Eucaristia

renovação do sacrifício de Jesus Cristo, através do pão e do vinho que se tornam, para os católicos, o Corpo e o Sangue de Jesus.
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Na teologia cristã, Eucaristia (do grego εὐχαριστία, "ação de graças") é um rito que é considerado um sacramento na maioria das igrejas. Os cristãos acreditam que o rito foi instituído por Jesus na Última Ceia, na noite anterior à sua crucificação, enquanto dava pão e vinho aos seus discípulos. Passagens do Novo Testamento afirmam que ele os ordenou "fazei isto em memória de mim", referindo-se ao pão como "meu corpo" e ao cálice de vinho como "meu sangue da nova aliança, que é derramado por muitos." (Lucas 22, 19-20; João 6, 53 - 58; 1 Coríntios 11, 23 - 32).[1][2] Também é denominada de Sagrada Comunhão, Santíssimo Sacramento do Altar, Santa Ceia do Senhor, Santo Sacrifício, entre outros.[3] É um dos sete sacramentos da Igreja Católica e parte central da vida eclesial do fiel católico.[4]

Celebração da Eucaristia pelo Papa Bento XVI, na missa de canonização do Frei Galvão, a 11 de maio de 2007 em São Paulo, Brasil.
A Última Ceia, de Leonardo da Vinci (1452-1519).

Os elementos da Eucaristia são o pão e o vinho que são consagrados em um altar e consumidos em seguida. Os cristãos geralmente reconhecem uma presença especial de Cristo neste rito.

A Igreja Católica afirma que a Eucaristia é o corpo e o sangue de Cristo sob as espécies do pão e do vinho. Sustenta que, pela consagração, as substâncias do pão e do vinho se tornam realmente as substâncias do corpo e do sangue de Jesus Cristo (transubstanciação), enquanto as aparências ou "acidentes" do pão e do vinho permanecem inalteradas (por exemplo, cor, sabor, cheiro). A Igreja Ortodoxa concordam que ocorre uma mudança objetiva do pão e do vinho no corpo e sangue de Cristo. Os luteranos acreditam que o verdadeiro corpo e sangue de Cristo estão realmente presentes "em, com e sob" as formas do pão e do vinho (união sacramental).[5] Os cristãos reformados acreditam em uma presença espiritual real de Cristo na Eucaristia.[5] As teologias eucarísticas anglicanas afirmam universalmente a presença real de Cristo na Eucaristia, embora os anglicanos evangélicos acreditem que esta é uma presença espiritual, enquanto os anglo-católicos defendem uma presença corpórea.[6][7] Como resultado desses diferentes entendimentos, “a Eucaristia tem sido um tema central nas discussões e deliberações do movimento ecumênico”.[2]

Terminologia

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O Novo Testamento foi originalmente escrito na língua grega e o substantivo grego εὐχαριστία, que significa "ação de graças", aparece algumas vezes nele,[8] enquanto o verbo grego relacionado εὐχαριστήσας é encontrado várias vezes nos relatos do Novo Testamento sobre a Última Ceia,[9][10][11][12][13] incluindo a primeira dessas contas:[10]

Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças (εὐχαριστήσας), o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.[14]

O termo eucaristia (ação de graças) é aquele pelo qual o rito é referido[10] na Didache (um documento do final do século I ou início do século II),[15][16][17][18] e por Inácio de Antioquia (que morreu entre 68 e 107)[17][19] e por Justino Mártir (Primeira Apologia escrita entre 155 e 157).[20][17][21]

História

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A história da instituição da Eucaristia por Jesus na noite anterior à sua crucificação é relatada nos Evangelhos Sinópticos (Mateus 26, 26-28; Marcos 14, 22-24; e Lucas 22, 17-20) e na Primeira Epístola aos Coríntios (1 Coríntios 11, 23-25). Segundo os relatos do Evangelho, Jesus instituiu a eucaristia na Última Ceia, durante a refeição da Páscoa, quando ele abençoou o pão, que ele disse que era seu corpo, e o repartia com os seus discípulos. Ele então compartilhou um copo de vinho com seus discípulos e disse-lhes que "Isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado em favor de muitos." Segundo Lucas, Jesus convocou seus seguidores a repetir a cerimônia em sua memória.[2]

