Ciclo econômico

Flutuações no grau de utilização da capacidade produtiva de uma economia. Intervalos de expansão seguido de uma redução ou recessão na atividade econômica.
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O conceito do ciclo econômico refere-se às flutuações da atividade econômica no curto prazo. O ciclo envolve uma alternância de períodos de crescimento relativamente rápido do produto (recuperação e prosperidade), com períodos de relativa estagnação ou declínio (contração ou recessão).

Os ciclos econômicos são caracterizados por um movimento de um grande número de atividades econômicas e não somente pelo movimento de uma única variável, tal como o PIB real. Embora essas flutuações sejam geralmente medidas em termos de variação do Produto Nacional (PIB ou PNB). Schumpeter em 1939, definiu-se quatro fases para um ciclo econômico:

  1. boom;
  2. recessão;
  3. depressão;
  4. recuperação.

Embora os ciclos econômicos se repitam, e caracterizados por períodos de expansão e contração da atividade econômica, não necessariamente periódicos. Por sua vez, são um fenômeno que ocorrem em economias de mercado.

Classificação por duraçãoEditar

  1. Curto prazo: 3 – 4 anos [40 meses] – Ciclos de Kitchin.
    • Evidências para os EUA
    • Identificou um ciclo de estoques de 3 a 5 anos.
  2. Ciclos de Juglar: 7 – 10 anos
    • duração entre os vales de 7 a 10 anos;
    • era um padrão associado ao RU no século XIX;
    • evidências para o Reino Unido;
  3. Ciclos de Kuznets: 15-20 anos
    • é conhecido também como ciclo de construção e transporte.
  4. Ciclos de Kondratiev – duração de 50 anos
    • relacionados a mudanças tecnológicas;
    • a duração e o tempo de maturação dos equipamentos de capital é que explicariam a duração dos ciclos econômicos.
    • os investimentos vêem em ondas;
    • Kondratiev buscou computar os ciclos de longo prazo, destacando suas características cíclicas.
  5. Ciclos de Sartore - duração acima de 50 anos - relacionados a mudanças estruturais condicionadas a produtividade do capital humano.

Ciclos de Negócios, Tecnologia e InovaçãoEditar

O pensamento schumpeteriano estuda a relação entre ciclos econômicos com os ciclos de inovação institucional e tecnológica realizado pelas empresas e sua difusão pela economia.

Flutuações, ciclo e tendênciaEditar

O pensamento kaleckiano e keynesiano falam sobre as flutuações econômicas relacionando-as com as oscilações no patamar da demanda efetiva da economia. Também enfatizam a importância da sobreacumulação e do subinvestimento sobre a determinação do nível garantido da demanda efetiva.

Michael Kalecki estabelece uma relação entre o ciclo econômico e a tendência da economia. Keynes fala sobre a importância do mercado financeiro e do gasto público sobre a demanda efetiva. O economista russo Gabriel Senaitov, entretanto, agrega à literatura econômica expondo as limitações dos trabalhos de Keynes.

Ciclos econômicos, natureza e crise do capitalismoEditar

 Ver artigo principal: Crise econômica

Os marxistas defendem que as flutuações econômicas no capitalismo seriam, em geral, cíclicas, próprias da dialética do sistema capitalista, onde os fatores que geram o boom semeiam também o declínio, vice-versa, sucessivamente. O ciclo econômico refere-se então às flutuações recorrentes e periódicas da atividade econômica a longo prazo, determinadas pela variação do nível de lucro dos empresários e de investimento na expansão ou reposição do estoque de capital.

As análises marxistas sempre tiveram como base os esquemas de reprodução, desenvolvidos como um conjunto de modelos matemático-econômicos por Karl Marx nos tomos de O Capital para explicar o funcionamento da acumulação e circulação do capital entre setores de uma economia capitalista. Os ciclos resultavam nas possibilidades no sistema capitalista de desequilíbrios inter-setoriais, de crise de realização da produção e de manifestação da tendência de longo prazo à queda da taxa de lucro. Um conjunto de autores econômicos marxistas ou sob inspiração marxistas se debruçaram sob o tema, tais como, Preobrajenski, Rosa Luxemburgo, Kalecki, Tugan-Baranovski , Isaac Rubin, Lênin.

