Ciclo de vida dos sistemas

conceito fundamental do processo de Engenharia de Sistemas

Ciclo de vida dos sistemas, tradução do inglês System Lifecycle para o português do Brasil, é um conceito fundamental do processo de Engenharia de Sistemas. Neste ciclo se desenrolam todas as fases de desenvolvimento de sistemas artificiais, ou sistemas feito pelo homem, desde a concepção até a sua eliminação.[1]

Como o processo de apoio logístico integrado é inerente na Engenharia de Sistemas, o entendimento do que seja o ciclo de vida dos sistemas tem relevância na aplicação destes processos e recebe significativa cobertura nas obras citadas na bibliografia.

Em cursos especializados de âmbito internacional, voltados para projetos intensivos em tecnologia e desenvolvimento de produtos, ciclo de vida dos sistemas tem sido uma das unidades de ensino fundamentais para expansão dos demais conhecimentos da Engenharia de sistemas, uma vez que abrange o domínio da definição de um problema; o domínio da solução procurada; os conceitos chaves e relacionamentos; os relacionamentos entre produtos de trabalho na definição do problema e na satisfação de todos os envolvidos; e, finalmente, por comportar diferentes estratégias de desenvolvimento, como em cascata (do inglês waterfall), incremental (do inglês incremental), evolucionário (do inglês evolutionary) e em espiral (do inglês spiral).[2]

Ciclo de vida dos sistemas, expressão composta de ciclo de vida (derivada do inglês lifecycle), mais uma qualificação para uma determinada área de aplicação – sistemas, tem sido compreendida segundo suas partes componentes: o ciclo de vida e os sistemas.

Parte componente: ciclo de vida editar

Gil Branco Filho,[3] define ciclo de vida como o tempo durante o qual um Item conserva sua capacidade de utilização. O período compreende desde sua aquisição até que é substituído ou é objeto de Restauração/Reparação.

Na Internet encontram-se vários sites que buscam definir ciclo de vida, tal como em definição de ciclo de vida. Quando se referindo a um determinado contexto, a expressão ciclo de vida vem seguida de um qualificativo para torná-la clara (vide a desambiguação para ciclo de vida).

Parte componente: sistema editar

"Sistema" comporta muitas definições. Pode ser, por exemplo, um Conjunto de elementos (concretos ou abstratos) interligados e que funciona como um todo estruturalmente constituído.[4] Os sistemas são os principais objetos de estudo na teoria de sistemas.[5]

A teoria de sistemas é coberta em várias obras de referência. Entre muitos autores que contribuem para o estudo e a compreensão do que sejam sistemas, encontra-se Karl Ludwig von Bertalanffy, criador da Teoria geral dos sistemas.[5] Em língua inglesa, Blanchard e Fabrycky,[6] em língua portuguesa Chiavenato.[7]

Jones,[8] referindo-se ao tempo de existência de um sistema, ao qual denomina tempo de vida (do inglês lifetime), sob a ótica da sua obtenção, esclarece que ele é composto de três estágios genéricos, que são: de pré-obtenção do sistema; de obtenção do sistema e de uso do sistema[8][9]

Neste período de tempo de vida um sistema artificial, isto é, criado pelo homem, é desenvolvido segundo as fases de concepção, avaliação, teste e seleção, design e fabricação, operação e apoio, eliminação, em outras palavras, fases do ciclo de vida global de desenvolvimento do sistema[8][9]

Ciclo de vida qualificado editar

Em referências atuais, como em particular Jones, 2007, p. 2.1[10] o autor esclarece que, genericamente, a expressão qualificada para sistemas traz consigo a compreensão de que é usado para:

transmitir a idéia de que um sistema se desenvolve segundo diversas e distintas:fases, desde seu nascimento, passando pelo uso e chegando à eliminação, e cada fase:inclui ações ou condições específicas que contribuem para a sua finalidade, e para:identificação dos custos que compõe o seu custo de posse.[10].Segundo Jones, 2006, p. 11.1 custo de posse é o custo total incorrido para ter e usar um sistema ou item e inclui custos de pesquisa e desenvolvimento, custos de obtenção, custos de operação, custos de apoio e custos de eliminação.

