A família Calceolariaceae está inserida na ordem Lamiales (classe Magnoliopsida), a qual abriga mais de 20.000 espécies distribuídas em 22 famílias.  

Essa família apresenta representantes tanto arbustivos quanto herbáceos, com folhas opostas e serrilhadas que podem ser unidas na base. Suas flores apresentam filotaxia tetrâmera, geralmente com dois estames, e não apresentam nectário. Além disso, a variação floral das plantas Calceolariaceae é notável a partir da forma e tamanho dos lóbulos da corola, mas também por meio da morfologia dos estames e o formato do cálice. Ainda, podem variar devido à presença ou não de uma glândula secretora de óleo, o  elaióforo,[1] da qual as abelhas coletam óleos florais enquanto polinizam passivamente as flores.[2]

Além disso, essas plantas são usadas como plantas ornamentais e são muito utilizadas, também, na medicina, por apresentarem propriedades analgésicas, digestivas e diuréticas, envolvendo tratamentos relacionados ao [3] estômago, por exemplo. Ainda, algumas plantas possuem potencial para atuar como pesticida no controle de insetos e pragas,  oferecendo maior e melhor biodegradabilidade, além de baixa toxicidade aos mamíferos e uma fonte natural de combate às pragas, por terem ativos biológicos naturais[4].


Como ler uma infocaixa de taxonomiaCalceolariaceae
Calceolaria integrifolia
Calceolaria integrifolia
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales
Família: Calceolariaceae
Géneros
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Morfologia editar

As angiospermas da família Calceolariaceae variam morfologicamente entre ervas e arbustos, com folhas majoritariamente opostas, apesar de representantes com folhas alternas ou verticiladas já terem sido observados. Ainda quanto às folhas, estas são simples, possuem suas margens inteiras ou serreadas e não apresentam estípulas. Suas flores compõem uma inflorescência do tipo cimosa, sendo muito chamativas, com cores variadas e ornamentadas. Elas são diclamídeas, monóclinas, zigomorfas, com filotaxia tetrâmera e cálice e corola muito bem definidos, sendo que esse é dialissépalo e esta, gamopétala. Quanto às peças florais férteis, as Calceolariaceae, em geral, apresentam dois estames (Porodittia apresenta três) epipétalos, estigma pequeno com ápice bilobado ou terminando em uma estrutura compacta distinta. Além disso, dispõem de ovários súperos, em sua maioria, e biloculares.

  O fruto dessas angiospermas é do tipo cápsula, com deiscência septicida ou loculicida.

Diversidade Taxonômica editar

A família Calceolariaceae possui 3 gêneros (Calceolaria, Jovellana, e Stemotria - Poroditta ) e 310 espécies atualmente descritas[1]. As angiospermas dessa família ocorrem principalmente na América do Sul, mas há ocorrências na América Central e Nova Zelândia sendo, portanto considerada Austral-Antártico[5].

O principal gênero dentro dessa família é o Calceolaria, com predomínio da região dos Andes[6]. Este possui aproximadamente 250 espécies, ocorrendo em altas altitudes ao longo dos Andes, além de serem observados a nível do mar nas costas do  Pacífico e do Atlântico na Patagônia. O gênero Jovellana, por sua vez, é distribuído no Chile com duas espécies e na Nova Zelândia com quatro espécies, totalizando 6 espécies representantes. Já Stemotria (Poroditta) é representada por uma única espécie, a Stemotri triandra[7].

Esses gêneros divergem principalmente em relação à morfologia[7], onde Jovellana e Calceolaria possuem uma corola bilabiada e dois estames, enquanto Stemotria se destaca por ter três estames em vez de dois e um lábio inferior bilobado, resultando em uma corola trímera. O que diferencia a Calceolaria dos demais gêneros é seu traço floral com um lábio inferior inflado com um lobo mediano dobrado, o qual contém uma mancha de tricomas secretores de óleo, o elaióforo associado aos polinizadores.

Relações Filogenéticas editar

As [7] plantas dessa família sofreram grandes modificações quanto à sua posição na árvore filogenética. Estas ocorreram a nível de família, já que sempre estiveram inseridas na classe Magnoliopsida e na ordem Lamiales[8]. No entanto, Calceolariaceae, antes, era um grupo dentro da família Scrophulariaceae, que era polifilética e apresentava mais de 5.000 espécies em 270 gêneros. Vários grupos foram incluídos na família Scrophulariaceae, alguns foram retirados e inseridos em outras famílias preexistentes e outros, como o das Calceolariaceae, formaram famílias próprias.

A família em questão é grupo-irmão de um clado que inclui, entre outras, as famílias Gesneriaceae, Lamiaceae, Bignoniaceae e Acanthaceae.

Distribuição Geográfica editar

A família Calceolariaceae é distribuída em regiões temperadas e tropicais na Nova Zelândia e América Central e do Sul. Na América, essa família ocorre do México ao arquipélago da Terra do Fogo, extremo sul da América do Sul, como também em altas altitudes ao longo dos Andes até ao nível do mar nas costas do Atlântico e do Pacífico, na Patagônia[9][10].[11]

Ocorrências no Brasil e Espécies brasileiras editar

De acordo com o Sistema de Informação de Biodiversidade Brasileira (SiBBR)[12], no Brasil há 215 registros para a família Calceolariaceae, distribuídas no centro oeste e, principalmente, no sul e sudeste do país.

