O Brasil conquistou os títulos da Copa América e da Copa das Confederações, ambas em 1997, além da Copa Umbro em 1995, e liderou o Ranking Mundial da FIFA durante todo o período. A seleção viu surgir jovens talentos, como Ronaldo, eleito antes da Copa por duas vezes o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, Roberto Carlos, Denílson e Rivaldo. Além de remanescentes do tetracampeonato como Romário, Dunga, Cafu, Bebeto, Taffarel, Aldair.
Corte de RomárioEditar
Eleito o melhor jogador da Copa de 1994, Romário foi cortado da seleção em 1° de junho de 1998. "Não podia garantir que ele fosse jogar o primeiro, segundo, nem mesmo o terceiro jogo. É uma lesão que requer tempo e pode provocar dor a qualquer momento", afirmou o médico Lídio Toledo. A contusão foi provocada por uma partida de futevôlei disputada após um período de treinos em Teresópolis.[1] Em sua vaga foi convocado o volante Emerson devido ao medo de que Dunga e César Sampaio não teriam condições físicas de jogar toda a Copa. Segundo a Folha de S.Paulo, o corte foi resultado de um histórico de indisciplina: "Na Copa da Itália (1990), ele entrou em confronto com Lídio Toledo por querer se tratar com o seu fisioterapeuta particular, Nilton Petroni, o "Filé". Em dezembro de 92, Romário se rebelou contra o técnico Carlos Alberto Parreira e o coordenador Zagallo, ao saber que seria reserva num amistoso com a Alemanha. Após a conquista do tetracampeonato, Romário disse que queria "dar um tempo" à seleção, o que irritou Zagallo, que o atacou por "falta de amor à amarelinha" e o afastou da seleção na Olimpíada de Atlanta-96. O jogador voltou em 97, quando, em baixa, não tinha tido o contrato de patrocínio renovado pela Nike - o que ocorreu ao retornar à seleção. O primeiro corte de Romário foi na seleção de juniores, por urinar, do quarto do hotel onde o time estava sobre transeuntes na calçada.[2]
Para amigos na época, Romário reagiu dizendo que Zico queria "fodê-lo", afirmando que, provavelmente, já poderia jogar na estreia da Copa, contra a Escócia, e que, "com certeza", já teria condições de atuar no dia 16, contra o Marrocos. Zico negaria mais tarde: "Segurei a peteca, mas eu não era o técnico para cortar".[3]
Em 2011, Zagallo acusou Romário de "forjar lesão" na Copa América de 1997: “Nós estávamos ganhando por 5 a 0 quando coloquei o Edmundo. Na primeira bola que o Romário recebeu depois, sentiu uma fisgada e saiu. Três dias dias, depois seria a final. No primeiro dia, ele não fez praticamente nada. No segundo, já se mexeu e foi para o futevôlei. No último, veio a parte física (...) Falei até para o (Luís Carlos) Prima, preparador físico: pega o Romário e faz um vai e vem de 30 metros para ver se ele suporta. Aí, fiquei comigo e não estava entendendo nada. Mas tive a convicção: ele forjou uma situação, porque quem sai como ele saiu, não poderia dar aqueles piques”. Romário respondeu: "O Zagallo sempre teve essa coisa comigo na seleção. Perdi a final da Copa América, a Copa do Mundo (em 1998) e as Olimpíadas (1996). E nessas três estavam Zagallo, Américo Faria (coordenador) e Lídio Toledo. Ele pode até ter achado que me tirou da decisão, mas eu não tinha condições”. [4]
O Meia de LigaçãoEditar
Zagallo costumava utilizar o esquema 4-3-1-2. O responsável pela ligação entre meio e ataque era Juninho Paulista, que em fevereiro de 1998 recebeu uma entrada de Míchel Salgado e perdeu a Copa. Em seu lugar, Zagallo chamou Giovanni. Desconfiado, João Havelange, avaliou que a seleção sentia a falta de bons meio-campistas e que o meia-atacante Juninho faria falta à seleção.[5] Segundo a Folha de S.Paulo: "Foram testados na função vários jogadores, como Giovanni, Leonardo, Juninho, Djalminha e Rivaldo, entre outros. O problema para Zagallo é que nenhum deles aprovou totalmente.".[6]
"Agora, vou tentar usar dois na função. O Rivaldo pela esquerda e o Giovanni pela direita. Mas o número "1' continua em campo". [7] Telê Santana apoiou a escolha do treinador: "A armação tática usada pelo Zagallo é correta. Ela é usada pela maioria dos clubes no Brasil, com dois jogadores de meio-campo cobrindo as descidas dos laterais".[8] Depois da estreia, Leonardo ganhou a posição de Giovanni. Zagallo: "Giovanni dá mais uma opção nas jogadas altas da área, e o Leonardo é mais dinâmico. Futebol é movimentação".[9] Outra mudança foi a entrada de Rivaldo no lugar Denílson, que havia sido titular nas finais da Copa América e da Copa das Confederações.
