Biblioteca Teológica de Cesareia Marítima

A Biblioteca Teológica de Cesareia Marítima foi uma biblioteca dos cristãos de Cesareia Marítima, na Palestina, na antiguidade.

História editar

Sob Orígenes, e especialmente, sob o presbítero e estudioso Pânfilo de Cesareia, um ávido colecionador de livros sobre as Escrituras, a escola teológica de Cesareia ganhou reputação por ter a mais completa biblioteca eclesiástica de seu tempo, contendo mais de 30.000 manuscritos: Gregório de Nazianzo, Basílio, o Grande, Jerônimo e outros vieram estudar nela. O texto-tipo cesariano é reconhecido pelos estudiosos como um dos mais antigos tipos do Novo Testamento.

São Pânfilo devotou sua vida a procurar e adquirir textos antigos, que ele colecionou na famosa biblioteca que Jerônimo depois se utilizaria, e estabeleceu uma escola para o estudo da Teologia.[1] No scriptorium, um anexo necessário às bibliotecas da antiguidade, ele supervisionou a produção de acuradas cópias editadas das Escrituras. Testemunhos ao seu zelo e cuidado neste trabalho podem ser encontrados no colofão de manuscritos bíblicos. Em De Viris Illustribus (cap. 75), Jerônimo afirma que Pânfilo "transcreveu a maior parte das obras de Orígenes de Alexandria de seu próprio punho" e que "estes ainda estão preservados na biblioteca de Cesareia".[2]

Entre os inestimáveis tesouros perdidos na biblioteca estava o Evangelho segundo os Hebreus. Jerônimo conhecia esta cópia do chamado texto "Hebreu" ou Aramaico do Evangelho de Mateus e Eusébio[3] se refere ao catálogo da biblioteca, que ele anexou à sua obra sobre a vida de Pânfilo (Vita, hoje perdida). Numa passagem dela, citada por Jerônimo,[4] ele descreve como Pânfilo fornecia os estudiosos mais pobres com as necessidades da vida e não apenas lhes emprestava, mas dava-lhes cópias das Escrituras, que ele mantinha em grande quantidade. Da mesma forma, ele também as fornecia às mulheres que se devotassem a estudar. O grande tesouro da biblioteca de Cesareia era a cópia pessoal de Orígenes de "Hexapla", provavelmente a única cópia já feita. Ela foi consultada por Jerônimo.[5]

As coleções da biblioteca sofreram durante as perseguições sob o reinado dos imperadores Diocleciano e Maximino Daia, embora tenham sido logo reparados pelos bispos de Cesareia.[6] Ela foi citada no século VI, mas Henry Barclay Swete[7] acredite que ela provavelmente não sobreviveu muito após a captura da Cesareia pelos Sarracenos em 638 e este é o consenso entre os estudiosos atualmente: a "grande biblioteca [30.000 volumes em 630 {O’Connor 1980:161}] sobreviveu em Cesareia até ser destruída pelos árabes no século VII".[8]

Referências

  1. Eusébio de Cesareia. «32». História Eclesiástica. The Distinguished Ecclesiastics of our Day, and which of them survived until the Destruction of the Churches. (em inglês). VII. [S.l.: s.n.] 
  2.   "De Viris Illustribus - Pamphilus the presbyter", em inglês.
  3. Eusébio de Cesareia. «32». História Eclesiástica. The Commentaries which Origencomposed in Cæsarea in Palestine. (em inglês). VI. [S.l.: s.n.] 
  4. Jerónimo de Estridão. «9». Contra Rufino 🔗. But the work was really Eusebius's, who tells us that Pamphilus wrote nothing. (em inglês]). [S.l.: s.n.] 
  5.   "St. Pamphilus of Cæsarea" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  6. Jerónimo de Estridão. Carta 34 (em inglês]). [S.l.: s.n.] 
  7. Sweete, Henry B. Introduction to the Old Testament in Greek (em inglês). Cambridge: University Press 
  8. F. L. Cross e Elizabeth A. Livingstone (2005). The Oxford Dictionary of the Christian Church (3rd ed. rev.). Pamphilus, St (em inglês). Oxford; New York: Oxford University Press. 1221 páginas