Centro Cultural Solar de Botafogo

O Centro Cultural Solar de Botafogo é um centro cultural fundado em 17 de outubro de 2006, localizado na Rua General Polidoro 180 no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro.

Vista pela rua General Polidoro

Idealizado pelo ator Leonardo Franco, sua construção foi contemplada com o Prêmio Shell em 2007, na Categoria Especial.[1] O centro cultural é formado pelo Teatro Solar, o Espaço II, a Galeria de Arte Vertical, o espaço de eventos Teto Solar, uma sala de música e de ensaios.

A casa oferece ao público uma programação com atividades no campo das artes cênicas, plásticas, musicais e cinematográficas, além de contar com eventos de arquitetura, decoração, literatura e gastronomia num mesmo lugar, durante o ano inteiro.

História editar

O casarão da Rua General Polidoro 180, transformado em centro cultural, data do início do século passado e pertenceu ao general Ângelo Mendes de Moraes, prefeito do Rio de janeiro (1947 a 1951) e, mais tarde, por quatro décadas, à família da deputada Lígia Lessa Bastos. Erguido nas terras da antiga fazenda São Clemente, estava desabitado há anos, e foi arrematado por Leonardo Franco do dia 04 de julho de 2001.

De posse do terreno, Leonardo convidou o cenógrafo e arquiteto paulista J.C. Serroni, autor do livro Uma Memória do Espaço Cênico no Brasil,[2] para desenvolver o anteprojeto do Solar de Botafogo. O projeto executivo foi entregue a José Dias – doutor em Cenografia pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA) –, que trabalhou em colaboração com o arquiteto Maurício Campbell.

Entre a compra do imóvel e o licenciamento da obra, foram necessários três anos de espera. Em 10 de maio de 2004, sob o comando do Engenheiro Rogério de Oliveira da empresa CCBM, tinha início a demolição do espaço interno do casarão, de onde foram retirados 400 caminhões de entulho. Três meses depois, começava o trabalho de assentamento das fundações que sustentariam a nova estrutura projetada por Serroni e José Dias.

Após o término das duas primeiras fases da obra, Leonardo convidou um grupo de arquitetos e cada um ficou responsável por decorar cada um dos ambientes.

Caco Borges criou a ambientação do Teatro Solar; Chicô Gouvêa, a do café-concerto; Flávia Santoro e Danielle Parreira ficaram com o lounge; Alexandre Lobo e Fábio Cardoso, com a Galeria de Arte Vertical; Maurício Prochnik, com os camarins; Cláudia Brassaroto projetou os banheiros públicos, Isve Campos, a sala de estar e de música, Alexandre Murucci, o elevador e a bilheteria, Jairo de Sender, o Bar Teto Solar, além da equipe da Landscape que decorou a fachada e o artista plástico Dudu Garcia que fez do Espaço II uma instalação cênica. Com uma equipe permanente de 30 operários e a participação indireta de cerca de 300 profissionais, a construção do Centro Cultural Solar de Botafogo, consumiu trinta meses até o dia de sua inauguração, em 17 de outubro de 2006. O Solar de Botafogo apresenta rampas de acesso desde a rua até o interior do centro cultural e elevador para cadeirantes.

Teatro editar

 
Sala de teatro Solar de Botafogo com 180 lugares

O primeiro projeto teatral, lançado em 31 de janeiro de 2007, foi Campo de Provas[3] de Aimar Labaki, dirigido por Gilberto Gawronski e com Leonardo Franco, Guilhermina Guinle e Marcos Winter no elenco. O espetáculo foi indicado ao Prêmio SHELL na categoria melhor autor.[4]

O espaço já recebeu peças como Diálogos com Molly Bloom[5], Jozú – O encantador de ratos, As nove partes do desejo, Limpe todo sangue antes que manche o carpete, Primeira chuva no deserto, De corpo presente, Um porto para Elisabeth Bishop, Além do arco-íris, Play – sexo, mentiras e videotape[6], Adorável Desgraçada[7], Marlene Dietrich – As pernas do século[8], A varanda de Golda[9], Pinteresco[10], A Tropa[11], Os Datilógrafos, Adorável Garoto, Irmãozinho Querido, Exilados e Um Passeio no Bosque[12],

Além de todas as peças que recebeu o Solar de Botafogo foi responsável pela produção de Campo de Provas e mais três espetáculos; Traição de Harold Pinter,[13] direção de Ary Coslov (2008/2012), A Loba de Rayban[14] de Renato Borghi, direção José Possi Neto (2009) e Talk Radio[15] de Eric Bogosian, com direção de Maria Maya (2015).

Vida Longa ao Solar editar

Em 2020, foi lançado o projeto Vida Longa ao Solar[16]. Participaram da campanha 300 colaboradores diretos e 100 personalidades entre atores, atrizes, diretores, roteiristas, jornalistas, empresários e arquitetos. Participaram das lives com Leonardo Franco personalidades como: o jornalista Artur Xexéo, o cineasta Marcelo Antunez , o diretor de cinema Alexandre Avancini, o empresário artístico Felipe Simas, a cineasta Sandra Kogut, o jornalista André Trigueiro, a produtora de elenco Marcela Altberg, a escritora Thalita Rebouças, o fotógrafo e articulista Leo Aversa, a atriz Christiane Torloni, o diretor Charles Moeller e o ator Fábio Porchat.