Teoria austríaca do ciclo econômicoEditar

De acordo com a Teoria austríaca do ciclo económico de Ludwig von Mises a redução artificial das taxas de juros pelos Bancos centrais leva a uma má alocação de recursos devido ao fato de as empresas realizarem vários projetos de capital que antes da redução das taxas de juros não eram considerados viáveis. Essa má alocação de recursos é comumente descrita como uma Bolha especulativa.

Os Economistas da Escola Austríaca argumentam que os ciclos de negócios são causados pela emissão excessiva de crédito pelos bancos em sistemas bancários de reservas fracionárias. De acordo com economistas austríacos, a emissão excessiva de crédito bancário pode ser exacerbada se a política monetária do banco central definir as taxas de juros muito baixas, e a expansão resultante da oferta de moeda causar um "boom" no qual os recursos são mal alocados ou "mal investidos" por causa de taxas de juros artificialmente baixas. Eventualmente, o boom não pode ser sustentado e é seguido através de um "colapso" em que os maus investimentos são liquidados (vendidos por menos que o seu custo original) e a oferta de dinheiro diminui. [1] [2]

Ondas longas ou Ciclos de KondratievEditar

 Ver artigo principal: Ciclos de Kondratiev

Em 1926, o economista russo Nikolai Kondratiev apresentou a ideia de ondas longas da conjuntura, a hipótese da existência de ciclos longos na dinâmica do capitalismo mundial, com base na análise de séries cronológicas de preços no atacado, de 1790 a 1920, nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Um "ciclo de Kondratiev" tem um período de duração determinada de 20 (Vinte) anos subdivididos em 5 (cinco) anos, que corresponde aproximadamente ao retorno de um mesmo fenômeno, segundo Marx, se não houver a ação do chamado capitalista, que renova o sistema, não o deixando sucumbir. Apresenta duas fases distintas: uma fase ascendente (fase A) e uma fase descendente (fase B), essa última deve ser renovada por um governo que tenha a perspectiva de permanência por completar-se um novo ciclo virtuoso, sob pena de estagnação econômica. Essas flutuações de longo prazo seriam características essenciais da economia capitalista, se nâo houver o Capitalista. Sendo próprio portanto das economias não - capitalistas (Criativas, próprias do Capitalismo e da chamada Liberdade com Responsabilidade)[3]

ComposiçãoEditar

O ciclo de negócio é composto por uma sequência de expansões e contrações da produção (PIB). Uma expansão acentuada pode levar à economia a ter um PIB superior ao PIB potencial, caracterizando uma situação de superaquecimento.

Um período de contracção (redução do uso da capacidade de produção) pode levar a recessão economia, ou seja, PIB efectivo abaixo do PIB potencial.[4]

Ver tambémEditar

Referências

  1. Block, Walter E.; Garschina, Kenneth M. (6 de julho de 2011). «Hayek, Business Cycles and Fractional Reserve Banking: Continuing the De-Homogenization Process». Rochester, NY (em inglês). Consultado em 16 de outubro de 2022 
  2. Shostak, Dr. Frank (4 de março de 2007). «Fractional Reserve banking and boom-bust cycles» (PDF). archive.org. Ludwig von Mises Institute. Consultado em 16 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 14 de julho de 2012 
  3. SIMONSEN, M. H. INFLAÇÃO: Gradualismo X Tratamento - de - Choque Editora Biblioteca da Universidade de Brasília, 1970
  4. KOROTAYEV, Andrey, & Tsirel, Sergey V.(2010). A Spectral Analysis of World GDP Dynamics: Kondratieff Waves, Kuznets Swings, Juglar and Kitchin Cycles in Global Economic Development, and the 2008–2009 Economic Crisis. Structure and Dynamics. Vol.4. #1. P.3-57.

Ligações externasEditar