Ceratosauria (que vem de Ceratosaurus, "lagarto com chifres") é um clado de dinossauros terópodes, característicos do período Jurássico, mas presentes também no Cretáceo. Inclui todos os terópodes que compartilham um ancestral com o Ceratosaurus mas não com as aves.

Ceratosauria
Intervalo temporal:
Jurássico Inferior-Cretáceo Superior
199,3–66 Ma
Ceratosaurus nasicornis
Carnotaurus sastrei
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Clado: Neotheropoda
Clado: Averostra
Clado: Ceratosauria
Marsh, 1884
Subgrupos

Os ceratossaurianos, como são chamados os dinossauros pertencentes a esta ordem, viveram principalmente na África e na América do Sul, mas também habitaram a Europa e a América do Norte. Os ceratossaurianos tinham como alimento a carne de outros dinossauros, caracterizando-se assim por alimentação carnívora, muito comum nos terópodes.

São um dos grupos mais primitivos de terópodes; muitos apresentam quatro dígitos nas mãos e outras características de dinossauros menos recentes. Possuem crânios robustos e braços curtos, característica ainda mais extrema na família Abelisauridae. É provável que divergiram dos outros terópodes no fim do Triássico, tornando-se um grupo bem sucedido desde então, apesar de não terem sido encontrados fósseis no Jurássico Médio.

Esses dinossauros variavam bastante de tamanho sendo que os menores tinham cerca de 2 m de comprimento, e os maiores tinham até aproximadamente 9 m de comprimento,[1] ou talvez mais.[2] Apesar do nome, nem todos os membros deste clado possuíam chifres.

Existem dois tipos de dinossauros ceratossauros no Jurássico Superior de Portugal: Ceratosaurus e abelissaurídeos indeterminados.[3]

Paleobiologia editar

 
Esqueleto reconstruído de um Majungasaurus. Note os braços atrofiados.

Anatomia editar

Entre as características que definem os ceratossaurianos está o aumento na altura e na ornamentação dos crânios, assim como a diminuição dos membros dianteiros. Seu ílio, ísquio e púbis formavam um único osso fundido.[4] Entre os abelissaurídeos, algumas destas características eram ainda mais exageradas, com braços menores que os de qualquer outro terópode.[5] Apesar dos braços atrofiados, nenhum abelissaurídeo perdeu algum dígito ou qualquer elemento crítico dos membros dianteiros. Algumas variações nas ligações também foram observadas nos ceratossaurianos, e foi sugerido que eles talvez tenham tido mais mobilidade dos ombros do que outros terópodes.[6]

 
Mão de um Carnotaurus.

Geografia editar

Os ceratossaurianos aparentemente possuíam uma população global que se divergiu no início do Jurássico, mas provavelmente desapareceram da Laurásia no Cretáceo, com os poucos espécimes do Cretáceo que foram encontrados lá tendo retornado posteriormente da Gondwana.[7]

Abelissaurídeos em particular tiveram grande sucesso na Gondwana, principalmente no Cretáceo. Alguns espécimes da Gondwana viveram no Jurássico Superior, e possivelmente até no Jurássico Médio, estendendo muito a linha do tempo dos abelissaurídeos. Alguns paleontólogos acreditam que um grande deserto tenha mantido os abelissaurídeos presos no sul da Gondwana até o Jurássico Superior.[8] Foi também observado que os ceratossaurianos do Cretáceo Superior são menos comuns em áreas dominadas por tetanuranos (África) e celurossauros (América do Norte e Ásia).

Dieta editar

Os ceratossaurianos eram predominantemente carnívoros, com uma exceção conhecida, Limusaurus inextricabilis, um herbívoro com um bico sem dentes.[9] Supõe-se que o Ceratosaurus tenha ingerido uma grande quantidade de peixes e outros animais aquáticos, mas essa ideia foi contrariada por alguns paleontólogos.[10] Marcas de dentes em carnívoros maiores como o Allosaurus indicam que o Ceratosaurus talvez comesse animais mortos com frequências.[11]

Filogenia editar

Atualmente, o clado Ceratosauria é dividido em dois subgrupos, Ceratosauridae e Abelisauroidea, este último subdividio em Abelisauridae e Noasauridae. O mais antigo ceratossauriano conhecido é o Berberosaurus liassicus, de há 185 milhões de anos, sendo também o mais primitivo.[12] Sua classificação exata ainda é controversa.