Fontes Cristãs Primitivas

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O Didaquê (grego: Διδαχή) é um tratado da Igreja primitiva que inclui instruções para o Batismo e a Eucaristia. A maioria dos estudiosos o datam do final do século I. A Eucaristia é mencionada nos capítulos 9,[nota 1] 10[nota 2] e 14.[nota 3]

Inácio de Antioquia (morreu em 110), um dos Padres Apostólicos, menciona a Eucaristia como "a carne de nosso Salvador Jesus Cristo":

Preocupai-vos em participar de uma só eucaristia. De fato, há uma só carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice na unidade do seu sangue, um único altar, assim como um só bispo com o presbitério e os diáconos, meus companheiros de serviço. Desse modo, o que fizerdes, fazei-o segundo Deus. — Inácio aos Filadelfienses[22]

Eles se afastam da eucaristia e da oração, porque não professam que a eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, que sofreu por nossos pecados e que, na sua bondade, o Pai ressuscitou... Considerai legítima a eucaristia realizada pelo bispo ou por alguém que foi encarregado por ele. Onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja católica. — Inácio aos Esmirniotas[23]

Justino Mártir (nascido em 100, morreu em 165) menciona a este respeito:

Este alimento se chama entre nós Eucaristia, da qual ninguém pode participar, a não ser que creia serem verdadeiros nossos ensinamentos e se lavou no banho que traz a remissão dos pecados e a regeneração e vive conforme o que Cristo nos ensinou. De fato, não tomamos essas coisas como pão comum ou bebida ordinária, mas da maneira como Jesus Cristo, nosso Salvador, feito carne por força do Verbo de Deus, teve carne e sangue por nossa salvação, assim nos ensinou que, por virtude da oração ao Verbo que procede de Deus, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças — alimento com o qual, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossa carne — é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. Foi isso que os Apóstolos nas memórias por eles escritas, que se chamam Evangelhos, nos transmitiram que assim foi mandado a eles, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse: “Fazei isto em memória de mim, este é o meu corpo”. E igualmente, tomando o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, e só participou isso a eles. — Primeira Apologia[24]

O procedimento

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 Ver artigo principal: Instituição da Eucaristia

Igreja Católica

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A doutrina da Igreja Católica ensina que Jesus, antes de morrer, já se referia a este ritual sacramental:

«Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos» (João 6:51–71).

Isto é claro já nos primeiros escritos a respeito, como na carta de São Justino a respeito do tema.

 
O Santíssimo Sacramento na procissão de Corpus Christi, no Rio de Janeiro.

Na Igreja Católica, a Eucaristia é um dos sete sacramentos.

Como um sacrifício

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Na Eucaristia, o mesmo sacrifício que Jesus fez apenas uma vez na cruz é feito presente em toda missa. Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica,[25] a Eucaristia é "o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna." (n. 271). A palavra Hóstia, em latim, quer dizer vítima, que entre os hebreus, era o cordeiro, sem culpa, imolado em sacrifício a Deus.

 
Trono eucarístico na Basílica de Mafra - RVISSM.

Para a Igreja Católica a Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo.[26] O memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e actuais.[26] Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre actual.[26] A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o único sacrifício da cruz que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto.[26]

O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: «É uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora Se ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira de oferecer é que é diferente». É o próprio Cristo, sumo e eterno sacerdote da Nova Aliança, que, agindo pelo ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E é ainda o mesmo Cristo, realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do sacrifício eucarístico. E porque «neste divino sacrifício, que se realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo incruento [...], este sacrifício é verdadeiramente propiciatório»[26]

Segundo a Igreja Católica, só os sacerdotes validamente ordenados (presbíteros ou bispos) podem presidir à Eucaristia e consagrar o pão e o vinho, para que se tornem o corpo e o sangue do Senhor.[27]

Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de Cristo.[28]

Segundo o papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, "a Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho".[29] Ainda nessa encíclica, é chamada atenção para o fato significativo de que no lugar onde os evangelhos sinóticos narram a instituição da Eucaristia, o Evangelho de João propõe a narração do "lava-pés", gesto que mostra Jesus mestre de comunhão e de serviço (João 13:1–20); em seguida o Papa atenta para o fato de que mais tarde o apóstolo Paulo qualifica como "indigna" uma comunidade cristã cuja participação na Eucaristia se verifique num contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (I Coríntios 11:17–22).

