Os Caifases foram grupos abolicionistas do Brasil, que, no final do século XIX, liderados por Antônio Bento - esse que fora juiz de paz e juiz municipal em Atibaia, nos cargos que ocupara, também exerceu em 1870 advocacia e jornalismo, defendera sempre os escravos ante a opressão senhorial (senhores de engenho, fazendeiros, cafeicultores.) [1]

Eles organizavam fugas coletivas no final do século XIX, ou "roubavam os escravos de seus senhores" para enviá-los ao quilombo do Jabaquara na cidade de Santos e de lá para a província do Ceará, que já decretara a Abolição da Escravidão. Eles também perseguiram os capitães do mato, e ameaçavam os senhores escravistas. O movimento de libertação dos escravos paulista surgiu com o poeta Luís Gama e, após sua morte, Antônio Bento assumiu a liderança do movimento.[2][3]

O nome Caifases foi inspirado em uma passagem do evangelho de São João (Jo. 11,50) em que sentencia Caifás: “Vós nada sabeis, nem compreendeis que convém que um homem morra pelo povo, para que o povo todo não pereça? E entregou Jesus a Pilatos”.[2]

A eficácia do movimento foi tão grande que a maioria das cidades paulistas já haviam decretado a libertação dos escravos negros antes da Lei Áurea de 1888.[2]

Contexto editar

Há um grande contexto de enfraquecimento da escravidão no brasil durante o final do século XIX. Por um lado, desde a independência no mínimo houve o recrutamento de escravizados para o exército. Por outro lado somente após a Guerra do Paraguai, o movimento abolicionista no exército cresceu devido ao contato dos militares brasileiros com regiões onde a escravidão não existia mais, com isso o apoio a escravidão no exército diminuía cada vez mais, devido a este contato e a pressão de militares negros. Enquanto isso, a população livre cresceu de 2 milhões até 14 milhões de 1822 até 1888, enquanto a população escravizada cresceu de 1 milhão para 1,5 milhão. Isso fez com que a população livre deixasse de ser dependente da escravidão fortalecendo o apoio abolicionismo abolicionismo entre as pessoas brancas.[4] Com esse enfraquecimento da escravidão um movimento popular liderado por José Luis Napoleão e Francisco José do Nascimento no qual os jangadeiros cearenses se recusaram a transportar escravos para o porto forçando assim a Abolição da escravidão no Ceará.[5]

Táticas editar

Os Caifases se infiltravam disfarçados nas senzalas libertando os escravos ali presentes. depois os insurgentes escondiam os escravos em suas propriedades e usavam as ferrovias-que haviam sido construídas, para transportar café até o porto-para leva-los até o quilombo do Jabaquara em Santos, a partir do qual eles eram levados até o Ceará, onde a escravidão já havia sido abolida.[6]

Ver tambem editar

Referências

  1. Grillo, André (6 de setembro de 2017). «Trabalho, Cultura e produção cultural: notas para uma sociologia do trabalho com arte e cultura no Brasil». Ciências Sociais Unisinos (3). ISSN 2177-6229. doi:10.4013/csu.2017.53.3.03. Consultado em 28 de novembro de 2021 
  2. a b c Souza e Castro, Luiz Antônio Muniz de, e Orsi, Débora Fiuza de Figueiredo, A Redenção de Antônio Bento, biografia, ISBN 978-65-00-02695-5, p. 137.
  3. MARQUES, Márcio. «Discriminação» (PDF). Faculdade de Direito de Campos. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  4. VICENTINO, Claudio, José Bruno (2019). Projeto Teláris, História 8° ano. São Paulo: Ática. ISBN 978-85-08-19350-9 
  5. «13 de maio: como dois Estados brasileiros aboliram a escravidão antes de 1888». G1. Consultado em 29 de novembro de 2021 
  6. admin (23 de dezembro de 2015). «Caifazes». Portal São Francisco. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
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