Cneu Domício Tulo

político

Cneu Domício Tulo (em latim: Gnaeus Domitius Tullus), cujo nome completo era Cneu Domício Cúrvio Tulo[a], foi um senador e comandante militar romano nomeado cônsul sufecto em 74 ou entre 76-79[b] e novamente para o período de 13 a 31 de janeiro de 98 com o imperador Trajano.[1]

Cneu Domício Tulo
Cônsul do Império Romano
Consulado 74
98

Tulo era filho de Sexto Cúrvio Tulo, da Gália Narbonense, e de uma mulher cujo nome provavelmente era Tícia Marcela.[2][c] Plínio, o Velho, explica que o pai dele foi processado pelo orador Cneu Domício Afer, que conseguiu remover sua cidadania e ficou com sua fortuna; porém, o mesmo Afer tornou Tulo e seu irmão, Cneu Domício Lucano, herdeiros testamentários, deixando para eles sua fortuna na condição de que eles adotassem seu nome familiar como deles.[3]

Carreira

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Sua carreira política está preservada em duas inscrições.[4] Tulo começou sua carreira senatorial provavelmente ainda adolescente como membro dos decemviri stlitibus iudicandis, um dos quatro comitês dos vigintiviri, um colégio menor para jovens senadores no início de suas carreiras. Depois foi tribuno na Legio V Alaudae, a mesma legião que seu irmão serviu. Tulo serviu depois nas magistraturas republicanas, primeiro como questor de um imperador não nomeado (provavelmente Nero, cujo nome era geralmente omitido nas inscrições por causa do decreto de damnatio memoriae), depois como tribuno da plebe e pretor. Finalmente ele e seu irmão foram nomeados legados (comandantes) da III Augusta, um posto que incluía o governo da província da Numídia entre 70 e 73. Werner Eck sugere que Domício Lucano, seu irmão, ficou encarregado das responsabilidades civis e Tulo, da legião.[5] Depois disto, os dois irmãos foram elevados (adlectio) ao patriciado pelos imperadores Vespasiano e Tito em 72-73. A razão exata não foi registrada, mas durante o seu período como censor, os dois promoveram várias pessoas para o status de senadores ou de patrícios como prêmio pelo apoio durante o ano dos quatro imperadores.

Já como patrício, Tulo serviu como prefeito de um vexillatio de soldados em campanha contra as tribos germânicas e, por suas vitórias, recebeu as dona militaria apropriadas para o seu novo status. Em seguida, Tulo foi admitido entre os septênviros epulões, um dos quatro mais prestigiosos colégios sacerdotais de Roma. Finalmente, ele serviu por um ano como legado de seu irmão, que foi procônsul da África entre 84 e 85, antes de servir ele próprio como procônsul ali entre 85 e 86.[6]

Sua ativa carreira ou deixou "deformado e aleijado em todos os membros", citando Plínio, que conta que Tulo estava tão enfraquecido que "só podia mudar de posição com a ajuda de outros" e precisava de ajuda para se lavar e para escovar os dentes. "Geralmente se ouvia ele falando", continua Plínio, "quando estava reclamando das indignidades de seu estado enfraquecido que todos os dias ele lambia os dedos de seus escravos".[7]

Família

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Se o fato de Lucano e Tulo terem servido nas mesmas posições simultaneamente não era evidência suficiente de que os irmãos eram muito próximos, o caso narrado na epístola de Plínio escrita depois da morte de Tulo é um claro exemplo da lealdade que existia entre os dois. Lucano se casou com a filha de Tito Curtílio Mância, cônsul sufecto em 55, e os dois tiveram uma filha, Domícia Lucila. Porém, Mância se desentendeu com Lucano e só aceitou tornar Lucila sua herdeira apenas se Lucano abrisse mão dela renunciando ao seu poder como pater familias, o que evitaria que Lucano se beneficiasse da herança dele para sua sua filha. Lucano aceitou e a garota herdou a fortuna do avô, mas logo em seguida Tulo a adotou.[8]