Em relação às espécies encontradas no Brasil[13], apenas  uma foi descrita, a Calceolaria tripartita Ruiz & Pav., de acordo com o Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Ela é nativa e não endêmica das regiões sudeste (Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro) e sul (Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul).

Gêneros editar

Ver também editar

 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Calceolariaceae

Ligações externas editar

 
Categoria

Referências

  1. a b Molau, Ulf (março de 1991). «GENDER VARIATION IN BARTSIA ALPINA (SCROPHULARIACEAE), A SUBARCTIC PERENNIAL HERMAPHRODITE». American Journal of Botany (3): 326–339. ISSN 0002-9122. doi:10.1002/j.1537-2197.1991.tb15195.x. Consultado em 29 de março de 2023 
  2. Strelin, Marina M.; Cosacov, Andrea; Diller, Martin; Sérsic, Alicia N. (24 de setembro de 2013). «Study of the polymorphism of the PatagonianCalceolaria polyrhiza(Calceolariaceae) using decision tree and sequential covering rule induction». Botanical Journal of the Linnean Society (3): 487–500. ISSN 0024-4074. doi:10.1111/boj.12078. Consultado em 29 de março de 2023 
  3. Cespedes, Carlos L.; Aqueveque, Pedro M.; Avila, José G.; Alarcon, Julio; Kubo, Isao (1 de junho de 2015). «New advances in chemical defenses of plants: researches in calceolariaceae». Phytochemistry Reviews (em inglês) (3): 367–380. ISSN 1572-980X. doi:10.1007/s11101-014-9392-y. Consultado em 29 de março de 2023 
  4. Céspedes, C. L.; Muñoz, E.; Lamilla, C.; Molina, S. C.; Alarcón, J. (janeiro de 2013). «Insect growth regulatory, moulting disruption and insecticidal activity of Calceolaria talcana (Calceolariaceae: Scrophulariaceae) and Condalia microphylla cav. (Rhamnaceae).». UK: CABI: 214–238. Consultado em 29 de março de 2023  line feed character character in |título= at position 75 (ajuda)
  5. Andersson, Stephan (fevereiro de 2006). «On the phylogeny of the genus Calceolaria (Calceolariaceae) as inferred from ITS and plastid matK sequences». TAXON (em inglês) (1): 125–137. ISSN 0040-0262. doi:10.2307/25065534. Consultado em 29 de março de 2023 
  6. «Detalha Taxon Publico». floradobrasil.jbrj.gov.br. Consultado em 29 de março de 2023 
  7. a b c Cosacov, Andrea; Sérsic, Alicia N.; Sosa, Victoria; De-Nova, J. Arturo; Nylinder, Stephan; Cocucci, Andrea A. (dezembro de 2009). «New insights into the phylogenetic relationships, character evolution, and phytogeographic patterns of Calceolaria (Calceolariaceae)». American Journal of Botany (em inglês) (12): 2240–2255. doi:10.3732/ajb.0900165. Consultado em 29 de março de 2023 
  8. Mayr, E. M.; Weber, A. (1 de março de 2006). «Calceolariaceae: floral development and systematic implications». American Journal of Botany (3): 327–343. ISSN 0002-9122. doi:10.3732/ajb.93.3.327. Consultado em 29 de março de 2023 
  9. Garbarino, Juan A.; Cristina Chamy, Marı́a; Piovano, Marisa; Espinoza, Luis; Belmonte, Eliana (abril de 2004). «Diterpenoids from Calceolaria inamoena». Phytochemistry (7): 903–908. ISSN 0031-9422. doi:10.1016/j.phytochem.2004.02.003. Consultado em 29 de março de 2023 
  10. Engler, Adolf (1903). Syllabus der Pflanzenfamilien : eine Übersicht über das gesamte Pflanzensystem mit Berücksichtigung der Medicinal- und Nutzpflanzen nebst einer Übersicht über die Florenreiche und Florengebiete der Erde zum Gebrauch bei Vorlesungen von Adolf Engler. Berlin :: Borntraeger, 
  11. Braz, Dejanira Ferreira. «Influência do fluxo de umidade na distribuição da precipitação na América do Sul». Consultado em 29 de março de 2023 
  12. Bandeira, Pablo Matias; Freire, Isa Maria (16 de abril de 2017). «Movimento de Acesso Aberto no Brasil: contribuição do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia a partir da implementação do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas». Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia (1). ISSN 1981-0695. doi:10.22478/ufpb.1981-0695.2017v12n1.33788. Consultado em 29 de março de 2023 
  13. FELIPE BIANCHI ABTIBOL, LUIZ. «TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA DIRETA NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL: ESTUDO DE CASO NO INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO». Consultado em 29 de março de 2023 
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