compostos de hidrocarbonetos primordiais originados durante a formação da Terra e retrabalhados posteriormente por bactérias que consomem hidrocarbonetos. Betumes estão associados com mineralizações de chumbo-zinco em depósitos tipo Mississippi Valley. Betumes podem conter elevado conteúdo de enxofre e metais pesados como níquel, vanádio, arsênio, chumbo, cádmio, mercúrio entre outros.

Usos editar

Do betume são obtidos vernizes, massas de revestimento, bases para pintura. Para a pavimentação de ruas é utilizado o betume formado de resíduos do petróleo destilado.

Dentre suas inúmeras utilidades, é usado para tratar madeiras, como de curral por exemplo. Prolonga a vida útil e a protege do ataque de cupins.

É também utilizado para tapar as juntas de mosaicos e azulejos de pavimentos e paredes usando-se uma coloração específica, por exemplo, de uma cor próxima das peças referidas atrás. Aqui existem os de interior e exterior conforme a sua utilização.

Ver também editar

Referências

  1. Petróleo, por CANUTO, Prof. Dr. José Roberto. 19 de setembro de 2002 (artigo acessado em setembro de 2012)
  2. a b Enciclopédia Conhecer, Abril Cultural, volume 2, S. Paulo
  3. [1],Experimento sobre definição se é um líquido
  4. a b [2], página acessada em dezembro de 2008
 
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