Cidade partida é um termo de certos estudos de sociologia urbana, depois disseminado pela mídia, para designar uma teoria segundo a qual a estrutura socioeconômica da cidade do Rio de Janeiro seria dividida em duas, em linhas que separariam classes sociais, bairros e grupos culturais, com diálogo e interação limitados entre cada parte. Análoga a essa visão, há os conceitos de "morro" e "asfalto", o primeiro designando as favelas (muito embora várias delas sejam planas, e não em morros) e o segundo, as zonas urbanizadas de classes média e alta.[1]

O termo foi disseminado pelo livro homônimo do jornalista Zuenir Ventura, lançado em 1994, que acompanha paralelamente a vida de moradores de Vigário Geral, onde acontecera uma chacina histórica no ano anterior, e de moradores ativistas da zona sul, especialmente ligados à organização da sociedade civil Viva Rio, em manifestações contra a violência urbana.[2] Também no ano anterior, a praia de Ipanema tinha sido palco de dois violentos arrastões, fato que traumatizou grande parte da população local.

Na introdução do livro, o cineasta Arnaldo Jabor faz menção à década de 1950, época considerada utópica por estudiosos da sociologia urbana carioca, quando, supostamente, haveria uma integração maior e mais amistosa entre morro e asfalto.

Na verdade, já existiam então "duas cidades" ou uma cidade partida, mas a convivência amena, a obediência civil, a falta de antagonismos de classe e a despreocupação com os problemas sociais nem sempre deixavam perceber que havia um ovo de serpente chocando no paraíso.

Inspirado pelo mesmo termo, "Cidade Partida" é o título de uma música do grupo Cidade Negra.[3]

Referências

  1. DE ALMEIDA, Aline Gama e NAJAR, Alberto Lopes. «Cidade Maravilhosa e Cidade Partida: notas sobre a manipulação de uma cidade deteriorada» (PDF). 2012. ISSN 1413-2109. Consultado em 6 de agosto de 2020 
  2. Folha-UOL. «Zuenir Ventura diz que fim da violência no Rio passa pela inclusão social». 29 de novembro de 2010. Consultado em 6 de agosto de 2020 
  3. Diário de Cuiabá. «Injustiça social marca novo CD do Cidade Negra». 4 de novembro de 2000. Consultado em 6 de agosto de 2020 
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