A Churra[1] é uma antiga raça Ibérica proveniente de ovelhas[2] da Zamora, na província de Castela e Leão.

Ovelhas e cordeiros Churra em Segóvia

É uma raça de tripla aptidão – carne, leite e lã. A Lã proveniente das ovelhas de raça Churra é uma lã grosseira, comprida e lisa.[3]

Segundo o geógrafo Orlando Ribeiro em 1941, "a variedade churra é a que mais se encontra nos rebanhos serranos; e nesta ainda dominam as ovelhas pretas, consideradas inferiores às brancas pela qualidade da lã, mas mais resistentes aos rigores do clima. São reses de corpo pequeno, geralmente com a cara e as pernas deslanadas, acomodando-se a pastos de qualidade inferior e à intempérie"[4].

Em Portugal editar

 
Churra Algarvia, encontra-se distribuída pelo Algarve e Alto Alentejo
 
Churra Galega Bragançana, distribuída pela Terra Fria

Existem várias espécies de ovelhas churra[5]:

Existem diversos produtos certificados confeccionados a partir das ovelhas desta raça, nomeadamente:

Número de efectivos editar

Livro genealógico de adultos (dados de 2019)[6]
Raça N.º de machos N.º de fêmeas N.º de criadores
Algarvia 64 1626 22
Badana 123 2417 34
Terra Quente 590 13298 120
Campo 31 290 7
Minho 221 4435 87
Galega Bragançana Branca 431 11729 117
Galega Bragançana Preta 126 2651 47
Galega Mirandesa 158 4759 66

Lã Churra editar

As lãs Churra são impróprias para a confecção de artigos de vestuário. Uma parte das lãs é utilizada no fabrico artesanal de artigos, tais como meias, Cobertor de Papa e tapetes. Depois de lavadas e enfardadas, são exportadas, sendo utilizadas para o isolamento térmico e acústico de edifícios.[7]

Atualmente, em Portugal e Espanha, os criadores das raças churra, donos de pequenos rebanhos, têm dificuldade em escoar a sua lã[8].

Indústria da tecelagem na Serra da Estrela editar

Historicamente, uma das principais indústrias da Serra da Estrela foi a da tecelagem em grande escala, apoiada pela existência de grandes quedas de água enquanto fonte de energia elétrica. Nestas fábricas de Manteigas, Gouveia, São Romão (Seia), Loriga, Unhais, os industriais compravam lã dos rebanhos da Serra, trabalhando o velo churro para fabricar tecidos grosseiros (burel, saragoça), cobertores, mantas e panos para alforges, vendidos depois aos pastores e camponeses serranos[4].

Referências editar

  1. «Churra/Spain». Breed Data Sheet. Domestic Animal Diversity Information System. Consultado em 9 de setembro de 2009 
  2. «Navajo-Churro». Breeds of Sheep. Oklahoma State University. Consultado em 20 de março de 2009. Arquivado do original em 23 de janeiro de 2009 
  3. Barragão, Vanessa (2016). Desenvolvimento de uma coleção de fios portugueses ecológicos, Universidade de Lisboa. Faculdade de Arquitetura.
  4. a b Contribuição para o estudo do pastoreio na Serra da Estrela / Orlando Ribeiro. Lisboa : Imprensa Nacional. 1941.
  5. https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/referencias/2016-08-03-15-30-28/ovinos
  6. Catálogo Oficial de Raças Autóctones Portuguesas. [S.l.: s.n.] 2021 
  7. Azevedo, Jorge; Valentim, Ramiro (1989). Produção de lã em Trás-os-Montes, Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos.
  8. http://www.elcorreo.com/bizkaia/lana-problema-granjas-20171204125306-nt.html

Ver também editar

Ligações externas editar