A Brigada al-Tawhid (em árabe: لواء التوحيد, translit. Liwa al-Tawhid, lit. 'Brigada da Unicidade'), nomeada com base em Tawhid, a "unicidade de Deus" — mas muitas vezes mal traduzida como Brigada da Unidade — é um grupo insurgente envolvido na Guerra Civil Síria.

Brigada al-Tawhid
لواء التوحيد‎
Liwa al-Tawhid
Participante na Guerra Civil Síria

Logo oficial da Brigada al-Tawhid
Datas 2012 – atualidade
Ideologia Islamismo sunita
Objetivos Um Estado civil na Síria cuja base da legislação seja a fé islâmica[1]
Organização
Parte de Exército Livre da Síria[2]

Conselho do Comando Revolucionário da Síria[3]

Frente Islâmica de Libertação da Síria (anteriormente)

Frente Islâmica

Líder Abdul Qader Saleh [4][5]
(Comandante-chefe, jul. 2012 – nov. 2013)

Adnan Bakkour [6]
(Comandante-chefe, nov. 2013 – jan. 2014)

Abdelaziz Salameh[7]
(Comandante-chefe, jan. 2014 – atualidade)

Mohammed Hamadeen[8]
(Brigada de Ahrar al-Shamal)

Yusef al-Jader [9]
(Comandante-sênior em Alepo)

Yussef Al-Abbas [4]
(Chefe de inteligência)

Orientação
religiosa
Islão
Grupos Brigada Ahrar al-Shamal
Brigada Fursan al-Jabal
Brigada Daret Izza
Sede Alepo
Área de
operações
Província de Alepo
Província de Homs
Província de Raca[10]
Efetivos 10 000 (afirmação própria) (nov. 2012)[1]

11 000 (out. 2013)[11]

Deu origem a Batalhão do Sol do Norte[12]
Relação com outros grupos
Aliados Jabhat Fateh al-Sham[11][13]
Ahrar al-Sham[14]
Jaysh al-Islam[14]
União Islâmica Ajnad al-Sham
Armada de Mujahideen
Alwiya al-Furqan
Legião do Sham[15]
Inimigos Forças Armadas da Síria
Unidades de Proteção Popular (anteriormente)[16]
Ghuraba al-Sham[13]
Hezbollah
Estado Islâmico do Iraque e do Levante[15]
Conflitos
Guerra Civil Síria
Batalha de Alepo (2012–atualidade)
Batalha de Al-Qusayr (2013)
Ofensiva de Lataquia de 2013
Conflitos entre o Estado Islâmico do Iraque e do Levante e grupos de oposição sírios

A Brigada al-Tawhid formou-se em 2012,[17][18] era reportadamente sustentada pelo Catar[19] e foi considerada um dos maiores grupos no norte da Síria, dominando grande parte da insurgência em Alepo.[18] Filiados à Irmandade Muçulmana,[9][11] coassinaram no final de 2013 uma declaração conjunta clamando pela charia e rejeitando a autoridade da Coalizão Nacional Síria.[20]

Originalmente, a al-Tawhid era composta por três subunidades: a Brigada Fursan al-Jabal, a Brigada Daret Izza e a Brigada Ahrar al-Shamal.[8] Seu líder, Abdul Qader Saleh, morreu no final de 2013, em um devastador ataque aéreo pelo Exército Sírio. Seu ramo setentrional, a Brigada Ahrar al-Shamal, foi supostamente suplantado pelo Batalhão do Sol do Norte (Kata'eb Shams ash-Shamal).[12]

Ramos editar

A Brigada al-Tawhid era organizada em três ramos:

  • A Brigada Ahrar al-Shamal, que por ser a maior subunidade da Brigada al-Tawhid estava presente no corredor de Kilis e assumiu a liderança de várias subunidades em al-Bab, a leste de Alepo. Posteriormente, fez parte da Frente dos Revolucionários da Síria por um curto período.[21]
  • A Brigada Fursan al-Jabal, que operava no sudoeste da Província de Alepo, perto da fronteira com a Província de Idlib e da cidade de Atarib.[22]
  • A Brigada Daret Izza, cujo nome remete à cidade de Daret Izza e cuja operação é feita provavelmente na área ocidental da cidade de Alepo.[8]

Por volta de junho de 2013, a Brigada al-Tawhid foi reorganizada em cerca de 30 sub-facções.[23]

Em novembro de 2013, os Batalhões Islâmicos de Al-Safwa abandonaram a Brigada de Al-Tawhid.[24]

Em 2 de março de 2014, a Brigada da Tempestade do Norte anunciou que iria se juntar à Frente Islâmica, sob a liderança da Brigada de al-Tawhid.[25]

Em algum ponto, a facção rebelde Al-Fawj al-Awal também foi um grupo-membro.[26]

