Salvia hispanica

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A Salvia hispanica, popularmente conhecida como chia ou sementes de chia, é uma planta herbácea da família das lamiáceas (assim como o alecrim e a sálvia), nativa da Guatemala e das regiões central e austral mexicanas[1][2] (e Colômbia[3]). Há evidência de que os astecas cultivavam o vegetal em tempos pré-colombianos presente no Códice Mendoza, datado do século XVI, documento no qual também se mencionava sua relevância agrícola à época.[4]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaChia

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales
Família: Lamiaceae
Género: Salvia
Espécie: S. hispanica
Nome binomial
Salvia hispanica

Mais conhecida por sua semente, a qual é comercializada integralmente, moída ou em forma de óleo, a chia também é dona de folhas que podem ser aproveitadas para infusões.[5] Ambos derivados, independente da forma, são tidos como ricas fontes de minerais, aminoácidos essenciais e ômega 3.[3][5][6]

Etimologia editar

A palavra chia deriva da palavra do nahuatl chian, que significa "oleoso".[1] Diz-se que o estado mexicano de Chiapas pode ter sido nomeado também a partir da língua náuatle, significando "água de chia" ou "rio de chia".

É uma das duas plantas conhecidas como chia, sendo a outra Salvia columbariae, esta também denominada chia dourada.

Semente de chia editar

A semente da chia possui formato oval e "diâmetro" de aproximadamente 2 mm.[7] É visivelmente a principal parte da planta nos âmbitos comercial e gastronômico.

Características nutricionais editar

A semente da chia é, por vezes, considerada um alimento funcional dadas suas características compositivas. Seu efeito mucilaginoso (o de absorver e reter quantidade significativa de água, como um emulsificante), devido à alta concentração de fibras, torna a chia interessante para quem busca emagrecer, posto que pode intensificar a sensação de saciedade.[8]

É possível escrutinar a importância nutricional da semente de chia com a seguinte lista:

  • Ômega 3: A semente da chia é uma das mais ricas fontes conhecidas (tanto entre as vegetais quanto entre as animais) do ácido alfalinolênico, um dos ácidos graxos classificados como ômega 3. Contudo, esse ácido é um precursor das forma EPA e DHA, que são as formas "ativas" do Ômega 3. Cabe lembrar que o corpo humano não converte bem o primeiro nos segundos. [2][5][9]
  • Cálcio: cinco vezes a concentração do mineral encontrada no leite de vaca.[5]
  • Magnésio: 100 gramas da semente de chia pode conter o mesmo que 200g do mineral presente em nozes[3] ou 1,6 kg de brócolis,[8] por si só considerados alimentos ricos no nutriente.[10][11]
  • Manganês e fósforo: 100 gramas de chia contêm 108% do manganês e 95% do fósforo demandados por um adulto numa dieta de 2.000 quilocalorias/dia. [12]
  • Proteínas: 15% da composição da chia é proteica, sendo seus aminoácidos, em conjunto, formadores de alto valor biológico. Apenas 28 gramas da semente fornecem 9% da proteína que um adulto demanda, em média.[12]
  • Fibras: a alta concentração de fibras alimentares (38 gramas a cada 100) faz da chia um aliado do emagrecimento e na boa digestão.
  • Antioxidantes: a presença do flavonoide kaempferol e, em menor quantidade, os ácidos cafeico e clorogênico presentes provêm à chia efeito antioxidante comparável ao que apresenta o Trolox, antioxidante comercial da Hoffmann–La Roche.[13]

Aplicação culinária editar

A semente de chia, quando utilizada de maneira integral, pode ter diversos usos culinários. Agindo quase como emulsificante, torna líquidos mais próximos de um gel e dá "liga" a massas.

Receitas que podem incluir a semente de chia são pudins, pães, tortas, quiches, mousses, cremes, patês, risotos, farofa, saladas de frutas, sumos e vitaminas.

