Carlomano, filho de Carlos Martel

Carlomano (c. 715Vienne, 754) foi o filho mais velho de Carlos Martel, prefeito do palácio e duque dos francos, e de sua esposa, Rotrude de Trèves.

Carlomano
Carlomano, filho de Carlos Martel
Nascimento entre 706 e 716
Morte 17 de julho ou 17 de agosto de 754
  Vienne, Isère
Sepultado em Abadia do Monte Cassino
Pai Carlos Martel
Mãe Rotrude de Trèves

Com a morte de Carlos, em 741, Carlomano e seu meio irmão, Pepino o Breve, sucederam ao pai — Pepino na Nêustria e Carlomano na Austrásia. Carlomano foi o instrumento na consolidação do poder às custas dos reis merovíngios dos francos. Ele desistiu da vida pública em 747 para assumir a vida monástica na Abadia de Monte Cassino.

Subida ao poder editar

Após a morte de seu pai, o poder inicialmente dividido não incluía Grifo, outro filho de Carlos Martel, de acordo com os desejos do próprio Martel, apesar de Grifo reclamar uma porção dos domínios a seus irmãos, que negaram. Em 742, Carlomano e Pepino expulsaram Grifo e forçaram-no a ingressar em um monastério, e cada um voltou sua atenção para sua área de influência como prefeito do palácio. Pepino no oeste (no que era chamado Nêustria, aproximadamente o que agora é a França) e Carlomano no leste (no que era chamado Austrásia, aproximadamente a atual Alemanha).

Com Grifo sob controle, os dois prefeitos, que ainda não haviam sido provados em batalha na defesa de seus domínios como seu pai, por iniciativa de Carlomano, instalaram o rei merovíngio Quilderico III como rei em 743, embora Martel tenha deixado o trono vago desde a morte de Teodorico IV em 737.

Diferentemente da maioria dos casos medievais de divisão fraternal de poder, Carlomano e Pepino por sete anos permaneceram no mínimo desejosos de trabalhar juntos; certamente, eles se responsabilizaram por várias ações militares juntos. Carlomano juntou-se a Pepino contra as revoltas lideradas por Hunaldo da Aquitânia em 742 e 745. Pepino ajudou Carlomano contra os saxões em 742-743 e contra Odilo da Baviera em 742 e 744, quando a paz foi estabelecida entre os irmãos e seu cunhado, com o casamento de Odilo com Quiltruda, irmã dos dois governantes francos.

Fortalecimento da dinastia editar

Dinastia carolíngia
Pipinida
Arnulfida
Carolíngia
Após o Tratado de Verdun (843)

Nos seus domínios, Carlomano fortaleceu sua autoridade em parte via seu apoio ao missionário anglo-saxão Vinfrido (depois São Bonifácio, o assim chamado "Apóstolo dos Alemães", a quem ele atribuiu a tarefa da reconstrução da igreja na Austrásia. Isto era em parte a continuação da política iniciada por seu avô, Pepino de Herstal, e que continuou em menor medida sob Carlos Martel. Carlomano foi essencial na reunião do Concilium Germanicum em 742, o primeiro grande sínodo a incluir as regiões orientais do reino franco. Dirigido juntamente por ele e Bonifácio, o sínodo determinou que aos padres não era permitido carregar armas ou possuir mulheres em suas casas e que era uma de suas tarefas primordiais erradicar as crenças pagãs. Enquanto seu pai frequentemente confiscava as propriedades da Igreja para recompensar seus seguidores e para pagar o exército permanente que lhe deu a vitória em Tours, em 742 os carolíngios estavam ricos o bastante para pagar seus militares e ainda ajudar a Igreja. Para Carlomano, um homem profundamente religioso, era uma ação de amor; para Pepino, uma ação prática. Ambos viam a necessidade de fortalecer os laços entre a sua casa e a Igreja. Então, procurou aumentar as posses da Igreja. Ele doou, por exemplo, as terras para uma das mais importantes fundações de Bonifácio, o monastério de Fulda.

Crueldade política editar

Apesar da sua piedade, Carlomano poderia ser cruel contra oponentes reais ou possíveis. Após repetidas revoltas armadas e rebeliões, Carlomano em 746 convocou uma assembleia de nobres alamanos em Cannstatt e então a maioria deles, contados em milhares, foram presos e executados por alta traição no evento conhecido como corte de sangue de Cannstatt. Isso erradicou praticamente toda a liderança tribal dos Alamanos e acabou com a independência do ducado tribal da Alamânia, que foi a partir de então governado por condes indicados pelos soberanos francos.

Estas ações fortaleceram a posição de Carlomano, e da sua família como um todo, especialmente em termos de suas rivalidades com outras famílias principais bárbaras tais como os angilofingos bávaros.

Abandono da vida pública editar

Em 15 de Agosto de 747, Carlomano renunciou à sua posição de prefeito do palácio e se retirou para uma vida monástica, sendo tonsurado em Roma pelo papa Zacarias. Ele fundou Monte Soracte e então foi para Monte Cassino. Todas as fontes do período indicam que seu desejo era a Igreja. Ele sentiu que tinha feito suas obrigações para com a família por seis anos na eliminação cruel de seus inimigos e no fortalecimento da dinastia. Tendo completado o que ele achava serem suas tarefas seculares, retirou-se para um monastério e passou a maior parte do restante da sua vida lá, presumidamente em meditação e oração.

À época da retirada de Carlomano, Grifo escapou de seu cativeiro e fugiu para a Baviera, onde o duque Odilo lhe forneceu ajuda e assistência. Mas quando Odilo morreu um ano depois e Grifo tentou tomar o Ducado da Baviera para si, Pepino, que havia se tornado o único major domo e dux et princeps Francorum, tomou a ação decisiva de invadir a Baviera e instalar o filho infante de Odilo, Tassilo III, como duque sob suserania franca. Grifo continuou sua rebelião, mas foi finalmente morto na batalha de Saint-Jean-de-Maurienne em 753.

Sete anos após a retirada de Carlomano e às vésperas de sua morte, ele voltou brevemente à vida pública. Em 754, o papa Estêvão III havia pedido a Pepino, agora rei, para vir em seu auxílio contra o rei dos lombardos, Astolfo. Carlomano deixou Monte Cassino para visitar seu irmão e lhe pedir que não invadisse a Itália em auxílio ao papa.[1] Pepino não lhe atendeu e ali Carlomano permaneceu até ser enviado, doente, a Vienne, onde morreu em 17 de agosto. Ele foi sepultado em Monte Cassino.

Pais editar

Era filho de Carlos Martel (c. 688–741) e Rotrude de Trèves (c. 695–724).

Casamentos e filhos editar

  • com ? (◊ ? † ?)
  1. Drogo (◊ ? † ?)

Referências

  1. Annales regni francorum. [S.l.: s.n.] 10 páginas 

Ligações externas editar

 
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Precedido por
Carlos Martel
Prefeito do palácio da Austrásia
741 - 747
Sucedido por
O titulo deixa de existir
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