Canaã (romance)

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Canaã[1] é um livro de Graça Aranha publicado no Brasil pela primeira vez em 1902. O romance-novela aborda a imigração alemã no estado do Espírito Santo, por intermédio do conflito entre dois personagens principais, Milkau e Lentz, que representam diferentes linhas filosóficas.[2]

Canaã
Autor(es) Graça Aranha
Idioma português
País  Brasil
Gênero Romance
Localização espacial Espírito Santo
Editora H. Garnier
Lançamento 1902
Páginas 360

Temas como opressão feminina, imperialismo germânico, militarismo, corrupção dos administradores públicos, ostracismo, conflito de adaptação à nova terra são tratados nesse romance.[3]

Sinopse editar

Milkau e Lentz são dois jovens alemães que imigram para Porto do Cachoeiro, no Espírito Santo. Trabalhando como colonos, desenvolvem uma relação de amizade e de competição, ao expressarem duas filosofias de vida diferentes.[4][5]

Maria, filha de imigrantes que trabalha para a família Kraus, é seduzida pelo filho do patrão. Após muitas vicissitudes, dá à luz seu filho no mato, onde a criança é devorada pelos porcos. Maria, acusada de matar seu filho, é presa e resgatada por Milkau, que foge com ela para a sua Canaã, a terra prometida, em busca da liberdade.[3][6]

Estudo crítico editar

Canaã foi inspirado no naturalismo filosófico alemão e inaugurou uma nova fase do romance brasileiro, com a fusão entre realismo e simbolismo.[7] O livro pertence à fase pré-modernista brasileira, que apresenta a renovação formal, a nacionalização, o regionalismo e a preocupação com a realidade nacional. Reflete sobre uma situação histórica nova ou até então não considerada, a imigração alemã no Espírito Santo, o que lhe confere o caráter inovador próprio do pré-modernismo.[8]

Afrânio Coutinho destaca no livro alguns aspectos principais: o aspecto descritivo e realista, a fixação da paisagem, as impressões visuais, tácteis e olfativas.[9]

Canaã representou a ligação entre as correntes histórias e filosóficas do final do século XIX e a revolução modernista da segunda década do século XX. Esta obra apresentou ao Brasil um novo estilo de romance: o romance-tese, em que o debate de ideias filosóficas se integra à narrativa e muitas vezes a suplanta em importância. Milkau e Lentz representam duas ideologias postas em contraste: o universalismo (Milkau) e o divisionismo (Lentz), entre a “lei do amor” (Milkau) e a “lei da força” (Lentz).[3][4]

Ver também editar

Notas e referências

  1. Na ortografia da época, Chanaan.
  2. Paes, José Paulo (Dezembro de 1991). «Canaã: o horizonte racial». Estudos Avançados. 5 (13): 161–179. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141991000300010. Consultado em 1 de fevereiro de 2019 
  3. a b c «Canaã de Graça Aranha». www.micropic.com.br. Micropic - Noronha (salvo em Wayback Machine). Consultado em 15 de agosto de 2011 
  4. a b Gonzaga, Sérgio. «Pré-Modernismo - Graça Aranha». educaterra.terra.com.br. Educa Terra - Literatura Brasileira (salvo em archive.is). Consultado em 15 de agosto de 2011 
  5. «Canaã, de Graça Aranha». www.passeiweb.com. Passeiweb. Consultado em 15 de agosto de 2011 
  6. EW, Atelaine Normann; FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. Literatura Brasileira e Portuguesa. In: LUFT, Celso et al. Novo Manual de Português. 3. ed. São Paulo: Editora Globo, 1996. p. 343
  7. EW, A. N.; FILIPOUSKI, A. M. R. Apud LUFT, 1996. p. 343
  8. Nunes Bittencourt, Renato (Outubro de 2009). «Graça Aranha e a Polêmica Filosófica sobre a Identidade Brasileira». UNOPAR Cient., v.10, n.2. pp. 23–34. Consultado em 1 de fevereiro de 2019 
  9. COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. V.3, pp. 240-242. Apud LUFT et al, 1996. p. 343

Ligações externas editar

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