Como uma presença real

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De acordo com a Igreja Católica, Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.[30]

O Quarto Concílio de Latrão em 1215 falou do pão e do vinho como "transubstanciados" no corpo e sangue de Cristo: "Seu corpo e sangue estão verdadeiramente contidos no sacramento do altar sob as formas de pão e vinho, o pão e o vinho tendo sido transubstanciados, pelo poder de Deus, em seu corpo e sangue".[31]

Em 1551, o Concílio de Trento declarou definitivamente: "Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação."[32] Esta conversão realiza-se na oração eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a acção do Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as «espécies eucarísticas», permanecem inalteradas.[30] A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração de pão e vinho e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo.[26]

 
A distribuição da Eucaristia numa missa tridentina.

Comungar ou receber a Comunhão é nome dado ao ato pelo qual o fiel pode receber a sagrada hóstia sozinha ou acompanhada do vinho consagrado (nas celebrações de Primeira Eucaristia e Crisma). Segundo o Compêndio, "Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja Católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da confissão antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo." (n. 291).

Eucaristia também pode ser usado como sinônimo de hóstia consagrada, no Catolicismo. "Jesus Eucarístico" é como os católicos se referem a Jesus em sua presença na Eucaristia. "Comunhão" é como o sacramento é mais conhecido. As crianças farão a sua Primeira comunhão. "Comunhão Eucarística" é a participação na Eucaristia.

Receber a Eucaristia na comunhão traz consigo, como fruto principal, a união íntima com Cristo Jesus; conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Baptismo; afasta do pecado; fortifica a caridade; preserva dos pecados mortais futuros e une todos os fiéis num só corpo: a Igreja.[26]

Visto que a Eucaristia é o corpo e o sangue de Cristo, o culto que lhe é dado é o da latria, isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a celebração eucarística quer fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.[30]

 
A adoração eucarística na Capelinha das Aparições do Santuário de Fátima.

Também há uma adoração especial, chamada "adoração ao Santíssimo Sacramento" e um dia especial para a Eucaristia, o "Dia do Corpo de Cristo" (em latim: Corpus Christi). Segundo Santo Afonso Maria de Ligório, "a devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós".[33] Para a Igreja, a presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa perdura enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho.[34] Um dos grandes fatores que contribuíram para se crer na presença real de Cristo e adorá-lo, foram os "milagres eucarísticos" em várias localidades do mundo, entre eles, um dos mais conhecidos foi o Milagre Eucarístico de Lanciano, em Lanciano (Itália).

São João Crisóstomo, o arcebispo de Constantinopla, destaca o "efeito unificador" da Eucaristia no Corpo de Cristo, que é identificado pelos cristãos como a própria Igreja: "Com efeito, o que é o pão? É o corpo de Cristo. E em que se transformam aqueles que o recebem? No corpo de Cristo; não muitos corpos, mas um só corpo. De fato, tal como o pão é um só apesar de constituído por muitos grãos, e estes, embora não se vejam, todavia estão no pão, de tal modo que a sua diferença desapareceu devido à sua perfeita e recíproca fusão, assim também nós estamos unidos reciprocamente entre nós e, todos juntos, com Cristo".[35] João Paulo II ensinou que à desagregação enraizada na humanidade é contraposta a força geradora de unidade do corpo de Cristo.[36]

 
Tela pintada em óleo retratando um sacerdote que ministra a Sagrada Comunhão a um fiel durante a Santa Missa. O quadro encontra-se na Capela do Santíssimo de São Simão Apóstolo, em S. Simão, SP

Igreja Ortodoxa

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Como a doutrina da transubstanciação surgiu no ocidente após o cisma com a Igreja Ortodoxa, nela não há uma formulação teológica sobre o que acontece com os elementos na liturgia divina - é tido como "mistério".

O pão na liturgia ortodoxa é fermentado (simbolizando a nova natureza em Cristo) e o vinho é servido a todos os fiéis (inclusive crianças), servido com uma colher.

