Brasil na Copa do Mundo FIFA de 1998

desempenho em competição esportiva
Brasil
Vice-Campeão
Associação CBF
Confederação Conmebol
Participação 16º (todas as copas)
Melhor resultado Campeão: 1958, 1962, 1970, 1994
Treinador Brasil Zagallo

A edição de 1998 da Copa do Mundo marcou a décima sexta participação da Seleção Brasileira de Futebol na competição, sendo o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persiste até a edição de 2022, realizada no Catar.

O treinador da seleção brasileira pela terceira vez em uma Copa do Mundo foi Mário Jorge Lobo Zagallo, tendo Zico atuando como coordenador. Dunga foi o capitão da equipe. Por ser o campeão vigente, o Brasil não disputou as eliminatórias. O Brasil foi o vice-campeão.

O Ciclo da Copa editar

O Brasil conquistou os títulos da Copa América e da Copa das Confederações, ambas em 1997, além da Copa Umbro em 1995, e liderou o Ranking Mundial da FIFA durante todo o período. A seleção viu surgir jovens talentos, como Ronaldo, eleito antes da Copa por duas vezes o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, Roberto Carlos, que já vinha defendendo a Seleção antes mesmo do Mundial anterior mas disputava sua primeira Copa, Denílson e Rivaldo. Além de remanescentes do tetracampeonato como Romário, Dunga, Cafu, Bebeto, Taffarel, Aldair.

Corte de Romário editar

Eleito o melhor jogador da Copa de 1994, Romário foi cortado da seleção em 1° de junho de 1998. "Não podia garantir que ele fosse jogar o primeiro, segundo, nem mesmo o terceiro jogo. É uma lesão que requer tempo e pode provocar dor a qualquer momento", afirmou o médico Lídio Toledo. A contusão foi provocada por uma partida de futevôlei disputada após um período de treinos em Teresópolis.[1] Em sua vaga foi convocado o volante Emerson devido ao medo de que Dunga e César Sampaio não teriam condições físicas de jogar toda a Copa. Segundo a Folha de S.Paulo, o corte foi resultado de um histórico de indisciplina: "Na Copa da Itália (1990), ele entrou em confronto com Lídio Toledo por querer se tratar com o seu fisioterapeuta particular, Nilton Petroni, o "Filé". Em dezembro de 92, Romário se rebelou contra o técnico Carlos Alberto Parreira e o coordenador Zagallo, ao saber que seria reserva num amistoso com a Alemanha. Após a conquista do tetracampeonato, Romário disse que queria "dar um tempo" à seleção, o que irritou Zagallo, que o atacou por "falta de amor à amarelinha" e o afastou da seleção na Olimpíada de Atlanta-96. O jogador voltou em 97, quando, em baixa, não tinha tido o contrato de patrocínio renovado pela Nike - o que ocorreu ao retornar à seleção. O primeiro corte de Romário foi na seleção de juniores, por urinar, do quarto do hotel onde o time estava sobre transeuntes na calçada.[2]

Para amigos na época, Romário reagiu dizendo que Zico queria "fodê-lo", afirmando que, provavelmente, já poderia jogar na estreia da Copa, contra a Escócia, e que, "com certeza", já teria condições de atuar no dia 16, contra o Marrocos. Zico negaria mais tarde: "Segurei a peteca, mas eu não era o técnico para cortar".[3]

Em 2011, Zagallo acusou Romário de "forjar lesão" na Copa América de 1997: “Nós estávamos ganhando por 5 a 0 [na semifinal contra o Peru] quando coloquei o Edmundo. Na primeira bola que o Romário recebeu depois, sentiu uma fisgada e saiu. Três dias depois, seria a final. No primeiro dia, ele não fez praticamente nada. No segundo, já se mexeu e foi para o futevôlei. No último, veio a parte física (...) Falei até para o (Luís Carlos) Prima, preparador físico: pega o Romário e faz um vai e vem de 30 metros para ver se ele suporta. Aí, fiquei comigo e não estava entendendo nada. Mas tive a convicção: ele forjou uma situação, porque quem sai como ele saiu, não poderia dar aqueles piques”. Romário respondeu: "O Zagallo sempre teve essa coisa comigo na seleção. Perdi a final da Copa América, a Copa do Mundo (em 1998) e as Olimpíadas (1996). E nessas três estavam Zagallo, Américo Faria (coordenador) e Lídio Toledo. Ele pode até ter achado que me tirou da decisão, mas eu não tinha condições”.[4]

