Camponeses (Reymont)


Camponeses (em polonês/polaco: Chłopi) é um romance escrito pelo autor polaco Prémio Nobel da Literatura Władysław Reymont tendo sido publicado em quatro partes entre 1904 e 1909. Władysław Reymont começou a escrevê-lo em 1897, mas por causa de um acidente de comboio e a problemas de saúde levou sete anos a terminá-lo. As primeiras partes da história foram publicadas no jornal intitulado Tygodnik Ilustrowany.

Camponeses
Camponeses (Reymont)
Primeira página do manuscrito
Autor(es) Władysław Reymont
Idioma Polaco
Género Romance
Cronologia
Ziemia Obiecana (Terra Prometida, 1897)
Marzyciel (Sonhador, 1910)

O romance foi traduzido em 27 línguas.

Descrição editar

Cada uma das quatro partes representa uma estação do ano na vida dos camponeses - Outono (publicada em 1904), Inverno (publicada em 1904), Primavera (publicada em 1906), e Verão (publicada em 1909). Esta divisão sublinha o relacionamento da vida humana com natureza.

Análise editar

Reymont decidiu escrever sobre a vida do campo por causa de acontecimentos históricos que ocorreram nas aldeias polacas no princípio do século XX. O fato do autor ter sido criado numa aldeia tem uma influência significativa no enredo do romance.

Em Camponeses, Reymont criou um retrato mais completo e sugestivo da vida do campo do que qualquer outro escritor polaco. O romance impressiona o leitor pela autenticidade da realidade material, dos costumes, do comportamento e da cultura espiritual das pessoas. É ainda mais autêntico por ter sido escrito no dialeto local de Łowicz. Não somente Reymont usou o dialeto nos diálogos, mas também na narração, criando uma espécie de língua universal dos camponeses polacos. Graças a isto, apresenta a realidade colorida da cultura “falada” das pessoas melhor do que qualquer outro autor. Fixou a ação do romance em Lipce, uma aldeia real que ele conheceu durante o seu trabalho nos caminhos de ferro próximo de Skierniewice, e restringiu a época dos eventos a dez meses no não especificado “agora” do século XIX. Não é a história que determina o ritmo da vida do campo, mas “a época não especificada” das repetições eternas..

A composição do romance surpreende o leitor com a sua simplicidade e funcionalidade estritas. Os títulos dos vários volumes sinalizam uma tetralogia num ciclo da vegetação, que regula o ritmo eterno e repetido da vida do campo. Paralelo a esse ritmo há um calendário da religião e dos costumes, também repetido. Assim balizado, Reymont criou uma comunidade do campo colorida com retratos individuais agudamente fixados. O repertório de experiência humana e a riqueza da vida espiritual, que pode ser comparado com a variedade dos livros bíblicos e dos mitos gregos, não tem nenhum objectivo doutrinal ou de exemplificação didáctica. O autor de Camponeses não acredita em doutrinas, mas antes no seu próprio conhecimento da vida, da mentalidade dos povos descritos, e do seu sentido da realidade. É fácil apontar momentos de naturalismo (por exemplo. alguns elementos eróticos) ou motivos característicos do simbolismo. É igualmente fácil provar os valores realistas do romance. Nenhuns dos “ismos”, no entanto, seriam bastantes para o descrever.

Personagens principais editar

  • Maciej Boryna – o homem mais rico da aldeia e o principal herói do romance.
  • Antek Boryna – filho de Maciej, marido de Hanka
  • Hanka Boryna – esposa de Antek e mãe de três crianças
  • Jagna – uma linda rapariga de 19 anos e a principal personagem feminina.

Principais temas e acontecimentos editar

  • O conflito entre Antek e o seu pai relacionado com um pedaço de terra e um linda mulher – Jagna.
  • Luta de Hanka para salvar o seu casamento e a família.
  • A comovente história do lavrador Jakub.
  • O apaixonado e tumultuoso amor entre Antek e Jagna.

Costumes e tradições editar

Camponeses trata não apenas da vida quotidiana das pessoas, mas também das tradições ligadas às mais importantes festas polacas.
1. Tradições ligadas ao noivado e casamento:

  • preparação para o noivado e um casamento
  • decoração de um salão de baile
  • o corte de cabelo da noiva (símbolo do começo de uma nova vida)
  • a primeira dança num casamento é dedicada à noiva
  • jogos num casamento, etc.

2. Tradições ligadas ao Natal:

  • confecção de bolos, cozinhar as refeições do Natal
  • venda das "broas sagradas" pelos grupos de cantores
  • jantar de Natal
  • ir à igreja para a missa da meia noite

3. Tradições ligadas à Páscoa:

  • ovos "a morrer"
  • “Segunda feira molhada” (Śmigus-Dyngus - de manhã cedo os rapazes acordam as raparigas e entornam baldes de água sobre as suas cabeças e golpeiam as suas pernas com galhos ou ramos finos de salgueiro, vidoeiro ou de outras árvores)

4. Tradições da vida diária:

Adaptações para filme e televisão editar

A partir do romance foi realizado em 1922 um filme dirigido por E. Modzelewski bem como em 1972 uma minissérie de televisão dirigida por Jan Rybkowski.

Ligações externas editar

Referências editar