História editar

Formação editar

A Brigada al-Tawhid foi formada em 2012, a fim de coordenar a Batalha de Alepo[17] e com o objetivo declarado de fundar um "estado civil na Síria com o Islão sendo a principal fonte de legislação."[18]

Atividade editar

Em novembro de 2012, a Brigada al-Tawhid anunciou seu apoio à Coalizão Nacional Síria, mas exigiu uma maior representatividade no grupo. A liderança da Brigada reivindicou "um Estado civil cuja base da legislação seja a fé islâmica, mas que respeitasse todos os grupos [minoritários] da Síria". Eles, assim, implicitamente rejeitaram a afirmação anterior que haviam feito com outras facções locais, na qual clamaram por um Estado islâmico no país e denunciaram a Coalização Nacional Síria como sendo um "projeto conspiratório".[1][27]

Em 10 janeiro de 2013, a Brigada al-Tawhid anunciou em seu website que havia se tornado um membro da Frente Islâmica de Libertação da Síria.[28]

Em maio de 2013, o canhão infernal, uma arma de fogo artesanal em formato de morteiro, projetada e construída pela Brigada Ahrar al-Shamal, foi mencionado pela primeira vez na imprensa.[29]

Em junho de 2013, a Brigada al-Tawhid enviou mais de 300 combatentes, sob o comando de Saleh e do Obaidi do Conselho Militar de Alepo, à Batalha de al-Qusayr.[30]

Em 22 de setembro de 2013, a Brigada al-Tawhid juntou-se à coalização Frente Islâmica, um grupo formado principalmente por membros da Frente de Libertação da Síria, que leva este último a ser oficialmente dissolvido no processo.[31]

Em 24 de setembro de 2013, a Brigada al-Tawhid coassinou uma declaração com onze outros grupos rebeldes, na qual apelou pela charia e, aliando-se à al-Qaeda, rejeitou a autoridade da Coalizão Nacional Síria.[20]

Desintegração editar

Em 14 de novembro de 2013, um ataque aéreo da Força Aérea Síria bombardeou uma base do exército que estava sob comando da Brigada al-Tawhid, matando o comandante Youssef al-Abbas e ferindo outros dois; entre eles, o comandante da Brigada, Abdul Qader Saleh.[32] Saleh, posteriormente, morreu por conta dos ferimentos em um hospital turco.[33]

Após a morte de Saleh, a Brigada al-Tawhid sofreu sérias divisões internas e perdeu uma quantidade significativa de membros, que migraram para outras facções rebeldes. A Brigada passou por uma redução marcante na assistência militar dos países do Golfo, pressionados pelos Estados Unidos a dar apoio mais moderado a grupos rebeldes.[34][35]

Em outubro de 2014, muitos de seus afiliados no leste da província de Alepo tornaram-se extintos, reemergendo na forma de grupos independentes. O ramo setentrional, Ahrar al-Shamal, foi suplantado pelo Batalhão do Sol do Norte.[12]

Seus combatentes foram uma parte fundamental na Frente do Levante em 2015.[36] Em outubro de 2016, no entanto, quatro batalhões de rebeldes em Alepo, que usavam a bandeira da Brigada de al-Tawhid, abandonaram a Frente do Levante para se juntar ao Harakat Nour al-Din al-Zenki.[37]