O Meia de Ligação editar

Zagallo costumava utilizar o esquema 4-3-1-2. O responsável pela ligação entre meio e ataque era Juninho Paulista, que em fevereiro de 1998 recebeu uma entrada de Míchel Salgado e perdeu a Copa. Em seu lugar, Zagallo chamou Giovanni. Desconfiado, João Havelange, avaliou que a seleção sentia a falta de bons meio-campistas e que o meia-atacante Juninho faria falta à seleção.[5] Segundo a Folha de S.Paulo: "Foram testados na função vários jogadores, como Giovanni, Leonardo, Juninho, Djalminha e Rivaldo, entre outros. O problema para Zagallo é que nenhum deles aprovou totalmente.".[6]

"Agora, vou tentar usar dois na função. O Rivaldo pela esquerda e o Giovanni pela direita. Mas o número "1' continua em campo".[7] Telê Santana apoiou a escolha do treinador: "A armação tática usada pelo Zagallo é correta. Ela é usada pela maioria dos clubes no Brasil, com dois jogadores de meio-campo cobrindo as descidas dos laterais".[8] Depois da estreia, Leonardo ganhou a posição de Giovanni. Zagallo: "Giovanni dá mais uma opção nas jogadas altas da área, e o Leonardo é mais dinâmico. Futebol é movimentação".[9] Outra mudança foi a entrada de Rivaldo no lugar Denílson, que havia sido titular nas finais da Copa América e da Copa das Confederações.

Polêmicas com Ronaldo editar

Ronaldo chegou à Copa do Mundo eleito por duas vezes o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, mas seu joelho foi notícia ao longo do mundial. O fisioterapeuta Nilton Petroni, o Filé, recordou que "desde que foi operado, antes dos Jogos Olímpicos, Ronaldo precisa de exercícios especiais para fortalecer a musculatura, pois sofreu a cirurgia ainda muito menino.".[10] Segundo Lídio Toledo, médico da seleção brasileira, Ronaldo tem uma instabilidade na rótula do joelho. Esse problema foi causado por desenvolvimento muscular acelerado.[11] Em 2000, o escritor escritor italiano Enzo Palladini afirmara que o "mistério" sobre a primeira grande lesão de Ronaldo no joelho está ligada ao rápido crescimento do esqueleto e dos músculos no período em que morou na Holanda e foi explicada pelo médico Bernardino Santi, coordenador da estrutura anti doping da CBF, que admitiu o uso de esteróides por parte do atleta e que "seus músculos se tornaram incompatíveis com a estrutura óssea de seus joelhos". Entre os suplementos vitamínicos tomados no período, estariam anabolizantes que geraram o crescimento "fora do que a natureza havia fornecido".[12] Fora dos campos, rumores de que o jornalista Pedro Bial teria tido um caso amoroso com Suzana Werner, então namorada de Ronaldo, foram desmentidos pelos envolvidos: "Ficou tão chato que o Bial chegou a procurar o Ronaldo para conversar com ele. O Bial disse a ele que não tinha nada a ver".[13]

Antes da Final da Copa do Mundo FIFA de 1998, Ronaldo sofreu o que ficou conhecido como Convulsão. A Folha de S.Paulo descreveu:

"Ronaldo sofreu um colapso no banheiro do quarto 290 do Château de Grande Romaine, em Lésigny, entre as 14h30 e as 15h do último domingo. Ronaldo foi colocado na cama, onde aconteceu o atendimento médico. Temendo que fosse um ataque epilético, o volante César Sampaio segurou a língua do jogador para evitar que enrolasse. Por volta das 16h30, Ronaldinho sumiu. Sem mesmo o gerente do hotel ter percebido, havia sido levado em um carro do comitê organizador da Copa à Clínica Des Lillas, na periferia Paris, em companhia do médico Joaquim da Matta e de um fisioterapeuta da seleção. Toledo tomou a decisão de levá-lo à clínica para poder ter certeza de que o jogador não precisava mesmo de algum tipo de tratamento ou medicamento. Conforme o resultado dos exames, Ronaldinho seria escalado ou não para o jogo. A preocupação com doping já vinha desde a semifinal contra a Holanda, quando surgiu um boato de que o atacante havia sido pego no exame da Fifa. Joaquim da Matta tinha ficado nervoso com o episódio, indício de que o jogador poderia ter feito infiltrações no joelho, informação não confirmada pela Folha. O próprio jogador admitiu, no entanto, que havia tomado remédios para a dor no tornozelo até a última sexta-feira. E que havia interrompido o tratamento por instrução da comissão técnica, que receava pelo exame antidoping. Ronaldinho passou por exames, como tomografia computadorizada e eletroencefalograma, mas nada foi constatado. Respaldado pelos exames, Joaquim da Matta levou o jogador para o Stade de France, ao qual chegou cerca de 50 minutos antes do jogo. A comissão técnica se reuniu. O técnico Zagallo perguntou: "E aí, dá para jogar?". Ronaldinho respondeu: "Sim, estou inteiro." Zagallo escalou"[14]

Para Roberto Carlos, "A tensão do jogo fez com que ele se sentisse mal. Acho que foi emocional. Ele tem apenas 21 anos de idade, é o melhor jogador do mundo, têm contratos, sofre pressões e exigências. Uma hora isso ia acontecer. Infelizmente aconteceu na final da Copa". Segundo Lídio Toledo, Ronaldo teve apenas uma tontura. "Ele passou mal, teve uma tonteira. Agora ele está ótimo, está tudo bem. Foi uma hipostenia",[11]

O atacante Edmundo relembrou o episódio: "O quarto era compartilhado. Doriva e eu (dividíamos). Levantei, olho e vejo o Ronaldo tendo a convulsão. Quando vi o Ronaldo passando mal, saí gritando pelos corredores. Roxo, língua virada, bufando. Quando vem o lanche, antes do jogo, todo mundo sabe que o Ronaldo teve a convulsão, menos ele. Desenrolaram a língua, deram banho e botaram ele para dormir. Ele não estava consciente. Ele senta, todo mundo tenso, ele pega um pedaço de bolo, um suco de laranja, lembro como se fosse hoje. Ele estava no telefone. O Leonardo fala: 'Esse cara não tá bem, ele vai morrer em campo'. Ele estava estranho, era brincalhão, estava alegre e abobado. A comissão técnica diz que ele não vai jogar, que iria para o médico. Convenceram ele de fazer os exames num hospital em Paris. O Zagallo conta que o Amarildo substituiu o Pelé. Hoje recebi carta dizendo que o Edmundo vai decidir o jogo. Fomos para o estádio, que era longe. Chegamos duas horas antes, cada um faz as suas coisas. Tem gente que se troca e aquece, eu gostava de ficar na minha, cada um com seu ritual. O Zagallo 'vamo, vamo', vamo'. Saiu a escalação (com Edmundo de titular). O Ronaldo vem animado, dizendo que iria jogar. Todo mundo fica contente por vê-lo. O Zagallo, o Américo Faria e o Lídio Toledo fazem reunião de 10 minutos e da sala ele vira: 'Edmundo, segura um pouco que o Ronaldo vai jogar'. Vou fazer o quê? Não tive reação, não estava transbordando de energia, todo mundo acatou.".[15]

Segundo o jornalista Jorge Kajuru, Ronaldo tomava Xylocaina, um remédio ara para alívio da dor, e o médico da seleção brasileira, Lídio Toledo, que "estava gagá" errou ao dar a aplicação do remédio e foi aí que ele teve convulsão porque é analgésico muito forte e na bula do medicamento consta convulsão como um dos efeitos colaterais.[16]

Na Final da Copa do Mundo FIFA de 1998, Zagallo faria apenas uma substituição no jogo, repetindo Zagallo em 1974, Telê em 1998 e Dunga em 2010 como técnicos eliminados sem queimar todas as substituições permitidas.

