Brigadas Vermelhas

organização terrorista italiana
 Nota: Este artigo é sobre um grupo guerrilheiro. Para o filme com Sharon Stone, veja Year of the Gun.
Brigadas Vermelhas
upright=!Artigos sem imagens

Prisão de Renato Curcio e
Alberto Franceschini em
8 de Setembro de 1974.

História
Fundação
Extinção
Quadro profissional
Tipo
Domínio de atividade
País
Organização
Membros
25 000
Presidentes
Renato Curcio (en)
Alberto Franceschini (en)
Margherita Cagol (en)
Orientação política
Posicionamento político

Brigadas Vermelhas (Brigate Rosse em italiano) (BR) é uma organização paramilitar de guerrilha comunista italiana[1] formada no ano de 1970.

Origens editar

A organização teve suas origens no movimento estudantil do final da década de 1960 e marcou fortemente a cena política italiana dos anos 70 e 80. Seus fundadores eram originários da Universidade Livre de Trento (Libera Università di Trento), como Renato Curcio, Margherita Cagol e Giorgio Semeria; de Reggio Emilia (Alberto Franceschini e Prospero Gallinari, estes últimos, jovens militantes da FGCI, a organização juvenil do PCI), do movimento operário (Mario Moretti, técnico da Sit-Siemens). Havia também muitos militantes provenientes da esquerda católica.

A formação das Brigadas Vermelhas teve lugar no contexto de lutas sociais no final dos anos 60. As greves dos trabalhadores abalaram as fábricas (Pirelli e Siemens em particular), levando parte do movimento operário a adoptar a "propaganda armada" como método de luta. As primeiras acções - destruição de veículos dos capatazes ou sequestro de gestores - reflectiram a composição social dos grupos armados. Entre as 1.337 pessoas condenadas por pertencerem às Brigadas Vermelhas, 70% eram trabalhadores, trabalhadores de serviços ou estudantes. O seu armamento provinha principalmente dos stocks da partidária da Segunda Guerra Mundial.[2]

O medo de um golpe de direita em Itália, como a ditadura dos coronéis em Grécia e a ditadura militar de Augusto Pinochet em Chile, num país ainda marcado pelo seu recente passado pelo fascismo, explica em parte porque é que o terrorismo de extrema-esquerda se desenvolveu em Itália mais do que em qualquer outro país da Europa. "Cresci com a ideia de que eles estavam a planear um golpe, como na Grécia ou no Chile. E que eles nos teriam matado. De facto, eles já tinham começado", explica Sergio Segio, um dos números dos Anos de Chumbo. De facto, entre 1969 e 1975, os ataques e a violência política foram principalmente atribuíveis a grupos de direita (95% de 1969 a 1973, 85% em 1974 e 78% em 1975)[2]

Ideologia e objetivos editar

 
Bandeira informal das BR

Majoritariamente identificadas com o marxismo-leninismo (Terceira Internacional) e bastante influenciadas pelo maoísmo (corriam os tempos da Revolução Cultural Chinesa) as BR pareciam ter maior densidade ideológica do que a maioria das organizações radicais da esquerda européia daqueles anos. No entanto estavam longe de ser uma organização monolítica, dada a grande variedade de tendências que abrigava.

A organização pregava a "via revolucionária", em contraste com a orientação reformista do Partido Comunista Italiano - PCI - e tinha como objetivo "atacar o projeto contra-revolucionário do capitalismo multinacional imperialista para construir o Partido Comunista Combatente e os organismos de massa revolucionários". Para tanto, pretendia debilitar o Estado italiano e preparar o caminho para uma revolução marxista, liderada pelo proletariado revolucionário, que levasse a Itália a separar-se da Aliança Ocidental.

Atividade editar

 
Imagem de cativeiro do sequestro de Aldo Moro.

No primeiro período de atividade, a luta política das BR consistiu em atentados incendiários contra veículos dos dirigentes de fábricas, panfletagem, sequestros relâmpago e consequentes exposições midiáticas de dirigentes.

A maioria dos ataques das BR teve como alvo símbolos do establishment - sindicalistas, políticos e homens de negócios. Sob a direção de Renato Curcio, a organização inspirou-se no modelo dos Tupamaros uruguaios e adotou o lema de "muerde y huye".

Entre 1970 e 1973, as BR criaram células secretas e iniciaram seu ataque "ao coração do Estado, da economia e da produção".

Após a prisão de Curcio a liderança da organização foi assumida por Mario Moretti que, em 16 de março de 1978, conduziu o sequestro e, após um longo período de cativeiro e negociações infrutíferas com o governo, à execução de Aldo Moro, ex-primeiro-ministro e presidente da Democracia Cristã Italiana. O caso gerou uma grande comoção no país e na comunidade internacional, marcando o início do declínio das Brigadas Vermelhas.

Ao se iniciarem os anos 1980, cerca de 500 brigadistas já estavam na prisão e apesar dos esforços da organização em realizar uma ofensiva para controlar "fábricas, bairros, cadeias e colégios", a polícia italiana acabou por obter a "colaboração" de vários dos presos, em troca de redução de suas penas. Daí em diante, as Brigadas Vermelhas entraram em um período de declínio.

Problemas internos, crise ideológica, falhas operacionais e a detenção de seus principais líderes minaram a coesão do grupo que, em 1984, cindiu-se em duas partes, dando origem ao Partido Combativo Comunista (BR-PCC) e à União Comunista Combativa (BR-UCC). Daí em diante, seus integrantes buscaram o apoio do lumpemproletariado, da KGB através da Tchecoslováquia, dos palestinos e de diferentes grupos revolucionários. No entanto, um cuidadoso plano policial e judicial conseguiu neutralizar as ações do o grupo e reduzi-lo até o seu quase desaparecimento.

Ver também editar

Referências

  1. [1] Segundo a enciclopédia Encarta. (em italiano)
  2. a b Bonelli, Laurent (1 de outubro de 2011). «The secret lives of terrorists» (em inglês) 

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Brigadas Vermelhas