Cemitério de impérios

Cemitério dos Impérios[2] (em inglês: Graveyard of Empires) é uma expressão associada ao Afeganistão. A expressão ou apelido origina-se da tendência histórica de que as potências estrangeiras frequentemente falham e caem durante e após suas invasões do Afeganistão. Não está claro quem cunhou a frase e sua exatidão histórica tem sido contestada.[3]

Remnants of an Army, representando a retirada britânica de 1842, apresenta uma imagem comumente associada a expressão.[1]

Contexto editar

Durante a história do Afeganistão, várias superpotências tentaram invadir o Afeganistão sem manter um domínio estável e permanente. Exemplos modernos incluem o Império Britânico durante a primeira e a terceira guerras anglo-afegãs (1839–1842, 1919), a União Soviética na Guerra Soviético-Afegã (1979–1989) e os Estados Unidos na Guerra do Afeganistão (2001–2021).[4][5] A dificuldade em invadir o Afeganistão foi atribuída à prevalência de qalats semelhantes a fortalezas,[6] os desertos, o terreno montanhoso do Afeganistão, seu inverno rigoroso e sua "inexpugnável lealdade ao clã"[7] e apoio de países vizinhos como o Paquistão, onde invasores estrangeiros foram incapazes ou não tiveram permissão de cruzar para tais nações para destruir seus santuários inimigos.[8]

Uso editar

O antropólogo Thomas Barfield observou que a narrativa do Afeganistão como uma nação invencível foi usada pelo próprio Afeganistão para dissuadir invasores.[9] Em outubro de 2001, durante a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, o fundador e líder do Talibã, Mohammed Omar, ameaçou os Estados Unidos com o mesmo destino do Império Britânico e da União Soviética.[10] O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referiu-se ao apelido ao proferir uma declaração pública após a queda de Cabul em 2021 como evidência de que nenhum compromisso adicional da presença militar norte-americana consolidaria a República Islâmica do Afeganistão contra o Talibã.[11]

Crítica editar

O correspondente estrangeiro do The New York Times, Rod Nordland, afirmou que "na verdade, nenhum grande império pereceu apenas por causa do Afeganistão".[3] O lecturer do Joint Services Command and Staff College, Patrick Porter, chamou a atribuição de "uma extrapolação falsa de algo que é verdadeiro - que há dificuldade tática e estratégica."[7]

Thomas Barfield apontou que "por 2.500 anos o Afeganistão sempre fez parte do império de alguém, começando com o Império Persa no século V a.C.". Seguindo o domínio persa, Alexandre o Grande, o Império Máuria, os mongóis, Timur e Babur do Império Mughal, todos usaram o Afeganistão como base para sua expansão.[12] O Império Britânico não foi destruído após a Terceira Guerra Anglo-Afegã,[13] e a queda do Império Britânico foi mais comumente atribuída à Segunda Guerra Mundial.[7] Embora a Guerra Soviético-Afegã tenha sido um fator importante na dissolução da União Soviética, a oposição no Afeganistão só foi possível com ajuda dos Estados Unidos, Reino Unido, Paquistão, Arábia Saudita e China.[12][8] Além disso, há razões para acreditar que a União Soviética teria entrado em colapso independentemente da campanha.[13] No entanto, a narrativa permitiu o argumento da analogia e as alegações de "a história se repetindo", que se provou popular entre os autores e comentaristas.[13]

Nota editar

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Graveyard of empires».

Referências

  1. Dawson, Tyler (19 de agosto de 2021). «Is Afghanistan really a 'graveyard of empires'?». National Post 
  2. Jamil Chade (16 de agosto de 2021). «Afeganistão: o cemitério dos impérios.». UOL 
  3. a b Nordland, Rod (29 de agosto de 2017). «The Empire Stopper». The New York Times. Cópia arquivada em 29 de agosto de 2017 
  4. McCarthy, Niall (26 de julho de 2021). «Infographic: Afghanistan: The Graveyard Of Empires». Statista Infographics. Cópia arquivada em 28 de julho de 2021 
  5. Bearden, Milton (2001). «Afghanistan, Graveyard of Empires». Foreign Affairs. Cópia arquivada em 15 de julho de 2015 
  6. Pillalamarri, Akhilesh (30 de junho de 2017). «Why Is Afghanistan the 'Graveyard of Empires'?». The Diplomat. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2021 
  7. a b c Neild, Barry (5 de julho de 2011). «Is Afghanistan really a 'graveyard of empires?'». CNN.com. Cópia arquivada em 23 de março de 2021 
  8. a b Coll, Steve (4 de fevereiro de 2004). Ghost Wars: The Secret History of the CIA, Afghanistan and Bin Laden. [S.l.]: Penguin Press HC. ISBN 1-5942-0007-6 
  9. Barfield 2012, p. 347.
  10. Barfield 2012, p. 269.
  11. «Read the full transcript of President Biden's remarks on Afghanistan.». The New York Times. 16 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2021 
  12. a b Caryl, Christian (26 de julho de 2010). «Bury the Graveyard». Foreign Policy. Cópia arquivada em 4 de maio de 2021 
  13. a b c Kühn 2016, p. 155.

Bibliografia editar