Controvérsia sobre emagrecimento editar

Em estudo realizado por membros da Appalachian State University, situada nos EUA, 90 pessoas acima do peso (IMC ≥ 25), entre 20 e 70 anos e saudáveis, foram submetidas ora a placebo, ora a ingestão de duas doses diárias compostas por 25 gramas de sementes de chia, adicionadas a 250 ml de água e agitadas, uma antes do café da manhã e, a outra, do jantar. O placebo era nutricionalmente equivalente, salvo as quantidades de ácidos polinsaturados e de fibra alimentar. A seleção do grupo controle, aleatória. O intervalo da pesquisa foi de 12 semanas (aproximadamente 3 meses, precisamente 84 dias que totalizaram 4,2 kg do grão em questão) e somente 14 dos 90 indivíduos participantes não seguiram à risca as exigências dos cientistas.

A conclusão foi que não houve diferença significante entre as duas amostras, tanto em questão de peso quanto em composição corpórea, além da manutenção dos níveis de pressão sanguínea e de proteína c-reativa, entre outros fatores por vezes considerados suscetíveis à ingestão regular de chia.[14]

Referências

  1. a b «Salvia hispanica L.». Germplasm Resources Information Network (em inglês). Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Consultado em 21 de março de 2012 
  2. a b Mundo Verde (9 de novembro de 2011). «Chia: uma verdadeira aliada da saúde». Blog Mundo Verde. Consultado em 21 de março de 2012 
  3. a b c «Nutricionista fala sobre nutrientes e benefícios da semente de chia». G1 MG, g1.globo.com. 15 de outubro de 2011. Consultado em 21 de março de 2012 
  4. CAHILL, Joseph P. (2003) Ethnobotany of Chia, Salvia hispanica L. (Lamiaceae) Economic Botany. Volume 57. Edição 4. 604-618 DOI:10.1663/0013-0001(2003)057[0604:EOCSHL]2.0.CO;2
  5. a b c d Isabell Shipard (6 de abril de 2009). «Chia: Crop Potential and Uses». The Permaculture Research Institute of Australia (em inglês). permaculture.org.au. Consultado em 21 de março de 2012 
  6. Thaís Manarini (2011). «Chia, o grão pró-saúde». saude.abril.com.br. Revista Saúde, Edição 343. Consultado em 21 de março de 2012 
  7. «Sementes de Chia (Salvia hispânica)». alquimiaalimentar.com. 9 de junho de 2010. Consultado em 21 de março de 2012 
  8. a b Fernanda Reis (15 de fevereiro de 2012). «Semente de chia é a nova aposta para perder peso». Folha.com. Consultado em 21 de março de 2012 
  9. «A nutri explica. Óleo de peixe, de chia e de linhaça: qual é a grande diferença?». 14 de janeiro de 2019 
  10. João Carlos Labruna (11 de julho de 2007). «Magnésio, nutriente essencial ao organismo». Copacabana Runners. Consultado em 23 de março de 2012 
  11. Mark Frediani (24 de agosto de 2011). «Os benefícios do brócolis e sugestões de pratos». Portal Beleza Revelada. Consultado em 23 de março de 2012 
  12. a b «Nutrition facts - Seeds, chia seeds, dried». USDA SR-21 (em inglês). Condé Nast's NutritionData.Self.com. Consultado em 23 de março de 2012 
  13. REYES-CAUDILLO, E; TECANTE, M.A. VALDIVIA-LÓPEZ. (31 de agosto de 2007). «Dietary fibre content and antioxidant activity of phenolic compounds present in Mexican chia (Salvia hispanica L.) seeds» (em inglês). Science Direct. Consultado em 21 de março de 2012 
  14. David C. Nieman, Erin J. Cayea, Melanie D. Austin, Dru A. Henson, Steven R. McAnulty, Fuxia Jin, Chia seed does not promote weight loss or alter disease risk factors in overweight adults, Nutrition Research, Volume 29, Issue 6, June 2009, Pages 414-418, ISSN 0271-5317, 10.1016/j.nutres.2009.05.011. (http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S027153170900089X)