Forte de Santiago da Barra

forte em Monserrate, no município de Viana do Castelo

O Forte de Santiago da Barra, também referido como Castelo de Santiago da Barra e Castelo de São Tiago Maior da Barra,[1] localiza-se na atual freguesia de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, na cidade, município e distrito de Viana do Castelo, em Portugal.[2]

Forte de Santiago da Barra
Forte de Santiago da Barra: torre da Roqueta.
Construção ()
Estilo
Conservação Bom
Homologação
(IGESPAR)
IIP
(DL 47.508 de 24 de Janeiro de 1967.)
Aberto ao público Sim
Site IHRU, SIPA2215
Forte de Santiago da Barra: portão.
Forte de Santiago da Barra: guarita.

Em posição dominante na margem direita da barra do rio Lima, tinha a função de defesa do ancoradouro e povoação de Viana da Foz, atual Viana do Castelo.

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 24 de Janeiro de 1967.[2]

No forte funciona atualmente a sede da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, bem como a Escola de Hotelaria e Turismo de Viana do Castelo, fundada em 2007.

História editar

O castelo medieval editar

O rei Afonso III de Portugal (1248-1279) fundou a vila de Viana, outorgando-lhe Carta de Foral em 1258, posteriormente confirmado em 1262. Visando a defesa e o desenvolvimento daquele trecho do litoral, pelo fomento à atividade mercantil e pesqueira, os seus habitantes foram contemplados com privilégios tributários, com o dever de defender a foz do rio Lima.

O perímetro defensivo da nascente vila, no qual se inscrevia a Torre de Menagem, foi dotado de muralhas: os seus limites são hoje desconhecidos, mas acredita-se que estavam completas em fins do século XIV, quando se transformara em um florescente burgo.

Em meados do século XV, Viana da Foz do Lima constituía-se em um dos grandes portos marítimos do país, mantendo comércio com portos da Galiza, da França e da Flandres. A prosperidade dele decorrente materializou-se no aumento da população e da malha urbana, ultrapassando a primitiva cerca medieval.

A Torre da Roqueta editar

Aberto o caminho marítimo para as Índias, e visando a proteção da navegação na barra do Lima, por volta de 1502 D. Manuel I (1495-1521) determinou a construção de uma torre abaluartada, no campo de Santa Catarina, extremo Oeste da vila. O seu modelo seria semelhante ao do Baluarte de Cascais (iniciado em 1498), e anteciparia o da Torre de Belém (em 1515), na defesa da barra do Tejo. Possivelmente artilhada com um pedreiro, que lhe teria dado a designação de Torre da Roqueta, esta primitiva estrutura possuía um baluarte voltado para o rio Lima, demolido em campanhas posteriores.

O Forte de Viana editar

Os imperativos da defesa da barra levaram à necessidade de modernização e ampliação da fortificação. Desse modo, entre 1567 (segundo alguns) e 1568 (segundo outros, já tendo recebido a vila de Viana o título de notável), a Câmara Municipal principiou, junto à Torre da Roqueta, um pequeno forte de planta retangular, que aproveitava a antiga fortificação manuelina como cunhal Sudoeste da sua muralha. Essa obra foi concluída ainda sob o reinado de D. Sebastião (1554-1578), em 1572.

O Forte de Santiago de Viana editar

Sob a Dinastia Filipina, sob o reinado de Filipe I de Portugal (1580-1598), o forte de Viana foi completamente remodelado e ampliado, com traça do arquiteto e engenheiro militar italiano Filippo Terzi (1520-1597). As suas obras iniciaram-se em 1589, tendo o soberano determinado que a própria população da vila transportasse a pedra necessária à edificação, estando concluídas em 1596.

Em 1640, com a Restauração da independência, a população da vila acorreu ao forte, cercando-o e impondo a capitulação da guarnição espanhola. No contexto da Guerra da Restauração, voltou a receber obras de remodelação entre 1652 e 1654, a mando de D. Diogo de Lima, Governador das Armas de Entre-Douro-e-Minho.

Posteriormente, em 1700, época em que a vila prosperava com a exportação dos vinhos da região do Douro para centros como Dunquerque, Ruão, Veneza, a Inglaterra, a Suécia e até mesmo a Rússia, as defesas foram acrescidas de revelins e fosso pelo lado de terra. Novas obras de reforço e modernização foram promovidas em 1799.

Após ter participado da Guerra Peninsular, durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), resistiu ao assalto das forças da Junta do Porto.

Funcionou como quartel militar até 1978.

O forte passou para a tutela do Ministério das Finanças em 1979. A partir de 1983 instalou-se no forte a extinta Região de Turismo do Alto Minho, sendo em 2021 a sede do Turismo Porto e Norte. No espaço funciona também a Escola de Hotelaria de Viana do Castelo, fundada em 2007.

Em 2021, está ser elaborado um plano de recuperação do forte que prevê a recuperação do edificado, a criação de um circuito turístico de visitação e a instalação de um centro interpretativo dos Caminhos de Santiago[3].

Características editar

 
Forte de Santiago da Barra: vista panorâmica a partir do sul.

O Forte de Santiago apresenta planta pentagonal, constituída por muralhas de perfil trapezoidal, reforçadas por baluartes triangulares nos vértices voltados a terra, apresentando guaritas de planta circular nos vértices. A entrada na fortaleza é feita por uma larga ponte sobre o fosso que a circunda, conduzindo a um portal de arco de volta perfeita ladeado por pilastras, encimado pelo brasão de D. João de Sousa, governador do forte em 1700, e rematado na cornija pelo escudo de armas de Portugal.

No terrapleno, acedido por um corredor abobadado, ergue-se um edifício principal, de planta retangular de três registos com alçado ritmado por três portais, sendo o principal enquadrado por arco de volta perfeita rematado com cartela e ladeado por colunas encimadas por balaústres em meio relevo, rematado pelo escudo real. Os portais laterais são de moldura em arco de volta perfeita sem decoração. Ao longo de toda a fachada foram abertas janelas em ambos os registos. O edifício possui ainda janelas de mansarda. A norte situa-se a Capela da Santiago, de planta longitudinal, com capela-mor rectangular e frontispício terminado em empena, com sineira à direita. Fronteiro a esta situa-se o paiol, edifício de planta quadrangular de um registo, com portal de volta perfeita encimado pelo escudo de Portugal e rematado em empena triangular.

Integrada na zona Sudoeste da fortaleza, situada num terraço que se forma no segundo registo, ergue-se a chamada Torre da Roqueta, com entrada pelo adarve, através de rampa. Flanqueada exteriormente com quatro pequenas torres e rodeada por um pequeno fosso, a Roqueta possui corpo rectangular com dois registos, um terraço com adarves e as armas do rei D. Manuel esculpidas na fachada.

Ver também editar

Referências

Ligações externas editar

 
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