Casuarina equisetifolia

Casuarina equisetifolia L., conhecida pelos nomes comuns de casuarina e pinheiro-casuarina, é uma espécie do género Casuarina nativa do Sudeste da Ásia e da região do Pacífico que é invasora em diversas regiões tropicais e subtropicais. Ocorre naturalmente numa vasta região que vai da Birmânia e Vietname, através da Malásia, para leste até à Polinésia Francesa, Nova Caledónia e Vanuatu, e para sul até à Austrália (norte do Território do Norte, norte e leste de Queensland e nordeste de Nova Gales do Sul).[1] É provavelmente nativa de Madagáscar.[2][3][4] A espécie foi introduzida no sul dos Estados Unidos da América, Bermudas e África Ocidental.[5] É considerada uma espécie invasora na Bermudas, Flórida e no Brasil.[6][7]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCasuarina equisetifolia
Casuarina equisetifolia (ramos e hábito).
Casuarina equisetifolia (ramos e hábito).
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: Angiosperms
Clado: Eudicots
Clado: Rosids
Ordem: Fagales
Família: Casuarinaceae
Género: Casuarina
Nome binomial
Casuarina equisetifolia
L.
Subespécies
  • C. e. subsp. equisetifolia
  • C. e. subsp. incana
Gravura botânica (fig. 298 de E.Gilg & K.Schum., "Das Pflanzenreich. Hausschatz des Wissens.", ca. 1900).
Ramos, inflorescência e flores.
Fruto.
Casuarina equisetifolia - MHNT

Descrição editar

C. equisetifolia é um mesofanerófito perene cujo fuste esbelto pode alcançar 25-30 m de altura, com múltiplos ramos flexíveis e uma forma de copa que se assemelha à das coníferas. O ritidoma é acinzentado, desprendendo-se em bandas longitudinais. A madeira é de coloração clara, muito dura e rija. As plantas são dotadas de poderosas raízes que se fixam muito bem ao solo, o que lhes confere resistência aos ventos.

Os ramos terminais, pendentes, são finos e muito flexíveis, aciformes, com 10 a 20 cm de comprimento e 0,5 a 1 mm de diâmetro. Apresentam uma estrutura morfológica diferenciada, com consistência quase herbácea e cor verde, o que lhes dá um aspecto equisetiforme, pois anatomicamente são muito semelhantes à forma característica das plantas do género Equisetum (daí o epíteto específico). Os ramos juvenis, que se confundem com finas folhas, são similares às acículas dos pinheiros, mas diferenciam-se por estarem divididos em septos.

A folhagem está reduzida a folhas escamiformes, agrupadas em rosetas de 6-8 folhas em torno dos nós dos ramos juvenis, o que mais contribui para conferir à árvore um aspecto de conífera.

A espécie é dicronomonóica, produzindo flores masculinas e femininas em inflorescências separadas, com a sua maturação separada no tempo. As flores unissexuais são pouco vistosas e de reduzido tamanho, agrupando-se em inflorescências unissexuais do tipo racemoso, muito compactas, inseridas na parte terminal dos ramos jovens. As inflorescências masculinas são sésseis agrupadas em amentos com 0,7 a 4 cm de comprimento; as inflorescências femininas tem as flores inseridas em curtos pedúnculos.

Os frutos são pequenas sâmaras lenhosas, ovaladas, com 5–8 mm de diâmetro e 10–24 mm de comprimento, agrupados ao longo do eixo da estrutura floral. Após a frutificação, a inflorescência feminina assume a forma de falsas pinas globosos em resultado da lenhificação da escamas da inflorescência. A semelhança do conjunto com uma pinha resulta da formação de numerosos carpelos, cada um deles contendo uma única semente, minúscula, arredondada, de cor acinzentada, com uma pequena asa com 6 a 8 mm de comprimento.[2][8]

Quando os frutos secam, libertam espontaneamente as sementes, as quais dispersam por anemocoria. As sementes permanecem viáveis por 1-2 anos e a germinação, sem tratamentos prévios, é alta, razão pela qual a planta se multiplica muito bem por semente.

A espécie apresenta propriedades alelopáticas, evidenciadas pela ausência ou definhamento da vegetação situada em áreas recobertas pela sua manta morta.

Foi demonstrado que as espécies do género Casuarina fixam o azoto atmosférico através da simbiose com bacterias do género Frankia que se instalam em nodos nas suas raízes. Nas raízes estão também presentes micorrizas formadas em co-inoculação com o fungo micorrízico arbuscular da espécie Glomus intraradices e com o fungo ectomicorrízico Pisolithus tinctorius, as quais contribuem para eficiência da absorção radicular e para aumentar a capacidade de fixação de azoto. Essas associações simbióticas permitem o rápido crescimento desta planta e a sua sobrevivência em solos marginais.[9] É frequente a formação de raízes proteoides.