Polêmicas com RonaldoEditar
Ronaldo chegou à Copa do Mundo eleito por duas vezes o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, mas seu joelho foi notícia ao longo do mundial. O fisioterapeuta Nilton Petroni, o Filé, recordou que "desde que foi operado, antes dos Jogos Olímpicos, Ronaldo precisa de exercícios especiais para fortalecer a musculatura, pois sofreu a cirurgia ainda muito menino.".[10] Segundo Lídio Toledo, médico da seleção brasileira, Ronaldo tem uma instabilidade na rótula do joelho. Esse problema foi causado por desenvolvimento muscular acelerado.[11] Em 2000, o escritor escritor italiano Enzo Palladini afirmara que o "mistério" sobre a primeira grande lesão de Ronaldo no joelho está ligada ao rápido crescimento do esqueleto e dos músculos no período em que morou na Holanda e foi explicada pelo médico Bernardino Santi, coordenador da estrutura anti doping da CBF, que admitiu o uso de esteróides por parte do atleta e que "seus músculos se tornaram incompatíveis com a estrutura óssea de seus joelhos". Entre os suplementos vitamínicos tomados no período, estariam anabolizantes que geraram o crescimento "fora do que a natureza havia fornecido".[12] Fora dos campos, rumores de que o jornalista Pedro Bial teria tido um caso amoroso com Suzana Werner, então namorada de Ronaldo, foram desmentidos pelos envolvidos: "Ficou tão chato que o Bial chegou a procurar o Ronaldo para conversar com ele. O Bial disse a ele que não tinha nada a ver".[13]
Antes da Final da Copa do Mundo FIFA de 1998, Ronaldo sofreu o que ficou conhecido como Convulsão. A Folha de S.Paulo descreveu:
"Ronaldo sofreu um colapso no banheiro do quarto 290 do Château de Grande Romaine, em Lésigny, entre as 14h30 e as 15h do último domingo. Ronaldo foi colocado na cama, onde aconteceu o atendimento médico. Temendo que fosse um ataque epilético, o volante
César Sampaio segurou a língua do jogador para evitar que enrolasse. Por volta das 16h30, Ronaldinho sumiu. Sem mesmo o gerente do hotel ter percebido, havia sido levado em um carro do comitê organizador da Copa à Clínica Des Lillas, na periferia Paris, em companhia do médico Joaquim da Matta e de um fisioterapeuta da seleção. Toledo tomou a decisão de levá-lo à clínica para poder ter certeza de que o jogador não precisava mesmo de algum tipo de tratamento ou medicamento. Conforme o resultado dos exames, Ronaldinho seria escalado ou não para o jogo. A preocupação com doping já vinha desde a semifinal contra a Holanda, quando surgiu um boato de que o atacante havia sido pego no exame da Fifa. Joaquim da Matta tinha ficado nervoso com o episódio, indício de que o jogador poderia ter feito infiltrações no joelho, informação não confirmada pela Folha. O próprio jogador admitiu, no entanto, que havia tomado remédios para a dor no tornozelo até a última sexta-feira. E que havia interrompido o tratamento por instrução da comissão técnica, que receava pelo exame antidoping. Ronaldinho passou por exames, como tomografia computadorizada e eletroencefalograma, mas nada foi constatado. Respaldado pelos exames, Joaquim da Matta levou o jogador para o
Stade de France, ao qual chegou cerca de 50 minutos antes do jogo. A comissão técnica se reuniu. O técnico
Zagallo perguntou: "E aí, dá para jogar?". Ronaldinho respondeu: "Sim, estou inteiro."
Zagallo escalou"
[14]
Para Roberto Carlos, "A tensão do jogo fez com que ele se sentisse mal. Acho que foi emocional. Ele tem apenas 21 anos de idade, é o melhor jogador do mundo, têm contratos, sofre pressões e exigências. Uma hora isso ia acontecer. Infelizmente aconteceu na final da Copa". Segundo Lídio Toledo, Ronaldo teve apenas uma tontura. "Ele passou mal, teve uma tonteira. Agora ele está ótimo, está tudo bem. Foi uma hipostenia",[15]
O atacante Edmundo relembrou o episódio: "O quarto era compartilhado. Doriva e eu (dividíamos). Levantei, olho e vejo o Ronaldo tendo a convulsão. Quando vi o Ronaldo passando mal, saí gritando pelos corredores. Roxo, língua virada, bufando. Quando vem o lanche, antes do jogo, todo mundo sabe que o Ronaldo teve a convulsão, menos ele. Desenrolaram a língua, deram banho e botaram ele para dormir. Ele não estava consciente. Ele senta, todo mundo tenso, ele pega um pedaço de bolo, um suco de laranja, lembro como se fosse hoje. Ele estava no telefone. O Leonardo fala: 'Esse cara não tá bem, ele vai morrer em campo'. Ele estava estranho, era brincalhão, estava alegre e abobado. A comissão técnica diz que ele não vai jogar, que iria para o médico. Convenceram ele de fazer os exames num hospital em Paris. O Zagallo conta que o Amarildo substituiu o Pelé. Hoje recebi carta dizendo que o Edmundo vai decidir o jogo. Fomos para o estádio, que era longe. Chegamos duas horas antes, cada um faz as suas coisas. Tem gente que se troca e aquece, eu gostava de ficar na minha, cada um com seu ritual. O Zagallo 'vamo, vamo', vamo'. Saiu a escalação (com Edmundo de titular). O Ronaldo vem animado, dizendo que iria jogar. Todo mundo fica contente por vê-lo. O Zagallo, o Américo Faria e o Lídio Toledo fazem reunião de 10 minutos e da sala ele vira: 'Edmundo, segura um pouco que o Ronaldo vai jogar'. Vou fazer o quê? Não tive reação, não estava transbordando de energia, todo mundo acatou.".[16]