A Copa editar

Campanha editar

Na estreia o Brasil derrotou a Escócia por 2 a 1. Ambos os gols brasileiros foram marcados de ombro -César Sampaio, aos 4min da primeira etapa, e Boyd, contra, aos 28min da segunda. Os escoceses haviam empatado, com Collins, de pênalti, aos 38min do primeiro tempo. O resultado premiou as alterações táticas executadas pelo técnico Zagallo ao longo da partida. A equipe melhorou no segundo tempo, com Leonardo, no lugar de Giovanni, e Denilson, na vaga de Bebeto. Taffarel disse que as traves do Stade de France estavam fora de medida: "Em todos os estádios do Brasil, o gol tem em torno de sete passos e meio. Aqui, a medida é de oito passos e meio". Zagallo: "Demos espaços para eles fazerem as jogadas diagonais. Aí, a Escócia veio para cima de nós. No segundo tempo, matamos as jogadas deles. Eles só chutaram de longe." Segundo Zagallo, o Brasil poderia ter feito mais dois gols depois do primeiro, e a Escócia jogou da maneira como ele esperava. Citou as jogadas pelo chão em diagonal e especialmente as pelo alto, a maior preocupação nos treinos. "O Brasil matou o jogo aéreo da Escócia", afirmou ele.[17]

No segundo jogo, vitória tranquila de 3 a 0 sobre Marrocos. Durante o jogo Dunga deu uma cabeçada em Bebeto ao reclamar da lentidão do atacante em voltar à defesa em uma cobrança de falta. Zagallo: "Acho que a seleção jogou muito melhor, comparando com o primeiro jogo, contra a Escócia. Desenvolvemos um futebol vistoso, alegre, eficiente.". O treinador da Noruega, Egil Olsen, que seria o próximo adversário do Brasil, afirmou que não perderia a Copa do Mundo se tivesse os jogadores do Brasil e que "qualquer equipe", jogando dentro de um certo esquema, teria possibilidades de derrotar o Brasil; sugerindo que o Brasil era mal-treinado. [18]

No terceiro jogo, o Brasil foi derrotado por 2 a 1 para a Noruega. Todos os gols saíram no segundo tempo. A derrota não tirou a seleção do primeiro lugar do Grupo A. Segundo o jornalista Matinas Suzuki Jr, a derrota evidenciou a falta de um armador e os perigosos das "surtadas" de Júnior Baiano, zagueiro que cometeu o penalti do gol da vitória norueguesa. Ronaldo Nazário criticou: "Preocupa o fato de a bola não chegar com mais rapidez. Eu estou acostumado a jogar de uma maneira na Inter. Na seleção, tem que ser a mesma coisa, eles têm que tocar um pouquinho mais rápido.".[19]

Nas oitavas de final, Brasil 4 a 1 no Chile. Segundo Telê Santana: "a seleção brasileira fez contra o Chile sua melhor partida na Copa. A seleção jogou bem posicionada taticamente, acertando passes e aproveitando as oportunidades que surgiram. Todos os setores da equipe tiveram boa atuação." Para Zagallo, o time esteve nervoso durante os dez primeiros minutos do jogo e acabou envolvido pelo Chile. "Apesar de termos marcado três gols no primeiro tempo, só fiquei satisfeito com o time na segunda etapa. Felizmente conseguimos marcar o primeiro gol, com o César Sampaio, em uma jogada ensaiada, e isso ajudou a deixar os jogadores mais tranquilos." Ao ter o nome anunciado, antes de a partida começar, o treinador foi vaiado pela torcida que lotou o estádio Parc des Princes. [20] Tostão: "O Brasil fez três gols no primeiro tempo de bolas paradas, aproveitando as chances que teve. Não foi um domínio absoluto. No segundo tempo, apesar de ter feito um gol e sofrido outro, a seleção jogou bem melhor, criou mais oportunidades de gols, principalmente após Denilson entrar na vaga de Bebeto.". [21]

Nas quartas de final, Brasil 3 a 2 na Dinamarca. Segundo o jornalista Matinas Suzuki Jr: "A seleção brasileira não pode ficar dependendo somente dos lançamentos de Dunga, quando tem a iniciativa do jogo, pois eles ficaram muito previsíveis e fáceis de marcar." Zagallo disse que Brasil e Dinamarca "dignificaram a Copa do Mundo, mostraram como se joga futebol". "Eles e nós poderíamos ter chegado aos 3 a 2, mas fomos nós que chegamos. Foi uma vitória suada, sofrida, de raça, dos dois times. Poderia ter sido empate. Foi um futebol franco, aberto, jogando e deixando jogar. É isso o que dignifica uma Copa do Mundo. Brasil e Dinamarca mostraram como se joga uma Copa.". "Eu voltei, definitivamente." declarou Rivaldo após a partida. Ele afirmou que a performance marcou sua "redenção" com a camisa da seleção brasileira. Rivaldo marcou dois gols na vitória por 3 a 2 do time brasileiro. "Sabia que ia dar a volta por cima na seleção. Eu dei. E vou dar muito mais nos dois últimos jogos da Copa do Mundo". Rivaldo foi responsabilizado pela derrota da seleção olímpica nos Jogos de Atlanta, em 1996. Nas partida semifinal, contra a Nigéria, o atleta errou uma jogada que permitiu ao time africano marcar um de seus gols. A seleção acabou fora da final e terminou com a medalha de bronze.[22]