A madeira desta espécie é utilizada em construção e marcenaria e produz excelente lenha. A casca é muito rica em tanino, sendo utilizada no controlo das diarreias.[10] As folhas são adstringentes. As raízes são usados na preparação de unguentos para uso dermatológico.[10] A espécie é muito apreciada na produção de bonsai, adaptando-se bem àquele estilo de cultura.

Com o seu crescimento rápido e facilidade de fixação ao solo, a espécie é útil para reflorestação rural e urbana nas regiões tropicais e subtropicais, particularmente em zonas ventosas e sujeitas aos efeitos do mar. Cresce nas regiões temperadas desde que não sujeitas a geadas frequentes.

Nas ilhas hawaiianas, onde é uma espécie introduzida e há muito naturalizada, ocorre desde as costas arenosas e xéricas de solos calcáreos, sujeitas à ressalga, até às montanhas, em áreas de forte pluviosidade e solos vulcânicos.

Classificada como planta invasora pelo Ministério publico federal (MPF) juntamente com outras centena de espécies, por prejudicar a biodiversidade nativa. Estão sendo gradativamente removidas para introdução de plantas nativas ou para a recomposição do bioma original.[11][12]

São conhecidas duas subespécies:[3][4]

  • Casuarina equisetifolia subsp. equisetifolia — mesofanerófito robusto, com até 35 m de altura, ramos juvenis com 0,5–0,7 mm de diâmetro, glabro. Sueste da Ásia, norte da Austrália.[13]
  • Casuarina equisetifolia subsp. incana (Benth.) L.A.S.Johnson. — pequena árvore, com até 12 m de altura; ramos juvenis com 0,7 a 1,0 mm de diâmetro, com tom azulado conferido por pequenos tricomas. Leste da Austrália (leste de Queensland, New South Wales), Nova Caledónia, sul de Vanuatu.[14]

Notas

  1. Boland, D. J.; Brooker, M. I. H.; Chippendale, G. M.; McDonald, M. W. (2006). Forest trees of Australia 5th ed. Collingwood, Vic.: CSIRO Publishing. p. 82. ISBN 0643069690 
  2. a b «Casuarina equisetifolia L., Amoen. Acad. 143 (1759)». Australian Biological Resources Study. Australian National Botanic Gardens. Consultado em 23 de abril de 2011 
  3. a b «Australian Plant Name Index (APNI)». Australian National Botanic Gardens. Consultado em 23 de abril de 2011 
  4. a b «Taxon: Casuarina equisetifolia L.». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture Agricultural Research Service. Consultado em 23 de abril de 2011 
  5. «Plant for the Planet: Billion Tree Campaign» 🔗 (PDF). United Nations Environment Programme. Consultado em 23 de abril de 2011 
  6. «Biological control of Australian native Casuarina species in the USA». Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation. 16 de maio de 2007. Consultado em 16 de setembro de 2010 
  7. Masterson, J. «Casuarina equisetifolia (Australian Pine)». Fort Pierce: Smithsonian Marine Station. Consultado em 5 de maio de 2009 
  8. Huxley, Anthony; Griffiths, Mark; Levy, Margot (1992). The New Royal Horticultural Society dictionary of gardening. Volume 1. London: Macmillan. ISBN 0-333-47494-5 
  9. «Promotion of Casuarina equisetifolia (L.) Growth in the Nursery by Symbiotic Microorganisms» (PDF). www.chapingo.mx .
  10. a b «Casuarina equisetifolia». Plantas útiles: Linneo. Consultado em 24 de novembro de 2009 
  11. «As plantas invasoras». ISTOÉ Independente. 24 de junho de 2009. Consultado em 4 de novembro de 2019 
  12. redação, Da. «Corte de árvores no Morro dos Conventos segue recomendação do MPF». agorasul.com.br. Consultado em 4 de novembro de 2019 
  13. «Casuarina equisetifolia L. subsp. equisetifolia». Australian Biological Resources Study. Australian National Botanic Gardens. Consultado em 23 de abril de 2011 
  14. «Casuarina equisetifolia subsp. incana». Australian Biological Resources Study. Australian National Botanic Gardens. Consultado em 23 de abril de 2011 

Referências editar

  • Valdés, M., A.C. Rodrigo; M.A. Leyva; A.D. Camacho. "Promoción del Crecimiento en Vivero de Casuarina equisetifolia por Microorganismo Simbiontes". Chapingo.

Ligações externas editar

 
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