Tal compreensão é ratificada em exemplos como os citados em seguida:

  • Horstmann[11] considera o ciclo de vida do software como “englobando todas as atividades desde a análise inicial até a sua obsolescência.” (Horstmann, 2003, p. 572);
  • Na comunidade lusófona da Wikipedia, no artigo Ciclo de vida, a definição de ciclo de vida em português do Brasil refere-se (ou é qualificada) à biologia;
  • Ciclo de vida do produto refere-se ao produto, como o próprio título indica.

Definição de ciclo de vida dos sistemas editar

Como ciclo de vida, ou a vida de um sistema, é um conjunto de atividades agrupadas em fases que se desenvolvem sequencialmente, desde o instante inicial da sua existência até a sua obsolescência e eliminação do inventário a que pertence, podendo se repetir em seguida, a partir da sua obsolescência ou eliminação, tantas vezes quantas o homem seu criador julgar necessárias; e[10]
como a expressão, quando qualificada em aplicações diversas, comporta definição particular ou específica relativa ao campo de abordagem em que foi empregada,[12] a definição de ciclo de vida dos sistemas em Engenharia de sistemas, segundo Blanchard e Fabrycky,[6] é:

"o exame dos sistemas abrangendo todas as fases da sua existência, incluindo desde a sua concepção e design, a sua produção ou construção, sua distribuição, sua operação, manutenção e apoio e, finalmente, sua eliminação."

Referências

  1. ISO-IEC 15288:2008. SE. Systems Life-cycle Process.. 2008
  2. HALIGAN, Robert. Project Performance Internacional – System Engineering Course Outline.
  3. BRANCO Filho, Gil. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade. Edição Mercosul, Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna Ltda., 2000
  4. AULETE, Júlio Caldas. Diccionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. 5 vol., Rio de Janeiro. Delta, 1987.
  5. a b Berthanlanffy, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Rio: Vozes, 1975.
  6. a b BLANCHARD, S. Benjamin e FABRYCKY, J. Wolter. Systems Engineering and Analysis. 2006, 4th edition. Prentice-Hall Incorporation, p. 19.
  7. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Sétima edição, Editora Elsevier, Campus. 2004
  8. a b c JONES, James V. Integrated Logistics Support Handbook. 3rd edition. Sole Logistics Press McGraw Hill.2006.
  9. a b Jones, 2006, p. 11.2
  10. a b c JONES, James V. Supportability Engineering Handbook. Implementation, Measurement & Management. McGraw Hill. First edition. Sole Logistics Press. 2007.
  11. HORSTMANN, Cay. Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003
  12. ISO-IEC 15288:2008. SE. Systems Life-cycle Process.

Bibliografia editar

  • BLANCHARD, S. Benjamin e FABRYCKY, J. Wolter. Systems Engineering and Analysis. 2006, 4th edition. Prentice-Hall Incorporation.
  • BRANCO Filho, Gil. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Manutebilidade Edição Mercosul, Rio de Janeiro, Editora Ciência Moderna Ltda., 2000
  • HORSTMANN, Cay. Conceitos de Computação o Essencial de Java. Tradução. Autorizada por John Wiley & Sons, Inc. Artmed Editora SA. 2003.
  • INCOSE. Systems Engineering Handbook – A Guide for System Life Cycle Process and Activities. Version 3.2.2010.
  • ISO-IEC 15288:2008. SE. Systems Life-cycle Process.. 2008
  • JONES, James V. Integrated Logistics Support Handbook. 3rd edition. Sole Logistics Press McGraw Hill. 2006.
  • JONES, James V. Supportability Engineering Handbook. Implementation, Measurement & Management. McGraw Hill. First edition. Sole Logistics Press. 2007.
  • MOORE, James, et alli. Sumary of the Alignement of Systems and Software Lifecycle Processes Standards. 2008.
  • ISO/IEC JTC1/SC7. Software and systems engineering . 2008

Ver também editar

Ligações externas editar