Antes da semifinal, a equipe já superara o número de gols marcados pelo time de 94 (14 contra 11), mas havia tomado mais que o dobro de gols (7 gols sofridos contra 3). Segundo Tostão: "Na Copa de 1970, impressionaram-me os treinamentos e conhecimentos de Zagallo. Ele estava muito à frente dos outros técnicos. No Mundial de 1998, assisti, como comentarista, a todos os treinos da seleção, e Zagallo repetia tudo o que tinha feito 28 anos atrás, mesmo diante de outra realidade."[23]

Na semifinal, Brasil 1 a 1 contra a Holanda, com a vitória nos pênaltis. O técnico Zagallo disse que o "calor humano e a energia" que passou aos batedores de pênaltis antes das cobranças foram uma mudança em relação ao seu comportamento na final da Copa de 94, nos Estados Unidos. "Fui nos cinco batedores e no Taffarel e passei essa força positiva. Os fluidos positivos na hora dos pênaltis são decisivos. Acariciei cada um e disse: 'Vamos ganhar, vamos ser campeões, nós merecemos'." Cafu, suspenso, foi substituído pelo lateral Zé Carlos, surpresa na convocação, o lateral fez sua estreia oficial pela seleção naquela partida. Após o jogo, Guus Hiddink declarou que o Brasil foi muito defensivo: "Quando eu era um garoto, o Brasil me fazia sonhar. Agora, tudo é diferente. Mudou a mentalidade, e passou a sacrificar sua arte em busca do resultado. Para os brasileiros, se tornou uma necessidade. Para os amantes do futebol, é uma pena. Hoje em dia, nós, os holandeses, damos mais espetáculo que os brasileiros com o toque de bola. Nós nos arriscamos mais que eles, que ultimamente querem provar que sabem marcar.".[24]

Na final da Copa, o Brasil perdeu de 3 a 0 da França. A polêmica foi a convulsão de Ronaldo Nazário, que chegou ao local da partida 50 minutos antes do jogo começar. Foi a pior derrota brasileira em Mundiais até então. A seleção brasileira nunca havia perdido por mais de dois gols de diferença em um jogo de Copa. Com o placar de 0 a 3, o Brasil finalizou suas sete participações na Copa-98 com dez gols sofridos. Desempenho defensivo pior só em 1938, quando a Copa foi igualmente disputada na França. Zagallo se justificou: "Eu estava torcendo para o primeiro tempo acabar. Hoje tivemos um trauma grande, por causa do Ronaldo. Não era para o Ronaldo ter jogado. Demos a escalação sem ele. Houve grande abatimento psicológico. A equipe estava presa, amarrada. Ronaldo não iria jogar. Demos a escalação sem ele. Depois, ele pediu para jogar. Disse 'eu quero'. Ele estava buscando a artilharia, poderia ter uma luz durante o jogo.". Edmundo, que chegou a dar entrevista dizendo que se considerava em melhor forma técnica e física do que o atacante Bebeto, o titular; reclamou: ""Bem que eu gostaria de ter jogado um pouco mais. Eu fui bem em todos os treinos, fiz gols, mas joguei pouco.". Para Telê Santana: "Nossa defesa falhou muito, mas não foram falhas individuais, foram falhas de posicionamento. Nos dois primeiros gols, que saíram em cobranças de escanteio, a defesa estava mal posicionada.".[25] Na Final da Copa do Mundo FIFA de 1998, Zagallo faria apenas duas substituições no jogo, repetindo Zagallo em 1974, Telê em 1998 e Dunga em 2010 como técnicos eliminados sem queimar todas as substituições permitidas.

