Boneca de piche ou o macaco e a boneca de piche é uma fábula do folclore brasileiro, que conta a história de um mono que é preso por uma armadilha em forma de boneca, feita de piche.

"Boneca de piche" é também o título de uma canção, de Ary Barroso e Luiz Iglesias, e de uma personagem de História em quadrinhos.

A fábula editar

Um esperto macaco andava a roubar as bananas num sítio. Com o prejuízo seu dono iniciou uma série de armadilhas, às quais o esperto mono escapava facilmente.

Foi então que formulou um plano, capaz de livrá-lo do assaltante: construiu, na beira dum rio, uma linda boneca feita de piche, e pôs-se à espreita.

Não demorou e o símio dela se aproximou, todo galante. Fala-lhe, mas ela continua muda. Assim, dizendo despedir-se, encosta-lhe uma mão que, instantaneamente, fica grudada na boneca. Vai assim até que todos os membros ficam presos e é chegado o fim do espertalhão.

Variantes editar

A fábula encontra variantes na cultura popular. Umas dão conta de que foi um caso havido entre uma onça e o macaco; outros, que a boneca era, em verdade, feita de cera de abelhas - o que parece mais conforme aos materiais disponíveis no meio rural do país.

Impacto cultural editar

 
Alvaro Assad (2024)

A fábula inspirou outras manifestações culturais, como a "Boneca de Piche", personagem do cartunista brasileiro Ziraldo na Turma do Pererê que é a namorada do Saci.[1]

Dá nome à peça teatral "O Macaco e a Boneca de Piche" do grupo carioca "Centro Teatral e Etc. e Tal", de 2002, com direção de Álvaro Assad.[2] No enredo, voltado para o público infantil, "uma velhinha de aproximadamente 157 anos comete loucuras por um simples cacho de bananas. Só que um macaco, sem idade definida, resolve comer quase todo o cacho deixando apenas uma banana podre. Irada com o furto, ela resolve dar uma lição no macaco e arquiteta um hilariante e terrível plano… quase perfeito".[3] Embora baseado nessa história, a peça retrata outra fábula do folclore, "O Macaco e a Velha".[4]

A canção editar

"Da cor do azeviche, da jaboticaba
Boneca de piche, é tu que me acaba
"

Boneca de piche é uma composição de Ary Barroso e Luiz Iglesias, de 1938, que alcançou grande sucesso na era do rádio, com Carmem Miranda e Emilinha Borba.

A música foi cantada em português[nota 1]por Esther Williams e Van Johnson, acompanhados pela organista Ethel Smith, no filme da MGM Easy to Wed ("Quem Manda É o Amor"), uma comédia musical.[6]

Em 1952 integrou o repertório da revista "Canta Brasil", da Companhia Ferreira da Silva, em sua turnê por Portugal, contando no elenco Carlos Galhardo, a bailarina Bilinha e José Vasconcelos.[7]

Notas e referências

Notas

  1. Embora a fonte diga ter sido cantada em português, a "Revista da Semana" número 52, de 1946, publicou a letra de "Someone Shoulda to Me", uma versão feita por L. L. Kipp da canção de Ary Barroso e que seria aquela usada no filme.[5]

Referências

  1. «Ziraldo». Britannica Escola. Consultado em 13 de fevereiro de 2021 
  2. «O Macaco e a Boneca de Piche». Enciclopédia Itaú Cultural. 23 de fevereiro de 2017. Consultado em 13 de fevereiro de 2021 
  3. «2002 – O Macaco e a Boneca de Piche». Centro Brasileiro de Teatro Infanto-Juvenil. Consultado em 13 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2021 
  4. «O Macaco e a Boneca de Piche - Sesc Interlagos». Bora.aí Estadão. 26 de fevereiro de 2018. Consultado em 13 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2021 
  5. «Letra e Música». Revista da Semana (52): 45. 1946. Consultado em 13 de fevereiro de 2021. Disponível na Hemeroteca Digital de Biblioteca Nacional do Brasil 
  6. «Cartazes da Grande Temporada do Jubileu de Prata da Metro-Goldwin-Meyer». Diário Carioca (6513): 6 (caderno 2). 18 de setembro de 1949. Consultado em 13 de fevereiro de 2021. Disponível na Hemeroteca Digital de Biblioteca Nacional do Brasil 
  7. Henrique Campos (16 de setembro de 1952). «Revista do Teatro». Revista do Rádio (158): 48. Consultado em 13 de fevereiro de 2021. Disponível na Hemeroteca Digital de Biblioteca Nacional do Brasil