Cisplatina

composto químico
 Nota: Para a província do Império do Brasil, atual território nacional do Uruguai, veja Província Cisplatina.
Cisplatina
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC (SP-4-2)-diaminodicloroplatina(II)
Outros nomes cisplatina
cis-platina
cis-diaminodicloroplatina (II)
Identificadores
Número CAS 15663-27-1
PubChem 441203
DrugBank DB00515
Código ATC L01XA01
SMILES
InChI
1/2ClH.2H3N.Pt/h2*1H;2*1H3;/q;;;;+2/p-2/rCl2H6N2Pt/c1-5(2,3)4/h3-4H3
Propriedades
Fórmula molecular PtCl2N2H6
Massa molar 300,05 g·mol−1
Aparência pó amarelado, inodoro
Densidade 3,7 g·cm−3 (20 °C)
Ponto de fusão

decompõe a 270 °C

Solubilidade em água baixa solubilidade em água (2,5 g·L−1 a 20 °C)
Farmacologia
Riscos associados
Principais riscos
associados
Tóxico (T)
Frases R 45​‐​25​‐​36/37/38​‐​42/43
Frases S 53​‐​22​‐​24​‐​37​‐​45
LD50 26 mg·kg−1 (rato, oral)[1]
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

A cisplatina ou cis-diaminodicloroplatina (II) é um agente antineoplásico, citotóxico, relacionado com os alquilantes e desempenha um papel importante no tratamento de diversos tipos de cancro, sendo utilizado na maioria dos protocolos de tratamento de diversas neoplasias, como por exemplo: testículos, ovários, garganta, bexiga, esôfago, entre outros. A cisplatina é um composto inorgânico, de coordenação planar, que contém um átomo central de platina rodeado por dois átomos de cloro e dois grupos amônia.

História editar

A cisplatina foi sintetizada em 1844 por Michel Peyrone, ficando com a designação de cloreto de Peyrone. Em 1893, a sua estrutura foi elucidada por Alfred Werner e, só em 1960, este composto é redescoberto por serendipismo através de experiências realizadas nos laboratórios da Michigan State University, por Barnett Rosenberg et al, que estudavam o efeito de uma corrente elétrica no crescimento bacteriano de Escherichia coli. Estes investigadores chegaram à conclusão que a mitose das bactérias era inibida não por fenômenos elétricos mas por um agente químico –cisplatina. Assim, em 1970 os efeitos da cisplatina foram testados e comprovados em sarcomas implantados artificialmente em ratos, seguidos por testes de toxicidade realizados em animais (cães e macacos). Em 1972 o National Cancer Institute introduz a cisplatina em ensaios clínicos de fase 3. Em 1978 é aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) para uso clínico.

 
Reacção entre cisplatina e DNA. A cisplatina se intercala no DNA estabelecendo uma ligação coordinativa com duas bases de Guanina.[2]

Mecanismo de ação editar

A atividade antitumoral da cisplatina é atribuída à ligação ao DNA, com formação de adutos, originando ligações intra e intercadeias que induzem alterações estruturais. O seu efeito citotóxico é, assim, causado pela inibição da transcrição e replicação, induzindo a apoptose. A síntese de proteínas e RNA também é afetada, mas em menor grau. Estes mecanismos foram intensivamente investigados levando a cisplatina a ser reconhecida como droga para o tratamento de câncer já em 1973.[3] Já o isômero geométrico da cisplatina – transplatina – também forma complexos com o DNA, no entanto, não é efetivo como agente quimioterápico.[carece de fontes?]

Efeitos secundários editar

Inerente ao uso da cisplatina estão importantes efeitos secundários:

  1. Nefrotoxicidade – é o efeito secundário limitante da dose. Para diminuir o dano renal é importante uma adequada hidratação e diurese.
  2. Neurotoxicidade
  3. Ototoxicidade – infelizmente não há um tratamento efectivo para prevenir este efeito. Durante o tratamento devem-se realizar análises audiométricas regularmente.
  4. Náuseas e vômitos – a cisplatina, tal como os outros agentes antineoplásicos é emetogênica. No tratamento são usados fármacos antieméticos para prevenir este efeito.

Carcinogenicidade editar

 
Estrutura espacial da cisplatina.

O potencial carcinogénico da cisplatina ainda não foi inteiramente avaliado. Mas tem-se mostrado carcinogénica em animais.

Teratogenicidade editar

A cisplatina é embriotoxica e teratogênica em animais de experiência.

Mutagenicidade editar

A cisplatina mostrou ser mutagênica em culturas bacterianas e produz aberrações cromossômicas em células de tecidos animais.

Resistência editar

Embora, a cisplatina seja um agente quimioterápico altamente eficaz tem uma limitação – a resistência. Os mecanismos estabelecidos incluem: a redução da acumulação intracelular de cisplatina, níveis intracelulares aumentados de determinadas macromoléculas contendo enxofre, o aumentado da reparação do DNA, alteração da expressão de genes regulatórios e tolerância dos adultos.

Referências

  1. Instituto para a Segurança no Trabalho da Alemanha (Institut für Arbeitsschutz — IFA). «Cisplatin» (necessita JavaScript). Entrada no banco de dados de Substâncias Perigosas (Eintrag in der GESTIS-Stoffdatenbank) (em alemão). Consultado em 6 de dezembro de 2013 
  2. B. Lippert (editor), CISPLATIN - Chemistry and Biochemistry of a Leading Anticancer Drug, 1999, WILLEY-VCH, pp. 84-85 (em inglês).
  3. Center for Drug Evaluation and Research, último acesso 21-10-2010 (em inglês).

Ligações externas editar

 
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