Convocados editar

Nº Camisa Jogador Posição Data de nascimento Clube
1 Taffarel Goleiro 8 de maio de 1966   Atlético-MG
2 Cafu Lateral Direito 7 de junho de 1970   Roma
3 Aldair Zagueiro 30 de novembro de 1965   Roma
4 Júnior Baiano Zagueiro 14 de março de 1970   Flamengo
5 César Sampaio Volante 31 de março de 1968   Yokohama Flügels
6 Roberto Carlos Lateral Esquerdo 10 de abril de 1973   Real Madrid
7 Giovanni Atacante 4 de fevereiro de 1972   Barcelona
8 Dunga Volante 31 de outubro de 1963   Jubilo Iwata
9 Ronaldo Atacante 22 de setembro de 1976   Inter de Milão
10 Rivaldo Meia 19 de Abril de 1972  Barcelona
11 Emerson Volante 4 de abril de 1976   Bayer Leverkusen
12 Carlos Germano Goleiro 14 de agosto de 1970   Vasco da Gama
13 Zé Carlos Lateral Direito 14 de novembro de 1968   São Paulo
14 Gonçalves Zagueiro 22 de fevereiro de 1966   Botafogo
15 André Cruz Zagueiro 20 de setembro de 1968   Milan
16 Zé Roberto Lateral Esquerdo 6 de julho de 1974   Flamengo
17 Doriva Volante 28 de maio de 1972   Porto
18 Leonardo Meia 5 de setembro de 1969   Paris Saint-Germain
19 Denilson Atacante 24 de agosto de 1977   Real Betis
20 Bebeto Atacante 16 de fevereiro de 1964   Botafogo
21 Edmundo Atacante 2 de abril de 1971   Fiorentina
22 Dida Goleiro 7 de outubro de 1973   Cruzeiro

Primeira Fase: Grupo A editar

Time Pts J V E D GF GC SG
  Brasil 6 3 2 0 1 6 3 3
  Noruega 5 3 1 2 0 5 4 1
  Marrocos 4 3 1 1 1 5 5 0
  Escócia 1 3 0 1 2 2 6 -4

Fase de Grupos editar

Brasil vs Escócia editar

10 de Junho 1998   Brasil 2 – 1   Escócia Stade de France, Saint-Denis
17:30
César Sampaio   4'
Boyd   73' (o.g.)
Report Collins   38' (pen.) Público: 80 000
Árbitro:   José García-Aranda
Brasil
Escócia
GK 1 Taffarel
RB 2 Cafu
CB 3 Aldair   45+2'
CB 4 Júnior Baiano
LB 6 Roberto Carlos
CM 5 César Sampaio   37'
CM 8 Dunga (c)
AM 7 Giovanni   45'
AM 10 Rivaldo
CF 9 Ronaldo
CF 20 Bebeto   70'
Substituições:
MF 18 Leonardo   45'
FW 19 Denílson   70'
Treinador:
Mário Zagallo
GK 1 Jim Leighton
RB 3 Tom Boyd
CB 4 Colin Calderwood
CB 5 Colin Hendry (c)
LB 22 Christian Dailly   85'
RM 14 Paul Lambert
CM 8 Craig Burley
LM 11 John Collins
RF 7 Kevin Gallacher
CF 9 Gordon Durie
LF 10 Darren Jackson   25'   79'
Substituições:
MF 17 Billy McKinlay   79'
DF 6 Tosh McKinlay   85'
Treinador:
Craig Brown

Bandeirinhas:
  Fernando Tresaco Gracia
  Jorge Luis Arango
Quarto árbitro:
  Gamal Al-Ghandour

