Simão de Cirene

homem que carregou a cruz juntamente com Jesus
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Simão de Cirene é um personagem bíblico descrito nos Evangelhos sinópticos. Ele teria sido obrigado pelos soldados romanos a carregar a cruz de Jesus até o Gólgota; lugar onde deveria ser crucificado.

Simão de Cirene
Simão de Cirene
Vitral do século XVI representando Simão de Cirene carregando a cruz, Igreja de São Pedro em Limours, França
Portador da Cruz
Nascimento Provavelmente no Século I a.C.
Cirene
Morte Século I d.C.
Veneração por Tradicionalmente pela Igreja Ortodoxa e Comunhão Anglicana
Principal templo Capela de Simão de Cirene, Jerusalém, Israel[1]
Festa litúrgica 27 de fevereiro ou 1 de dezembro
Atribuições Carregando a cruz ao lado do Cristo na Via Dolorosa
Portal dos Santos

Era pai de Alexandre e Rufo (São Marcos 15:21) e levou a cruz por ordem dos soldados romanos (São Mateus 27:32) até o lugar chamado «Gólgota» (São Mateus 27:33 e São Marcos 15:22) que hoje muitos chamam de «Calvário».

Capela de Simão de Cirene na Via Dolorosa, lugar onde ele teria se encontrado com Jesus

Narrativa bíblica editar

 
Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Ta' Pinu em Għarb, Malta

De acordo com os evangelistas Marcos e Lucas, Simão era oriundo de Cirene, nome de uma região do Norte de África que hoje se situa na Líbia; um erro comum de quem relata sobre esse personagem é pensar que se tratava de um nome, pois não era sobrenome do mesmo, mas o local de sua origem. Estes dois evangelistas afirmam que Simão "passava, vindo do campo" (Marcos 15:21; Lucas 23:26), o que pode significar que ele vinha naquele instante diretamente de Cirene para a celebração da Páscoa judaica (em Cirene existia uma importante comunidade judaica) ou talvez vinha da área rural de Jerusalém (Atos 2:10).

O Evangelho de Marcos refere que Simão era pai de Alexandre e Rufo, o que pode indicar que era o progenitor de dois convertidos ao cristianismo conhecidos pelos leitores na altura em que este evangelho foi escrito. Segundo a Bíblia, em Romanos 16:13, o Apóstolo Paulo cita um certo Rufo e sua mãe.

Na interpretação do Evangelho de João não se refere ao episódio de Simão, contrariando a ideia de que Jesus teria carregado sozinho a cruz até ao Gólgota. É precisamente esta a visão islâmica sobre a vida de Jesus (Isa): este não morreu na cruz, tendo sido levado para o céu por Deus; Simão de Cirene (ou Judas Iscariotes) morreu no seu lugar.[carece de fontes?]

O constrangimento de carregar a cruz imposto pelos soldados romanos faz surgir um paralelo entre esse Simão de Cirene e Simão Pedro, que teria se vangloriado que seguiria Jesus até a prisão e até a morte (Lucas 22:33) quando na verdade o negou, enquanto um anônimo Simão, de origem desconhecida, nada tendo dito em favor de Jesus, tocou em algo "impuro" para os judeus - o sangue de Jesus - durante o período de uma festa religiosa.

Segundo a tradição, após ajudar Jesus a carregar a cruz, Simão volta pra Cirene e conta o acontecido para sua família. Rufo, que foi um jovem rejeitado pelo Sinédrio da época, após seu pai contar todo o ocorrido, como este conhecia um pouco a Torá dos judeus, ele identifica que o homem que seu pai ajudou a carregar a cruz, era o Messias; sendo assim uma das primeiras famílias gentias evangelizadas após a crucificação.

Por vezes, Simão de Cirene é identificado com "Simão que tinha por sobrenome Niger" (em latim: Niger - "negro") de Atos 13:1.

Veneração editar

 
Miniatura dos evangelhos em estilo bizantino do século XII, Tiblíssi, Geórgia

Simão de Cirene é tradicionalmente considerado santo nas tradições cristãs orientais, como pela Igreja Ortodoxa Grega, uma vez que seu culto nunca foi oficializado. Particularmente, sua atitude de ajudar o Cristo a levar a cruz gerou inúmeros sermões elogiando sua atitude.[2] Simão é considerado como o primeiro santo africano.[3]

Na Comunhão Anglicana, Simão de Cirene também é venerado como santo, havendo um paróquia erguida em seu nome.[4][5]

Simão de Cirene é comemorado na ortodoxia em 27 de fevereiro.[6] Algumas tradições cristãs também o celebram em 1 de dezembro.[7][8]

Referências

  1. Saints, Feasts, Family. «Saint Simon of Cyrene the Cross Bearer». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  2. Rethemnos (29 de abril de 2021). «Η τιμή του Σίμωνος Κυρηναίου ως αγίου από τους Ορθοδόξους Αφρικανούς της Αμερικής». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  3. Εκκλησία Online (4 de julho de 2022). «ΣΙΜΩΝ Ο ΚΥΡΗΝΑΙΟΣ: ΑΥΤΟΣ ΠΟΥ ΒΟΗΘΗΣΕ ΤΟΝ ΧΡΙΣΤΟ ΚΟΥΒΑΛΩΝΤΑΣ ΤΟΝ ΣΤΑΥΡΟ». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  4. Justus Anglican. «Simon of Cyrene, Cross-bearer». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  5. SSOCEC. «St. Simon of Cyrene Episcopal Church». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  6. Desert Fathers Dispatch (31 de outubro de 2018). «St. Simon's Day: Calendar & Common Ground». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  7. Aleteia (4 de dezembro de 2022). «What happened to Simon of Cyrene after the crucifixion?». Consultado em 8 de setembro de 2023 
  8. Foundation Marypages. «Saint Simon of Cyrene». Consultado em 8 de setembro de 2023 

Bibliografia editar

  • Seleccções do Reader´s Digest - Grandes Personagens da Bíblia. Madrid, 1997. ISBN 972-609-208-6.
  • BROWNRIGG, Ronald - Who's Who in the New Testament. Routledge, 2001. ISBN 0-415-26036-1
 
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