Catedral de São Jorge (Leópolis)

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Catedral de São Jorge (em ucraniano: Собор святого Юра, translit. Sobor sviatoho Yura) é uma catedral barroca-rococó localizada na cidade de Leópolis, a capital histórica da Ucrânia ocidental. Ela foi construída entre 1744 e 1760[1] numa colina com vista para a cidade e é a terceira igreja construída no local desde o século XIII, pois sua proeminência a tornou, repetidas vezes, alvo de invasores e saqueadores. A catedral também desfruta de uma importante posição na história religiosa e cultural da Ucrânia. Nos séculos XIX e XX, a catedral serviu como igreja mãe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, de rito católico oriental[2].

Catedral de São Jorge
Собор святого Юра
Catedral de São Jorge (Leópolis)
Vista da catedral
Tipo
Estilo dominante Barroco, Rococó
Arquiteto Bernard Meretyn
Início da construção 1744
Fim da construção 1760
Religião Igreja Greco-Católica Ucraniana
Diocese Arquieparquia Católica Ucraniana de Leópolis
Ano de consagração 1762
Geografia
País Ucrânia
Região Leópolis
Coordenadas 49° 50' 19" N 24° 0' 47" E

História editar

Uma igreja já existia no monte São Jorge (em ucraniano: Святоюрська гора, translit. sviatoyurs'ka hora) já em 1280, quando a região ainda era parte do Principado da Galícia-Volínia. Depois que a igreja de madeira e a fortaleza originais foram destruídas pelo rei Casimiro III da Polônia em 1340, uma basílica bizantina de quatro colunas foi construída no local para a Igreja Ortodoxa. Em julho de 1700, o "Ato de Unificação" da arquieparquia de Leópolis com a Santa Sé foi proclamada quando o bispo Iosyf Shumliansky abertamente abraçou a União de Brest (1596)[3].

A construção da atual catedral começou em 1746 por ordem do bispo metropolita Atanásio Sheptytsky e terminou em 1762, obra de Leo Sheptytsky. Depois da mudança da sé do metropolita para Leópolis na década de 1800, a Catedral de São Jorge tornou-se a igreja mãe da Igreja Greco-Católica Ucraniana (IGCU).

Depois da Segunda Guerra Mundial, autoridades soviéticas começaram a perseguir a IGCU, aprisionando o recém-ordenado arcebispo de Leópolis, Josyf Slipyj, em 1945, assim como todo o resto da hierarquia da igreja. Em março de 1946, a catedral abrigou o Sínodo de Leópolis, que anulou a União de Brest[4]. O jovem Volodymyr Sterniuk (que depois seria arcebispo e líder da IGCU), escondido no sótão da igreja, testemunhou[5] a decisão do sínodo de juntar a igreja à província metropolitana de Galíacia (Halychyna) da Igreja Ortodoxa Russa, juntamente com todas as demais paróquias católicas na Ucrânia Soviética. A catedral foi então reconsagrada como "Catedral de Santo Yury" e tornou-se a igreja mãe da diocese de Lvіv-Ternopіl.

A IGCU reemergiu em 1989, quando foi reconhecida pelas autoridades soviéticas em meio às turbulências da Perestroika[4][6] e começou a reclamar de volta as paróquias que havia cedido 45 anos antes. Em 12 de agosto de 1990, membros do Movimento Popular da Ucrânia, de cunho nacionalista, ocupou e reclamou a posse da catedral. Dois dias depois, o conselho governante do Oblast de Leópolis reconheceu a reivindicação da IGCU sobre a catedral e, desde então, ela permanece como um centro da Igreja Católica na Ucrânia.

Em 1996, a catedral foi restaurada para comemorar os 400 anos da União de Brest, mas as obras ainda não terminaram (2015).

Em agosto de 2005, a sé do arcebispo maior da IGCU foi mudada para Kiev, a capital da Ucrânia, e seu título foi alterado de "arcebispo maior de Leópolis" para "arcebispo maior de Quieve-Aliche". Porém, a catedral permanece sendo uma das mais importantes igrejas da Ucrânia e funciona como igreja mãe da Arquieparquia Católica Ucraniana de Leópolis.

Referências arquiteturais editar

Projetada pelo arquiteto Bernard Meretin e escultor Johann Georg Pinsel, a Catedral de São Jorge revela tanto influências da arquitetura ocidental quanto das tradições ucranianas[1]. Uma importante estátua de São Jorge, o Matador de Dragões, de Pinsel, está no ático da igreja. É dele também as esculturas de São Leão Magno e Santo Atanásio, que guardam a porta da igreja "alertando com sua aparência sóbria a prontidão para combater qualquer um que não demonstre veneração suficiente"[2]. Por outro lado, a arquitetura do pátio tem um efeito mais tranquilizador sobre os visitantes.

Um ícone de Luka Dolynskyi retrata "Jesus expulsando os vendilhões" e outro, "Apóstolos", transmite uma expressão muito forte de dor e desespero de um ser humano que implora a Deus a concessão da eternidade a "uma pobre alma rija pelo medo da morte"[2].

A relíquia mais preciosa da igreja é o ícone milagroso da Virgem Maria, do século XVII, trazido para Leópolis de Terebovlia em 1674 pelo bispo José Shumlianskyi.

Nos túmulos da catedral estão sepultados importantes figuras da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Entre eles, o cardeal Silvestre Sembratovych, o metropolita Andrei Sheptytsky, o arcebispo maior Josyf Slipyj, o metropolita Volodymyr Sterniuk e o cardeal Myroslav Ivan Lubachivsky[1].

O conjunto arquitetural da catedral inclui ainda um campanário, o Palácio Metropolitano e a casa capitular, além de um jardim protegido por dois portões.

Galeria editar

Referências

Ligações externas editar

 
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