Christine Delphy (Paris, 9 de dezembro de 1941) é uma socióloga francesa, pesquisadora do CNRS, desde 1966, no campo dos estudos feministas e de gênero. É uma das fundadoras da  Nouvelles Questions féministes, uma revista que introduziu, entre outros, o conceito de gênero e o a corrente intelectual vigente do feminismo materialista, categoria que ela desenvolve em 1975.[1] 

Christine Delphy
Christine Delphy
Nascimento 9 de dezembro de 1941 (82 anos)
14.º arrondissement de Paris
Residência Estados Unidos, França
Cidadania França
Alma mater
Ocupação socióloga, conferencista, ativista
Empregador(a) Centre National de la Recherche Scientifique
Movimento estético Feminismo materialista
Página oficial
https://christinedelphy.wordpress.com/

Ela tem uma atividade militante importante, antes de tudo nos anos 1960-70, em diferentes grupos feministas relacionadas com o Movimento de Libertação das Mulheres, dos quais ela é membro fundadora, antes de se envolver nos anos 2000-2010 em círculos de reflexão críticos ao liberalismo, tais como a Fundação Copérnico e, em seguida, na luta contra a lei sobre os símbolos religiosos nas escolas públicas francesas e, mais geralmente, na luta contra a islamofobia.

Biografia editar

Christine Delphy é a filha de um farmacêutico e uma farmacêutica.[2] Estudou sociologia na Sorbonne, em Chicago e em Berkeley, nos Estados Unidos. Em 1965, trabalhou para o Washington Urban League (uma organização de direitos civis dos negros). Estudante de doutorado de filosofia em Montreal, em 1968, ela entrou para o CNRS em 1970 e atualmente é diretora de pesquisa emérita.

Teoria feminista editar

No volume 1 de seu livro L'ennemi principal économie politique du patriarcat (uma coleção de ensaios sobre o feminismo), ela destaca o trabalho doméstico como a base de um modo de produção distinto do modo capitalista.

Produção doméstica editar

Este modo de produção é baseado na instituição da família, onde a força de trabalho dos membros de uma família — mulheres, filhos, irmãos e irmãs solteiras — pertence ao cabeça da família, que aplica esse trabalho para a produção de mercado e para a produção fora do mercado. É à produção fora do mercado que o trabalho não remunerado das mulheres, hoje no Ocidente, se dá: limpeza, cuidados a pessoas dependentes. Assim, de acordo com ela, a sociedade ocidental contemporânea está baseada em duas dinâmicas paralelas: o modo de produção capitalista e o modo de produção patriarcal (ou doméstico). Em sociedades menos desenvolvidas, onde a agricultura é a principal produção, o modo de produção doméstica predomina, intrincada com o capitalismo, como no Ocidente.

Esta tese tem uma influência teórica e política significativa para os estudos feministas[3], paralelamente a muitas outras teorizações. Em ambientes marxistas tradicionais, continua a ser combatida porque os marxistas argumentam que a opressão específica das mulheres pode ser explicada a partir do capitalismo.

Feminismo materialista editar

Ela é uma das representantes do feminismo materialista, que se opõe tanto ao diferencialismo e seus sinônimos (essencialismo e naturalismo) quanto ao reducionismo do marxismo ortodoxo. Hoje, essa corrente reúne teóricas e militantes como Monique Wittig, Emmanuèle de Lesseps, Colette Guillaumin, Nicole-Claude Mathieu, Paola Tabet e Jules Falquet.

Atividades militantes editar

Christine Delphy participou, em 1968, da construção de um dos grupos fundadores do Movimento de libertação das mulheres, o grupo FMA (Feminismo, Masculino, Devir, em francês), que se torna em 1969 Feminismo, Marxismo, Ação, com Emmanuèle de Lesseps, Anne Zelensky e Jacqueline Feldman-Hogasen.

Este grupo se juntou com outros (compostos em particular por Monique e Gille Wittig, Christiane Rochefort, Micha Garrigue e Margaret Stephenson), para formar o MLF em agosto de 1970; em setembro do mesmo ano, essas mesmas pessoas formam um sub-grupo do MLF: as Feministas Revolucionárias, que existiu até 1977, com interrupções longas.

Em 1977, ela participou da fundação da primeira revista em língua francesa de estudos feministas : Questions féministes (QF)[4] e, em 1980, ela co-fundou Nouvelles Questions féministes (NQF). As duas publicações foram fundadas com o apoio ativo de Simone de Beauvoir, que foi diretora de publicação até sua morte.

Em 2001, enquanto co-presidente da Fondation Copernic, ela propõe denunciar a a guerra dos Estados Unidos contra o Afeganistão e, ao confrontar-se com uma rejeição, ela fundou com Willy Pelletier (coordenador de Copérnico) e outros membros da extrema-esquerda (como Catherine Lévy, Daniel Bensaïd, Jacques Bidet, Annie Bidet, Nils Anderson, Henri Maler, Dominique Lévy) a Coalizão Internacional contra a Guerra.[5] 

Publicações editar

Livros editar

Livros individuais

  • The Main Enemy, W.R.R.C.P., London, 1977
  • Por un feminismo materialista, La Sal, Barcelona, 1982
  • Close to Home, London, Hutchinson, & The University of Massachusetts Press, 1984
  • Familiar Exploitation: A New Analysis of Marriage in Contemporary Western Societies'}, avec Diana Leonard, {{{2}}} 1992
  • L'ennemi principal (Tome 1): économie politique du patriarcat, Paris, Syllepse, 1998. (Réédité en 2009 par Syllepse, ISBN 2849501980
  • L'ennemi principal (Tome 2): penser le genre, Paris, Syllepse, Paris, 2001. (Réédité en 2009 par Syllepse, ISBN 2907993887
  • Classer, dominer : qui sont les autres, Paris, La Fabrique (éditeur), 2008, ISBN 978-2-913372-82-5
  • Un universalisme si particulier, Féminisme et exception française, Paris, Syllepse, 2010, ISBN 978-2-84950-264-8

Livros coletivos

Referências

  1. « Pour un féminisme matérialiste », 1975, L’Arc.
  2. «Je ne suis pas féministe mais…» Un documentaire de Florence Tissot et Sylvie Tissot, éditions Les mots sont importants, 2015
  3. Isabelle Clair, Sociologie du genre, Paris, Armand Colin, 2012, p. 18-19
  4. Réédition chez Syllepse en 2012.
  5. Agression sans cause et crimes de guerre contre les populations civiles iraqiennes, Christine Delphy, cicg.free.fr, 10 mars 2003
  6. Michel Kail, "Du contexte, de la situation et de la domination", L'Homme et la Société, 2011/3 Predefinição:N°, p. 5-9

Referências