O cladograma seguinte segue a classificação de Diego Pol e Oliver W. M. Rauhut, 2012.[8]

Ceratosauria 

Berberosaurus

Deltadromeus

Spinostropheus

Limusaurus  

Elaphrosaurus  

 Neoceratosauria 
 Ceratosauridae 

Ceratosaurus  

Genyodectes

 Abelisauroidea 
 Noasauridae 

Laevisuchus

Masiakasaurus  

Noasaurus

Velocisaurus

 Abelisauridae 

Eoabelisaurus  

Indosuchus  

Rugops

Abelisaurus

 Carnotaurinae 

Majungasaurus  

Indosaurus

Rajasaurus  

 Brachyrostra 

Ilokelesia  

Ekrixinatosaurus  

Skorpiovenator  

 Carnotaurini 

Carnotaurus  

Aucasaurus  

Ver também editar

 
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Ceratosauria

Referências

  1. «Allometry and body length of abelisauroid theropods: Pycnonemosaurus nevesi is the new king». Cretaceous Research (em inglês). 69: 71–89. 1 de janeiro de 2017. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2016.09.001 
  2. Paul, Gregory S. (2016). The Princeton Field Guide to Dinosaurs - 2nd Edition. [S.l.]: Princeton Press 
  3. Hendrickx, C., & Mateus O. (2014).  Abelisauridae (Dinosauria: Theropoda) from the Late Jurassic of Portugal and dentition-based phylogeny as a contribution for the identification of isolated theropod teeth. Zootaxa. 3759, 1-74
  4. ...).,, Weishampel, David B. (1952-; Peter,, Dodson,; ...).,, Osmólska, Halszka, (1930- (2007). The Dinosauria. University of California Press. ISBN 0520242092. OCLC 493366196.
  5. Bonaparte, José; Novas, Fernando; Coria, Rodolfo (1990). "Carnotaurus sastrei Bonaparte, the horned, lightly built carnosaur from the Middle Cretaceous of Patagonia. Contributions in Science"(PDF). Natural History Museum of Los Angeles County. 416: 1–42.
  6. Carrano, Matthew T.; Sampson, Scott D. (2008-01-01). "The Phylogeny of Ceratosauria (Dinosauria: Theropoda)". Journal of Systematic Palaeontology. 6 (2): 183–236. doi:10.1017/S1477201907002246. ISSN 1477-2019.
  7. Tortosa, Thierry; Buffetaut, Eric; Vialle, Nicolas; Dutour, Yves; Turini, Eric; Cheylan, Gilles. "A new abelisaurid dinosaur from the Late Cretaceous of southern France: Palaeobiogeographical implications". Annales de Paléontologie. 100 (1): 63–86. doi:10.1016/j.annpal.2013.10.003.
  8. a b Diego Pol & Oliver W. M. Rauhut (2012). "A Middle Jurassic abelisaurid from Patagonia and the early diversification of theropod dinosaurs". Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 279 (1804): 3170–5. doi:10.1098/rspb.2012.0660. PMC 3385738 . PMID 22628475.
  9. Xu, Xing; Clark, James M.; Mo, Jinyou; Choiniere, Jonah; Forster, Catherine A.; Erickson, Gregory M.; Hone, David W. E.; Sullivan, Corwin; Eberth, David A. (2009-06-18). "A Jurassic ceratosaur from China helps clarify avian digital homologies". Nature. 459(7249): 940–944. doi:10.1038/nature08124. ISSN 0028-0836.
  10. J., Currie, Philip; B., Koppelhus, Eva; A., Shugar, Martin; L., Wright, Joanna (2004). Feathered dragons : studies on the transition from dinosaurs to birds. Indiana University Press. ISBN 0253343739. OCLC 895411495.
  11. Chure, Daniel; Fiorillo, Anthony; Jacobsen, Aase (1 de janeiro de 2000). «Prey bone utilization by predatory dinosaurs in the Late Jurassic of North America, with comments on prey bone use by dinosaurs throughout the Mesozoic». Gaia. 15 
  12. Allain, Ronan; Tykoski, Ronald; Aquesbi, Najat; Jalil, Nour-Eddine; Monbaron, Michel; Russell, Dale; Taquet, Philippe (2007-09-12). "An abelisauroid (Dinosauria: Theropoda) from the Early Jurassic of the High Atlas Mountains, Morocco, and the radiation of ceratosaurs". Journal of Vertebrate Paleontology. 27 (3): 610–624. doi:10.1671/0272-4634(2007)27[610:AADTFT]2.0.CO;2. ISSN 0272-4634.
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