Igreja do Oriente

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 Ver artigo principal: Liturgia de Addai e Mari

Na Igreja do Oriente, a Qurbana Qadisha (em aramaico: o Santo Sacrifício) seguem um dos mais antigos ritos em uso, o de Addai e Mari. Suas orações eucarísticas, Gehantha, possuem grande semelhança com as orações e bençãos judaicas sobre as refeições. Na Igreja do Oriente a doutrina da transubstanciação é desconhecida e em sua liturgia não há as palavras de instituição ("este é meu corpo...este é meu sangue...").

Luteranismo

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Martinho Lutero

Os luteranos acreditam que o corpo e o sangue de Cristo estão "verdadeiramente e substancialmente presentes em, com e sob as formas" do pão e vinho (os elementos) consagrados, deste modo os comungantes comem e bebem o corpo e sangue do próprio Cristo tanto quanto comem o pão e bebem o vinho através deste sacramento.[37] A doutrina luterana da real presença é ensinada como a doutrina da União Sacramental. Essa doutrina muitas vezes é incorretamente chamada de consubstanciação.[38] Este termo é rejeitado pelas Igrejas Luteranas e seus teólogos, uma vez que cria uma confusão sobre a doutrina aproximando-a de uma compreensão equivocada, próxima ao conceito católico romano da transubstanciação,[39] tido pelo Luteranismo como antibíblico e filosófico. A celebração da Eucaristia entre os luteranos segue um rito previamente estabelecido com um texto litúrgico responsivo (inclui "prefácio" e as "Palavras da Instituição"), similar à liturgia católica romana, porém de forma mais simplificada, excluindo-se todo e qualquer conceito de caráter sacrifical. Enquanto alguns Luteranos celebram a Eucaristia, ou Santa Ceia, semanalmente apenas para membros (comunhão fechada) como é o caso da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, outros celebram quinzenalmente, mensalmente, ou mesmo trimestralmente, para todos os que quiserem participar (comunhão aberta), no Brasil é o caso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Tais diferenças entre os luteranos também existem em outros países em maior ou menor proporção.

Anglicanismo

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Na Igreja Anglicana, o entendimento é de um sacramento, independentemente de como o mesmo será entendido pelo comungante. Havendo alguns que tendem a uma explicação mais católica outros a explicações mais protestantes (de acordo com a linha dentro do anglicanismo) e alguns até preferem nem se preocupar em explicar como se dá, estando satisfeitos em saber que o corpo e sangue de Jesus está presente ali de alguma maneira.[carece de fontes?]

Reformados

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Dentro dos princípios Reformados, cuja teologia remonta aos princípios da reforma e são influenciados por Calvino, são duas visões principais quanto à Eucaristia.

Na visão de Zuínglio, a ceia é a lembrança do sacrifício de Cristo - essa posição é chamada de "memorialismo".

A proposta de Calvino, em oposição a Zuínglio, era que na ceia ocorria a presença de Jesus, não nos elementos, mas espiritualmente e posteriormente comunicada aos comungantes. A essa forma de entendimento dá-se o nome de "presença espiritual".

No século XVII, as igrejas batistas, em relação à ceia, baseiam-se nos princípios disseminados por Zuínglio, assim concebendo a Ceia apenas como um rito em que se recorda e proclama a morte de Cristo até que Ele retorne, onde o pão e o vinho são apenas elementos que simbolizam o corpo de Cristo. O termo usado é de "ordenança" (ou "mandamento") ao invés de "sacramento". Os luteranos são uma das vertentes evangélicas que apoiam o uso de álcool na Santa Ceia.[40][41][42][43]

Evangelicalismo (Protestantismo-Evangélicos)

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Dentro da teologia evangelical, a Eucaristia é chamada geralmente por "Santa Ceia" ou "Ceia do Senhor". Para eles os elementos ingeridos confirmam não somente a comunhão com as pessoas (irmãos) como também reafirma a comunhão individual com Cristo. Não se trata de um simbolismo, mas um ato de fé.

Testemunhas de Jeová

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Entre elas, o termo é chamado de "celebração da morte de Jesus Cristo" e realiza-se anualmente pelas Testemunhas de Jeová, segundo o calendário judaico, em 14 de Nisã, após o pôr-do-Sol. Isso faz com que a data correspondente ao calendário gregoriano seja diferente a cada ano. É comumente chamada, entre os fiéis, de Celebração da Morte de Cristo ou Comemoração da Morte de Cristo. Elas evitam usar os termos mais comuns dentro do Cristianismo.

