Neuróglia

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As células da glia, geralmente chamadas neuróglia, nevróglia, gliócitos ou simplesmente glia (em grego, γλία : "cola") [1], são células não neuronais do sistema nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios.

Geralmente arredondadas, no cérebro humano as células da glia são encontradas em frequência próxima a 1:1 em relação aos neurônios [2] pelas estimativas mais recentes. Esse valor, aceite atualmente, difere em algumas ordens de grandeza em relação a outras estimativas que eram difundidas anteriormente e que previam uma quantidade de células da glia, aproximadamente, 1000 vezes maior que a dos neurônios no corpo humano.[3]Ao contrário do neurônio, que é amitótico, nas células gliais ocorre a mitose.

Por décadas, neurocientistas acreditaram que os neurônios eram os responsáveis por toda a comunicação no cérebro e sistema nervoso, e que as células gliais, embora nove vezes mais numerosas que os neurônios, apenas os alimentavam. Novas técnicas de imagem e instrumentos de “escuta” mostram que as células gliais se comunicam com os neurônios e umas com as outras.[4][5] As células gliais são capazes de modificar esses sinais nas fendas sinápticas entre os neurônios e podem até mesmo influenciar o local da formação das sinapses. Devido a essa proeza, as células gliais podem ser essenciais para a aprendizagem e para a construção de lembranças, além de importantes na recuperação de lesões neurológicas. Experiências para provar isso estão em andamento.

Tipos de células gliais editar

Microglia editar

Microglia consiste em macrófagos especializados, capazes de fagocitar, que protegem os neurônios. São as menores de todas as células gliais e correspondem a 15% de todas células do tecido nervoso.

Da microglia fazem parte as células ependimárias.

Macroglia editar

Os tipos de células da macroglia são astrócitos, oligodendrócitos e células de Schwann, ambos formados a partir de glioblastos, [6][7]que são células embrionárias de derivação neuroepitelial. Por volta da quinta semana de vida fetal, ocorre o fechamento do tubo neural e a formação do sulco neural, a partir do qual se forma a primitiva medula espinhal, constituída de epitélio pseudoestratificado (estrato neuroepitelial). Ali, as células se multiplicam e se diferenciam em neuroblastos (precursores dos neurônios) e glioblastos. Quando cessa a produção de neuroblastos, os glioblastos migram pela camada de substância cinzenta (camada interna da medula espinhal), dando origem aos astrócitos, e pela camada de substância branca (camada externa), onde se diferenciam em oligodendrócitos.

Localização Nome Descrição
SNC Astrócitos

Forma estrelada; sinalização celular; a comunicação neurónio-astrócito dá-se em ambas as direcções; os pés dos astrócitos ligam neurónios e vasos sanguíneos (função nutritiva).

SNC Oligodendrócitos

Fabricação da mielina a partir de lípidos e proteínas; neurónios do SNC revestidos por oligodendrócitos.

SNC Glioblastos Na Retina esta é a principal célula glial e participa na comunicação bidirecional dos neurónios.

Funções editar

As principais funções das células da glia são cercar os neurônios e mantê-los no seu lugar, fornecer nutrientes e oxigênio para os neurônios, isolar um neurônio do outro, destruir patógenos e remover neurônios mortos. Mantêm a homeostase, formam mielina e participam na transmissão de sinais no sistema nervoso.

As células da glia têm a importante função de produzir moléculas que modificam o crescimento de dendritos e axónios. Descobertas recentes no hipocampo e cerebelo indicam que também participam ativamente nas transmissões sinápticas, regulando a liberação de neurotransmissores ou liberando-os elas mesmas, e liberando ATP que modela funções pré-sinápticas.

São cruciais na reparação de neurônios que sofreram danos: no sistema nervoso central, a glia impede a reparação (os astrócitos alargam e proliferam, de modo a produzirem mielina e moléculas que inibem o crescimento de um axónio lesado); no sistema nervoso periférico , as células de Schwann promovem a reparação.

Referências

  1. Relações morfofuncionais entre os neurônios e as células da glia: um estudo histológico. Por Marta Pinheiro. Vita et Sanitas, Trindade, Goiás, v. 1, n° 01, 2007.
  2. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome pmid27187682
  3. [https://web.archive.org/web/20120825002207/http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/afinal-quantas-celulas-tem-o-cerebro-humano Arquivado em 25 de agosto de 2012, no Wayback Machine. Afinal, quantas células tem o cérebro humano? Por Roberto Lent. Ciência Hoje, 27 de fevereiro de 2009.
  4. Tripartite synapses: glia, the unacknowledged partner. Por Alfonso Araque, Vladimir Parpura, Rita P. Sanzgiri e Philip G. Haydon. Trends in Neuroscience vol. 22, n° 5, 1999, pp 208-215
  5. Glia: dos velhos conceitos às novas funções de hoje e as que ainda virão. Por Flávia Carvalho Alcantara Gomes, Vanessa Pereira Tortelli e Luan Diniz. Estudos Avançados vol. 27, n° 77. São Paulo, 2013 ISSN 0103-4014
  6. Treccani Dizionario di Medicina (2010). Glioblasto
  7. Sviluppo del midollo spinale. Por Luciana Castaldo. Federica e-Learning. Progetto "Campus Virtuale" dell'Università degli Studi di Napoli Federico II.

Ligações externas editar


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