Biocibernética bucal

Biocibernética bucal, segundo a Sociedade Brasileira de Bio Cibernética Bucal, é a “ação de relação programada”, ou seja, o quanto nossa programação pós-genética, pode ser beneficiada ou interferida pelos dentes ou pela mastigação em relação biológico-postural-cultural no alívio das tensões, numa tentativa de reequilibrar essas relações".

No final da década de 60, em Araçatuba, São Paulo, dois dentistas brasileiros, Prof. Dr. Mário Baldani e Prof. Dr. Denisar Lopes Figueiredo, desenvolveram um novo conceito ou escola de oclusão. Depois de pesquisa em mais de três mil pacientes, publicaram seu primeiro livro, Bio Cibernética Bucal, em 1972. Em 1976, publicaram o segundo livro, Bio Cibernética Bucal - conceitos topológicos. Esses dois profissionais, que tiveram uma visão ampliada do ser humano, trabalharam com novos conceitos, novos mecanismos no tratamento integral de seus pacientes e, mesmo após a publicação desses dois livros, esse trabalho foi e ainda é polêmico no meio odontológico[1].

A biocibernética bucal é uma escola de oclusão. Parte de concepções integralistas, onde o sistema estomatognático está posicionado dentro das variáveis fisiológicas e fisiopatológicas gerais, com características determinantes para os acontecimentos biológicos globais. Apóia-se em idéias de programação genética, cujo rompimento ou mudança na programação, mormente fatores culturais, educacionais ou ambientais na primeira infância e/ou posteriormente na idade adulta, sendo o deflagrante de lesões posturais, de envolvimento psicológico tensional e de comprometimento da bioquímica orgânica. Tal como Monson, acredita na Teoria da Esfera e nela se apóia na busca do Centro de Rotação dos movimentos mandibulares como chave para as montagens reabilitadoras e fixa-se em idéias de liberdade de movimentos no plano horizontal, admitindo-se essa falta de liberdade, como sendo fator preponderante do estado tensional psicológico.

Além disso, busca sempre reposicionar os pacientes em características de Classe I (classe I, II e III de Angle como uma visão postural maxilo-mandibular, nos planos horizontal e vertical), preconizando quase um frotamento anterior dos incisivos e pelas idéias de balanceio bilateral com o envolvimento do frotamento anterior nos movimentos de lateralidade. Isso é feito através de correção por cuidados ortopédicos nas primeiras idades, na remontagem reposicional de reabilitação oclusal, nas etapas iniciais de movimentos ortopédicos com vista à morfologia, postura e disposição neural para posterior remontagem reabilitacional, nas idades adultas, quando extremamente necessárias. Não por desgaste.

Conceitua oclusão como ato de menor contatuação dental, porém estética, dentro do processo mastigatório, e mastigação como envolvimento postural, respiratório, gustativo, olfativo, visual, deglutivo, digestivo e do trato local do bolo alimentar propriamente dito.

A biocibernética bucal procura observar e entender o paciente de uma forma total, não apenas dental. As alterações que ocorrem na boca ocorrem em todos os âmbitos do ser humano, inclusive na postura do mesmo. Todas as partes do corpo se integram de maneira harmônica numa inter-relação ou bio-relação e não poderia ser diferente. Por muito tempo se pensou na boca como um simples equipamento utilizado na trituração de alimentos e como um componente estético, mas hoje sabemos que o sistema estomatognático tem grande importância para o ser humano, pois é o que sustenta o processo postural[2].

O ser humano é concebido e traz consigo uma memória genética de seus ancestrais (quatro gerações) que tem uma parcela de responsabilidade sobre nossa vida, através dos conceitos familiares que vão ser transmitidos através do DNA e RNA. É o princípio da vida. Após o nascimento da criança, a interferência cultural, familiar, religiosa, social é grande e com isso acentuam-se as alterações biológicas desse novo ser, cujas interferências irão repercutir na boca também.

Atualmente, com a globalização mundial, as informações ocorrem de forma muito rápida e as cobranças e expectativas sobre as pessoas são muito grandes. Isto gera tensões no ser humano, que podem reagir com apertamentos dentais ou com ranger de dentes, alterando o tônus muscular e acarretando em uma descompensação do sistema postural. Quando isso ocorre, concomitantemente ocorrem alterações em todos os sistemas. Assim como as alterações psíquicas acometem o organismo, as alterações orgânicas acometem o psíquico.

Quando se percebe esse processo, que é complexo e difícil, podemos ao menos tentar uma mudança e, se estivermos preparados, podemos conseguir essa mudança que vai repercutir em nós mesmos, no nosso núcleo familiar e, com certeza, em nosso meio de convívio. O ser natural praticamente não existe mais. Hoje existem pouquíssimos povos que ainda permanecem dessa forma, e que com certeza logo estarão normatizados também.

Os cirurgiões dentistas que trabalham com a biocibernética bucal não têm a pretensão de modificar a essência e o caráter dos indivíduos, mas sim propiciar meios, dentro da área, para que o ser humano seja um ser mais saudável em sua totalidade, buscando assim uma harmonia entre a naturalidade e a normalidade. Não existe uma forma única de ser. Na biocibernética bucal não existem normas e sim uma busca de entendimento de conceitos para uma possibilitação de relação.

Referências

  1. «O que é a Biocibernética Bucal?». Biocibernética Bucal (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2019 
  2. «Os efeitos da biocibernética bucal no corpo humano». Biocibernética Bucal (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2019