Peças Teatrais

Ano Peça Detalhes
2006 O LADO B DE DOMINGOS OLIVEIRA Cineclube / Curadoria Paulo Severo
2006 TODA DEBORAH Cineclube / Curadoria Paulo Severo
2007 DIÁLOGOS COM MOLLY BLOOM Espetáculo Teatral com Malu Galli
2007 APÓS A CHUVA Espetáculo Teatral de Sílvio Guindane
2007 JOZÚ – O ENCANTADOR DE RATOS De Hilda Hilst, com Carla Tausz
2008 AS NOVE PARTES DO DESEJO De Heather Raffo, com Clarice Abujamra
2008 LIMPE TODO SANGUE ANTES QUE MANCHE O CARPETE De Jô Bilac, Direção Vinícius Arneiro
2008 CANÇÕES PARA CORTAR OS PULSOS – A MÚSICA DE TOM WAITS Om Cida Moreira e André Frateschi
2008 PRIMEIRA CHUVA NO DESERTO De Ana Paula Pedro, com Guta Stresser e Direção de Camilla Amado
2008 UMA HISTÓRIA DE BORBOLETAS Caio Fenando de Abreu, direção de Marcelo Aquino
2008 BOCA DE COWBOY Com Nathalia Dill, direção de Michel Bercovitch
2009 DE CORPO PRESENTE Dramaturgia e Direção de Mara Carvalho
2009 PLAY – Sexo , Mentiras e Videotape Com direção de Ivan Sugahara e Maria Maya encabeçando o elenco.
2009 A LOBA DE RAY-BAN Direção de José Possi Neto, com Christiane Torloni, Leonardo Franco e Maria Maya
2010 ALÉM DO ARCO-ÍRIS De Flávio Marinho, com Luciana Braga
2010 ADORÁVEL DESGRAÇADA Leilah Assunção, com Débora Duarte e direção de Otávio Muller.
2010 MARLENE DIETRICH – As Pernas do Século De Aimar Labaki, com Sylvia Bandeira e direção de William Pereira.
2011 UM PORTO PARA ELISABETH BISHOP Com Regina Braga e Direção de José Possi Neto
2011 A VARANDA DE GOLDA Com Rosane Goffman e direção de Ary Coslov
2011 OS DATILÓGRAFOS Direção de Celso Nunes
2012 EXILADOS De James Joyce, com Direção de Ruy Guerra
2012 PINTERESCO Textos de Harold Pinter, direção Ary Coslov, com Leonardo Franco, Alice Borges, Marina Viana e Sávio Moll
2015 TALK RADIO Texto de Eric Bogosian, direção de Maria Maya, com Leonardo Franco encarnando o protagonista Barry Champalin

Exposições

ANO ARTISTA
2006 Analú Prestes
2006 Taumaturgo Ferreira
2006 Guilherme Leme
2008 Gisela Milman
2008 Mariana Vianna
2008 Fábio Borborema
2009 Guillermo Giansanti
2009 Alice Bravo
2011 Antonio Bokel
2011 Raul Mourão
2011 Leo Uzai
2011 Heleno Bernardi
2011 Cabelo
2011 Solange Palatnik
2012 Noé Klabin
2012 Carla Einloft
2012 Alexandre Monteiro
2013 Sérgio Santoian
2015 Rogério Von Kruger

Referências

  1. Prêmio Shell, Prêmio Shell (23 de novembro de 2008). «Prêmio Shell» (PDF). Shell. Consultado em 24 de novembro de 2019 
  2. «Teatros: Uma Memória do Espaço Cênico no Brasil». www2.eca.usp.br. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  3. Cultural, Instituto Itaú. «Campo de Provas». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  4. «Conheça os indicados do Prêmio Shell de Teatro do Rio no primeiro semestre». O Globo. 17 de julho de 2007. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  5. Cultural, Observatório Da Indústria (3 de outubro de 2007). «Observatório da Indústria Cultural: Com Quem Molly Bloom Dialoga?». Observatório da Indústria Cultural. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  6. «'Play', em cartaz no Solar de Botafogo, revela um brilhante autor num espetáculo de ótima qualidade». Extra Online. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  7. «Débora Duarte: Adorável Desgraçada: Em Cartaz!». Débora Duarte. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  8. «AOUILA NO TEATRO: MARLENE DIETRICH - As Pernas do Século». AOUILA NO TEATRO. 24 de outubro de 2010. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  9. «EGO - NOTÍCIAS - Rosane Gofman quebra a perna e deixa a peça "A Varanda de Golda"». ego.globo.com. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  10. Bueno, Lívia (30 de agosto de 2012). «Pinteresco estreia no Solar de Botafogo». Cult Magazine. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  11. IG - O Dia. «A Tropa, embate familiar em cena» 
  12. O Globo. «Após 20 anos, "Um passeio no bosque" volta ao cartaz.» 
  13. Soares, Postado por JORNAL CULTURA VIVA por Edson. «'TRAIÇÃO': CELEBRADA PEÇA DE HAROLD PINTER EM CARTAZ NO SOLAR DE BOTAFOGO». Consultado em 22 de novembro de 2019 
  14. «A Loba de Ray-Ban». ISTOÉ Independente. 24 de novembro de 2009. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  15. «'Talk Radio': Verdades que matam nas ondas FM do teatro carioca». P de Pop. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  16. «O teatro na pandemia». Veja Rio