Brasil vs Marrocos editar

16 de Junho de 1998   Brasil 3 – 0   Marrocos Stade de la Beaujoire, Nantes
21:00
Ronaldo   9'
Rivaldo   45+2'
Bebeto   50'
Report Público: 35 500
Árbitro:   Nikolai Levnikov
Brasil
Marrocos
GO 1 Taffarel
LD 2 Cafu
ZA 3 Aldair
ZA 4 Júnior Baiano   87'
VO 5 César Sampaio   36'   68'
LE 6 Roberto Carlos
VO 8 Dunga (c)
AT 9 Ronaldo
MC 10 Rivaldo   87'
MC 18 Leonardo
AT 20 Bebeto   72'
Substituições:
VO 17 Doriva   68'
AT 21 Edmundo   72'
MC 19 Denílson   87'
Treinador:
Mário Zagallo
GK 12 Driss Benzekri
DF 2 Abdelilah Saber   76'
DF 3 Abdelkrim El Hadrioui
DF 4 Youssef Rossi
DF 6 Noureddine Naybet (c)
MF 7 Mustapha Hadji
MF 8 Said Chiba   64'   76'
FW 9 Abdeljalil Hadda   32'   88'
FW 14 Salaheddine Bassir
MF 18 Youssef Chippo
DF 20 Tahar El Khalej
Substituições:
DF 15 Lahcen Abrami   76'
MF 17 Gharib Amzine   76'
MF 11 Ali El Khattabi   88'
Treinador:
  Henri Michel

Bandeirinhas:
  Yuri Dupanov
  Mark Warren
Quarto árbitro:
  Paul Durkin

Brasil vs Noruega editar

23 de Junho de 1998   Brasil 1 – 2   Noruega Stade Vélodrome, Marseille
21:00
Bebeto   78' Report T. A. Flo   83'
Rekdal   88' (pen.)
Público: 55 000
Árbitro:   Esfandiar Baharmast
Brasil
Noruega
GK 1 Taffarel
DF 2 Cafu
DF 4 Júnior Baiano
DF 6 Roberto Carlos
MF 8 Dunga (c)
FW 9 Ronaldo
MF 10 Rivaldo
DF 14 Gonçalves
MF 18 Leonardo
FW 19 Denílson
FW 20 Bebeto
Treinador:
Mário Zagallo
GK 1 Frode Grodås (c)
DF 3 Ronny Johnsen
DF 4 Henning Berg
DF 5 Stig Inge Bjørnebye
MF 8 Øyvind Leonhardsen   54'
FW 9 Tore André Flo
MF 10 Kjetil Rekdal
DF 15 Dan Eggen
FW 17 Håvard Flo   68'
MF 21 Vidar Riseth   79'
MF 22 Roar Strand   45'
Substituições:
MF 7 Erik Mykland   59'   45'
FW 20 Ole Gunnar Solskjær   68'
MF 16 Jostein Flo   79'
Treinador:
Egil Olsen

Bandeirinhas:
  Gennaro Mazzei
  Dramane Danté
Quarto árbitro:
  Arturo Brizio Carter

Oitavas de Final editar

Brasil vs Chile editar

27 de Junho de 1998   Brasil 4–1   Chile
21:00
César Sampaio   11',   27'
Ronaldo   45+1' (pen.),   70'
Report Salas   68' Público: 45 500
Árbitro:   Marc Batta
Brasil
Chile
GK 1 Taffarel
RB 2 Cafu   90+1'
CB 3 Aldair   77'
CB 4 Júnior Baiano
LB 6 Roberto Carlos
CM 5 César Sampaio
CM 8 Dunga (c)
AM 10 Rivaldo
AM 18 Leonardo   45'
CF 20 Bebeto   65'
CF 9 Ronaldo
Substituições:
FW 19 Denílson   65'
MF 14 Gonçalves   77'
Treinador:
Mário Zagallo
GK 1 Nelson Tapia   45'
CB 6 Pedro Reyes
CB 3 Ronald Fuentes   34'
CB 5 Javier Margas
RWB 19 Fernando Cornejo
LWB 16 Mauricio Aros
CM 8 Clarence Acuña   80'
CM 14 Miguel Ramírez   45'
AM 10 José Luis Sierra   45'
CF 11 Marcelo Salas
CF 9 Iván Zamorano (c)
Substituições:
MF 17 Marcelo Vega   45'
MF 20 Fabián Estay   45'
MF 18 Luis Musrri   80'
Treinador:
  Nelson Acosta

Bandeirinhas:
  Jacques Poudevigne
  Owen Powell
Quarto árbitro:
  Pirom Anprasert

