Carlos Fernando, Príncipe de Cápua

Carlos Fernando de Bourbon-Duas Sicílias, Príncipe de Cápua (em italiano: Carlo Ferdinando di Borbone-Due Sicilie; Palermo, 10 de novembro de 1811Turim, 22 de abril de 1862), foi um Príncipe Real das Duas Sicílias, Príncipe de Cápua e Vice-Almirante da frota real das Duas Sicílias. O quarto filho do rei Francisco I e de sua segunda esposa, a infanta Maria Isabel da Espanha.[1]

Carlos Fernando
Príncipe Real das Duas Sicílias
Príncipe de Cápua
Carlos Fernando, Príncipe de Cápua
Nascimento 10 de novembro de 1811
  Palácio Real de Palermo, Palermo, Duas Sicílias
Morte 22 de abril de 1862 (50 anos)
  Turim, Itália
Sepultado em Villa di Marlia, Lucchesia
Nome completo Carlo Ferdinando
Cônjuge Penelope Smyth
Descendência Francisco, Conde de Mascali
Vitória, Condessa de Mascali
Casa Bourbon-Duas Sicílias
Pai Francisco I das Duas Sicílias
Mãe Maria Isabel da Espanha
Religião Catolicismo

Biografia editar

Carlos foi o quarto filho de Francisco, Duque da Calábria (depois rei Francisco I das Duas Sicílias) e sua segunda esposa, a infanta Maria Isabel da Espanha.[2][3] Com a ascensão de seu pai ao trono, em 1825, recebeu o título de Príncipe de Cápua.[nota 1] De personalidade frívola e extrovertida, Carlos era tido como o filho favorito do casal real.[5] Após haver iniciado os estudos com o monsenhor Agostino Olivieri, foi enviado para a carreira militar, alcançando o posto de vice-almirante da marinha real aos dezenove anos de idade.[3][5]

Em 1829, o governo napolitano indicou Carlos ao trono da Grécia, mas a candidatura malogrou pela oposição de Metternich.[3][5] Em 1831, nomeado pelo irmão, o rei Fernando II, "ajudante-geral de Sua Majestade para a armada", o príncipe foi indicado para o trono da Bélgica, novamente sem sucesso.[3][5] Como Fernando II ainda não havia tido filhos, Carlos detinha uma alta posição na corte, ocupando o posto de herdeiro presuntivo até 1836.[5] Todavia, segundo um cronista da época, Carlos era "dez vezes pior" que o irmão monarca e havia constantes rumores de que eles seriam rivais e que sua relação seria bastante tensa.[3][6]

Em sua juventude, Carlos exibia um comportamento inquieto e uma fraqueza por mulheres bonitas.[5] No inverno de 1835, quando apaixonou-se por Penelope Smyth, uma plebeia irlandesa em viagem a Nápoles, o príncipe não obteve o consentimento real para casar-se.[3][4][6][nota 2] Contrariando as ordens de Fernando II, Carlos e Penelope fugiram para Roma em janeiro de 1836, onde usaram nomes falsos para se casar numa cerimônia privada.[4] De Roma, o casal seguiu para Madri, onde Carlos esperava contar com o apoio e a acolhida de sua irmã, a rainha viúva Maria Cristina, então regente de Espanha pela menoridade da rainha Isabel II. Entretanto, Maria Cristina recusou-se a receber Penelope.[4][nota 3] Novamente incógnitos, os jovens realizaram outra cerimônia de casamento na capital espanhola.[4] De passagem por Paris, um amigo inglês de Penelope sugeriu que o casal seguisse para Gretna Green, na Escócia, onde poderiam casar-se legalmente sem a necessidade de um consentimento real.[4][nota 4]

Descendência editar

De seu casamento morganático com Penelope Smyth, teve dois filhos:

  1. Francisco, Conde de Mascali (24 de março de 1837 - 2 de junho de 1862);
  2. Vitória, Condessa de Mascali (15 de maio de 1838 - 9 de agosto de 1895).

Notas

  1. O título de Príncipe de Cápua era reservado ao segundo filho varão do monarca reinante.[4]
  2. Não se sabe em quais circunstâncias os dois se conheceram, mas corriam boatos de que a irmã de Penelope estaria noiva de um certo príncipe Cimitelli, nobre napolitano. Entretanto, tais rumores foram refutados pelo jornal The Times, em sua edição de 4 de fevereiro de 1836, naquele que seria o primeiro registro público do caso.[4] De acordo com o periódico, a referida irmã de Penelope jamais estivera prometida ao príncipe Cimitelli, pois tratava-se de um homem casado.[4]
  3. Existem controvérsias sobre esse fato, pois em carta datada de março de 1836, Penelope conta ao seu irmão Richard que Maria Cristina a recebera da "forma mais cordial" e que a rainha "me abraçou várias vezes e repetiu que eu deveria chamá-la de 'Irmã' e não 'Majestade'!! Ela é a pessoa mais amável e me garantiu que faria tudo que pudesse para que eu fosse aceita pelo rei de Nápoles e sua mãe."[4]
  4. Gretna Green é mundialmente conhecida como a vila dos "casamentos de fugitivos". A fama teve início em 25 de março de 1754, quando passou a vigorar o Lord Hardwicke's Marriage Act, lei inglesa que estabelecia a idade mínima de 21 anos e o consentimento paterno para a realização de um casamento. Esta lei não se aplicava à Escócia, onde os homem podiam se casar aos 14 anos e as mulheres aos 12, sem necessitar de consentimento dos pais. As leis escocesas também permitiam outros matrimônios "irregulares" ("irregular marriages"), onde bastava uma declaração dos noivos diante de testemunhas para que a união se realizasse.[7]

Referências

  1. «BORBONE DELLE DUE SICILIE». www.sardimpex.com. Consultado em 23 de março de 2022 
  2. Lundy, Darryl. «Carlo di Borbone, Principe di Borbone delle Due Sicilie». The Peerage. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 
  3. a b c d e f Moscati, Ruggero (1971). «BORBONE, Carlo di, principe di Capua». Dizionario Biografico degli Italiani - Volume 12. Consultado em 5 de Janeiro de 2015 
  4. a b c d e f g h i Margaux, Adrian (1906). «Relatively Royal: The Scandalous Affair of Carlo & Penelope, Prince & Princess di Capua». The Strand Magazine 
  5. a b c d e f Acton 1961, p. 90.
  6. a b Terracciano, Nicola (2012). «La durezza di cuore dei sovrani borbonici. Carlo principe di Capua e Penelope Smith». Nuovo Monitore Italiano. Consultado em 6 de Janeiro de 2015 
  7. Probert, Rebecca (2009). Marriage Law and Practice in the Long Eighteenth Century: A Reassessment. Cambridge: CUP. pp. 244–284. ISBN 9780521516150 

Ligações externas editar

 
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