Para elas, o pão ázimo ou não fermentado e o vinho sem aditivos, representam respetivamente o corpo imaculado de Cristo (João 6:35) e o seu sangue derramado em redenção dos humanos. (Lucas 22,18) São assim símbolos ou emblemas da vida perfeita do Cristo, ou Messias, o Filho de Deus, que ele entregou voluntariamente.

Para as Testemunhas de Jeová, o pão e o vinho usados são meramente ilustrativos ou emblemáticos, (Mateus 13,13) ou seja, representam o corpo e o sangue do Cristo, mas não possuem qualquer poder espiritual, milagroso ou similar. Apenas sugerem e evocam à consideração dos fieis, ou lembrança, de um acontecimento já passado, como entendem as palavras de Jesus em Lucas 22:19: ""Persistam em fazer isso em memória de mim"" (NM).

Apenas os membros que se identificam entre os, assim chamados de "pequeno rebanho", do qual elas entendem que são os 144 000 do livro de Apocalipse, é que comem do pão e bebem do vinho. Os demais, que são a larga maioria, são apenas observadores do evento. Estas, portanto, não comem e nem bebem os emblemas na reunião. Apenas os assim chamados de "ungidos".

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons)

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Entre os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o chamado "Sacramento" (simplificação de "Sacramento da Ceia do Senhor") é partilhado semanalmente aos domingos durante a "Reunião Sacramental" e é o momento de maior relevância espiritual entre os serviços religiosos dominicais.

Partilham-se pão e água em lembrança do corpo e sangue de Jesus e o ritual é considerado uma renovação dos convênios batismais.

Devido ao fato dos Santos dos Últimos dias se absterem de álcool, não se usa vinho. Elas usam a água no lugar do vinho e pão comum. Todos podem comer e beber nas reuniões. Inclusive os visitantes.

Ver também

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Notas

  1. Capítulo 9: A celebração eucarística 9:1- Celebrem a Eucaristia deste modo: 9:2- Digam primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre”. 9:3- Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre. 9:4- Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu Reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre”. 9:5- Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não deem as coisas santas aos cães”.
  2. Capítulo 10: Agradecimento depois da eucaristia 10:1- Depois de saciados, agradeçam deste modo: 10:2- “Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre. 10:3- Tu, Senhor Todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo. 10:4- Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre. 10:5- Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre. 10:6- Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maran atá. Amém.” 10:7- Deixem os profetas agradecer à vontade.
  3. Capítulo 14: A celebração dominical 14:1- Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro. 14:2- Aquele que está de briga com seu companheiro, não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado. 14:3- Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu Nome é admirável entre as nações”.

Referências

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  32. «Catecismo da Igreja Católica. Parágrafos 1210-1419». www.vatican.va. Consultado em 20 de setembro de 2022 
  33. Visitas ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima, Introdução: Obras Ascéticas (Avelino 2000), 295.
  34. Cf. Conc. Ecum. de Trento, Sess. XIII, Decretum de ss. Eucharistia, cân. 4: DS 1654.
  35. Homilias sobre a I Carta aos Coríntios, 24, 2: PG 61, 200; cf. Didaquê, IX, 4: F. X. Funk, I, 22; S. Cipriano, Epistula LXIII, 13: PL 4, 384.
  36. Encíclica Ecclesia de Eucharistia, Cap. II, 24.
  37. Confissão de Augsburgo, Artigo 10
  38. F. L. Cross, ed., The Oxford Dictionary of the Christian Church, second edition, (Oxford: Oxford University Press, 1974), 340 sub loco.
  39. J. T. Mueller, Christian Dogmatics: A Handbook of Doctrinal Theology, (St. Louis: CPH, 1934), 519; cf. also Erwin L. Lueker, Christian Cyclopedia, (St. Louis: CPH, 1975), under the entry "consubstantiation".
  40. Facebook; Twitter; options, Show more sharing; Facebook; Twitter; LinkedIn; Email; URLCopied!, Copy Link; Print (27 de agosto de 2014). «Utah approves winery in town with polygamous sect». San Diego Union-Tribune (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2021 
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  42. «Church Newsroom - Official Newsroom of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints». newsroom.churchofjesuschrist.org. Consultado em 24 de junho de 2021 
  43. ELEMENTOS DA SANTA CEIA

Ligações externas

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