Quartas de Final editar

Brasil vs Dinamarca editar

3 de Julho de 1998   Brasil 3–2   Dinamarca Stade de la Beaujoire
21:00
Bebeto   10'
Rivaldo   25',   59'
Report Jørgensen   2'
B. Laudrup   50'
Público: 35 500
Árbitro:   Gamal Al-Ghandour
Brasil
Dinamarca
GK 1 Taffarel
RB 2 Cafu   81'
CB 3 Aldair   37'
CB 4 Júnior Baiano
LB 6 Roberto Carlos   11'
CM 5 César Sampaio
CM 8 Dunga (c)
AM 10 Rivaldo   87'
AM 18 Leonardo   71'
CF 20 Bebeto   64'
CF 9 Ronaldo
Substituições:
FW 19 Denílson   64'
MF 11 Emerson   71'
MF 16 Zé Roberto   87'
Treinador:
Mário Zagallo
GK 1 Peter Schmeichel
RB 12 Søren Colding   39'
CB 3 Marc Rieper
CB 4 Jes Høgh
LB 5 Jan Heintze
CM 6 Thomas Helveg   19'   87'
CM 7 Allan Nielsen   46'
RW 21 Martin Jørgensen
LW 10 Michael Laudrup (c)
SS 11 Brian Laudrup
CF 18 Peter Møller   66'
Substituições:
MF 15 Stig Tøfting   72'   46'
FW 19 Ebbe Sand   66'
DF 2 Michael Schjønberg   87'
Treinador:
  Bo Johansson

Bandeirinhas:
  Mohamed Mansri
  Dramane Danté
Quarto árbitro:
  Ali Bujsaim

Semifinal editar

Brasil vs Holanda editar

7 de Julho de 1998   Brasil 1–1   Países Baixos Stade Vélodrome, Marseille
21:00
Ronaldo   46' Report Kluivert   87' Público: 54,00

Árbitro Ali Bujsaim (EAU)

Brasil
Holanda
GK 1 Taffarel
RB 13 Zé Carlos   31'
CB 3 Aldair
CB 4 Júnior Baiano
LB 6 Roberto Carlos
CM 5 César Sampaio   45'
CM 8 Dunga (c)
AM 10 Rivaldo
AM 18 Leonardo   85'
CF 20 Bebeto   70'
CF 9 Ronaldo
Substituições:
FW 19 Denílson   70'
MF 11 Emerson   85'
Treinador:
Mário Zagallo
GK 1 Edwin van der Sar
RB 2 Michael Reiziger   48'   56'
CB 3 Jaap Stam
CB 4 Frank de Boer (c)
LB 11 Philip Cocu
CM 6 Wim Jonk   111'
CM 16 Edgar Davids   60'
RW 7 Ronald de Boer
LW 12 Boudewijn Zenden   75'
SS 8 Dennis Bergkamp
CF 9 Patrick Kluivert
Substituições:
MF 20 Aron Winter   56'
FW 17 Pierre van Hooijdonk   90'   75'
MF 10 Clarence Seedorf   119'   111'
Treinador:
Guus Hiddink

Bandeirinhas:
  Hussain Ghadanfari
  Mohamed Al Musawi
Quarto árbitro:
  Rahman Al Zaid

Final editar

12 de julho de 1998   Brasil 0 – 3   França Stade de France, Saint-Denis
21:00
  Histórico
Relatório Zidane   27',   45+1'
Petit   90+3'
Público: 75 000
Árbitro:   Said Belqola
Brasil
França
G 1 Taffarel
LD 2 Cafu
Z 3 Aldair
Z 4 Júnior Baiano   33'
LE 6 Roberto Carlos
V 5 César Sampaio   75'
V 8 Dunga  
M 18 Leonardo   45'
M 10 Rivaldo
A 20 Bebeto
A 9 Ronaldo
Substituições:
M 19 Denílson   45'
A 21 Edmundo   75'
Treinador:
  Mário Zagallo
 
G 16 Fabien Barthez
LD 15 Lilian Thuram
Z 8 Marcel Desailly     48', 68'
Z 18 Frank Leboeuf
LE 3 Bixente Lizarazu
V 7 Didier Deschamps     39'
MD 17 Emmanuel Petit
M 19 Christian Karembeu   56'   57'
ME 10 Zinedine Zidane
M 6 Youri Djorkaeff   75'
A 9 Stéphane Guivarc'h   66'
Substituições:
M 4 Patrick Vieira   75'
M 14 Alain Boghossian   57'
A 21 Christophe Dugarry   66'
Treinador:
  Aimé Jacquet

Homem da partida

Artilharia[26] editar