Nota: Para a classe de compostos químicos, veja Borano.

Boranos (em latim: Borani) foram uma tribo da Antiguidade de origem incerta que habitaram o sul da Rússia ou o coração da Ucrânia. Ainda é debatido qual macro-grupo dessa região os boranos relacionaram-se. Alguns autores associam-os aos sármatas,[1][2] citas,[3] ou aos germanos, sob alegação de provavelmente fazerem parte da confederação gótica,[4] eslava ou autóctone.[5]

Até 257, os boranos sempre foram registrados nas fontes agindo conjuntamente com os godos.[6] Em 253, eles se aliaram aos godos de Cniva e realizaram uma grande invasão no Império Romano, porém foram derrotados decisivamente pelo general e futuro imperador Emiliano (r. 253).[7] Em 255, aproveitando-se do tumulto interno no Reino do Bósforo, estes povos tomaram o controle do país e obrigaram os bosforanos a cederem seus navios para que pudessem realizar uma expedição contra a cidade de Pítio (atual Bichvinta), na encosta ocidental do Cáucaso.[2]

A expedição mostrou-se falha para os piratas, com este ataque quase custando a vida de todos os invasores. Como explicado nas fontes, o motivo da catástrofe era o fato de os boranos e godos somente terem ordenado que os velejadores bosforanos transportassem-os rumo ao seu destino e não que esperassem por eles. Os sobreviverem somente conseguiriam escapar, pois capturaram alguns navios romanos que estavam atracados na costa.[8] Após este desastre, uma nova expedição, agora visando atacar o santuário de Reia-Cibele em Fásis (atual Poti), foi preparada e realizada em 256, porém novamente falhou.[9]

Desta vez, contudo, os boranos e godos organizaram-se e partiram imediatamente rumo a Pítio, onde chegaram em 257. À época ela estava sem a guarnição do ano anterior (o vexilação da XV Legião Apolinária), que o imperador Valeriano (r. 253–260) havia convocado para confrontar o Sapor I (r. 240–270),[1] e caiu facilmente perante a investida inimiga. Além dela, Trapezo (atual Trebizonda), na costa da Ásia Menor (atual Turquia), também facilmente cairia, pois, pega de surpresa num ataque inesperado, a guarnição decidiu fugir e deixar a cidade para os boranos.[9] Como consequência dessas pilhagens, o futuro imperador Diocleciano (r. 284–305) aquartelaria a recém-formada I Legião Pôntica em Trapezo.[1]

Referências

  1. a b c Erdkamp 2011, p. 254.
  2. a b Wolfram 1990, p. 48.
  3. Kean 2005, p. 139.
  4. Bray 1997, p. 72.
  5. Syvanne 2015, p. 411.
  6. Wolfram 1990, p. 51.
  7. Zósimo, I.27-8.
  8. Wolfram 1990, p. 48-49.
  9. a b Wolfram 1990, p. 49.

Bibliografia editar

  • Kean, Roger Michael; Frey, Oliver (2005). The complete chronicle of the emperors of Rome. Estugarda: Thalamus 
  • Zósimo. História Nova  In Ridley, R.T. (1982). Zosimus: New History (em inglês). Camberra: Byzantina Australiensia 2