Referências

  1. a b c Atassi, Basma (20 de novembro de 2012). «Aleppo rebels retract rejection of coalition». Al Jazeera. Consultado em 22 de novembro de 2012 
  2. «Syria - The Free Syrian Army». Vice. 22 de dezembro de 2012. Consultado em 17 de maio de 2014 
  3. «The Revolutionary Command Council: Rebel Unity in Syria?». Carnegie Endowment of International Peace. 1 de dezembro de 2014. Consultado em 1 de dezembro de 2014 
  4. a b Syria air strike hits Islamist brigade leadership Al-Ahram (AFP), 15 de novembro de 2013
  5. Top Syrian rebel commander dies from wounds Reuters, 18 de novembro de 2013
  6. Al-Qaeda fighters kill Syrian rebel leaders Al Jazeera, 2 de fevereiro de 2014
  7. «The Levant Front: Can Aleppo's Rebels Unite?». Carnegie Endowment for International Peace. 26 de dezembro de 2014. Consultado em 20 de janeiro de 2015 
  8. a b c Bolling, Jeffrey (29 de agosto de 2012). «Rebel Groups in Northern Aleppo Province» [Grupos Rebeldes no Norte da Província de Alepo] (PDF). Institute for the Study of War (em inglês). Consultado em 15 de novembro de 2016 
  9. a b «Free Syrian Army top commander killed in Syria's Aleppo». Al-Ahram. 15 de dezembro de 2012. Consultado em 23 de dezembro de 2012 
  10. A Dunon no Twitter (em inglês). Consultado em 15 de novembro de 2016.
  11. a b c «The Story of Al-Tawhid Brigade: Fighting for Sharia in Syria». Al-Monitor (As-Safir). 22 de outubro de 2013. Consultado em 22 de novembro de 2013 
  12. a b c Joshua Landis (2 de outubro de 2014). «The Dawn of Freedom Brigades: Analysis and Interview». Consultado em 7 de dezembro de 2015 
  13. a b «Warring Syrian rebel groups abduct each other's members». Times of Israel. 18 de maio de 2013. Consultado em 3 de outubro de 2013 
  14. a b Aron Lund (24 de setembro de 2013). «New Islamist Bloc Declares Opposition to National Coalition and US Strategy». Syria Comment. Consultado em 25 de setembro de 2013 
  15. a b «Freedom, Human Rights, Rule of Law: The Goals and Guiding Principles of the Islamic Front and Its Allies». Democratic Revolution, Syrian Style. 17 de maio de 2014. Consultado em 17 de maio de 2014 
  16. «Syrian Rebels Clash With Kurdish Militias». Al Monitor. 9 de junho de 2013. Consultado em 5 de julho de 2013 
  17. a b Panell, Ian (30 de julho de 2012). «Syria: Fear and hunger amid battle for Aleppo». BBC. Consultado em 30 de julho de 2012 
  18. a b c «Liwaa al-Tawhid Brigade». Terrorism Research & Analysis Consortium. Consultado em 7 de outubro de 2015 
  19. Syrian air raid kills rebel commander in Aleppo: activists. Reuters. 14 de novembro de 2013
  20. a b Bill Roggio (26 de setembro de 2013). «Free Syrian Army units ally with al Qaeda, reject Syrian National Coalition, and call for sharia». The Long War Journal. Consultado em 7 de dezembro de 2015 
  21. Lund, Aron (13 de dezembro de 2013). «The Syria Revolutionaries' Front». Carnegie Endowment for International Peace. Consultado em 19 de março de 2014 
  22. «Syrian insurgents' commander killed in Latakia». Al-Alam News Network (em inglês). 5 de agosto de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016. It is composed of three subunits: the Fursan al-Jabal Brigade, the Daret Izza Brigade and the Ahrar al-Shamal Brigade. 
  23. Lund, Aron (27 de agosto de 2013). «The Non-State Militant Landscape in Syria». CTC Sentinel. Consultado em 28 de agosto de 2013 
  24. "In relevant context, al-Safwa battalion declared its defection from al-Tawhid.". «Tawhid Brigade dismisses 6 battalions over shariah breaches». Zaman Al Wasl (em inglês). 30 de outubro de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016 
  25. «Northern Storm joins Tawhid Brigade». The Daily Star. 5 de março de 2014. Consultado em 25 de agosto de 2014 
  26. Al-Fawj al-Awal no Twitter (em inglês). Consultado em 15 de novembro de 2016.
  27. Lund, Aron (4 de dezembro de 2012). «Aleppo and the Battle for the Syrian Revolution's Soul». Carnegie Endowment for International Peace. Consultado em 3 de junho de 2013 
  28. «انضمام لواء التوحيد لجبهة تحرير سوريا الاسلامية». لواء التوحيد (em árabe). 10 de janeiro de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 14 de janeiro de 2013 
  29. Brown Moses (23 de maio de 2013). «DIY Weapons In Syria - The Hell Cannon». Brown Moses Blog. Consultado em 13 de dezembro de 2014 
  30. «Tawhid Brigade in Aleppo sends support units to al-Qusayr Anadolu Agency». Aa.com.tr. Consultado em 22 de novembro de 2013 
  31. «Islamists forge Syria's rebel alliance». SBS World News. 23 de novembro de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016 
  32. Syrian air raid kills rebel commander in Aleppo: activists. Reuters (em inglês). 14 de novembro de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016.
  33. «Top Syrian rebel commander dies from wounds» [Principal comandante rebelde morre devido a ferimentos]. GlobalPost (em inglês). WGBH Educational Foundation. 17 de novembro de 2013. Consultado em 15 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 18 de novembro de 2013. Abdelqader Saleh [...] died in a Turkish hospital where he had been taken. 
  34. «As ISIS closes in, is it game over for Syria's opposition in Aleppo?». CNN. 15 de agosto de 2014. Consultado em 25 de agosto de 2014 
  35. «Too Big to Fall». Foreign Policy. 30 de julho de 2014. Consultado em 25 de agosto de 2014 
  36. «Guide to the Factions of the Syrian Civil War». Syria in Brief (em inglês). 11 de novembro de 2016. Consultado em 15 de novembro de 2016 
  37. @Syria_Rebel_Obs (15 de outubro 2016). «Liwa al-Tawhid (ONLY 4 battalions who defected from Jabhat ash-Shamiyah, retaking old brigade name) joining Nur ad-Din Zenki in #Aleppo.» (Tweet) – via Twitter 

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