A partir da carta de Plínio é incerto se Tulo teve filhos próprios. Ele menciona que ele se casou com uma mulher "de linhagem distinta e caráter honesto" já idoso e aleijado, que ela já havia sido casada antes e tinha filhos do casamento anterior. Plínio a elogia por sua perseverança em permanecer ao lado de Tulo mesmo na condição em que ele se encontrava, mas não cita seu nome.[9]

Domícia Lucila se casou depois com Públio Calvísio Tulo Rusão e a filha deles, Domícia Lucila, foi mãe do imperador Marco Aurélio.[10]

Ver também

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Cônsul do Império Romano
 
Precedido por:
Domiciano II

com Lúcio Valério Cátulo Messalino
com Lúcio Élio Oculato (suf.)
com Quinto Gávio Ático (suf.)
com Marco Arrecino Clemente (suf.)
com Sexto Júlio Frontino (suf.)

Vespasiano V
74

com Tito III
com Tibério Pláucio Silvano Eliano II (suf.)
com Lúcio Júnio Quinto Víbio Crispo II (suf.)
com Quinto Petílio Cerial Césio Rufo II (suf.)
com Tito Clódio Éprio Marcelo II (suf.)
com Caio Pompônio (suf.)
com Lúcio Mânlio Patruíno (suf.)
com Cneu Domício Tulo (suf.)

Sucedido por:
Vespasiano VI

com Tito IV
com Domiciano III (suf.)
com Lúcio Pasidieno Firmo (suf.)

Precedido por:
Nerva III

com Lúcio Vergínio Rufo III
com Cneu Árrio Antonino II (suf.)
com Caio Calpúrnio Pisão (suf.)
com Marco Ânio Vero (suf.)
com Lúcio Nerácio Prisco (suf.)
com Lúcio Domício Apolinário (suf.)
com Sexto Hermetídio Campano (suf.)
com Quinto Glício Atílio Agrícola (suf.)
com Lúcio Pompônio Materno (suf.)
com Públio Cornélio Tácito (suf.)
com Marco Ostório Escápula (suf.)

Nerva IV
98

com Trajano II
com Cneu Domício Tulo II (suf.)
com Sexto Júlio Frontino II (suf.)
com Lúcio Júlio Urso II (suf.)
com Tito Vestrício Espurina II (suf.)
com Caio Pompônio Pio (suf.)
com Aulo Vicírio Marcial (suf.)
com Lúcio Mécio Póstumo (suf.)
com Caio Pompônio Rufo Acílio Prisco Célio Esparso (suf.)
com Cneu Pompeu Ferox Liciniano (suf.)
com Quinto Fúlvio Gilão Bício Próculo (suf.)
com Públio Júlio Lupo (suf.)

Sucedido por:
Aulo Cornélio Palma Frontoniano

com Quinto Sósio Senécio
com Públio Sulpício Lucrécio Barba (suf.)
com Senécio Mêmio Áfer (suf.)
com Quinto Fábio Bárbaro Valério Magno Juliano (suf.)
com Aulo Cecílio Faustino (suf.)
com Tibério Júlio Ferox (suf.)



[a] ^ Como atestado em CIL XI, 5211. Porém, há uma lacuna entre "Domício" e "Cúrvio" na inscrição que permite ainda a inserção de mais nomes.


[b] ^ Uma vez que o ano exato do consulado de Cneu Domício Tulo não sobreviveu, essa parte de sua carreira esteve sujeita a reconstrução moderna. Na visão de Paul Gallivan, foi cônsul em algum momento entre 76-79,[11] enquanto para John D. Grainger foi em 74[12]


[c] ^ Seu pai é atestado em CIL VI, 01772.

Referências

  1. Cooley 2012, p. 466ss.
  2. Olli Salomies, Adoptive and polyonymous nomenclature in the Roman Empire, (Helsinski: Societas Scientiarum Fenica, 1992), pp. 37f
  3. Plínio, o Jovem, Epístolas VIII.18.5-6
  4. CIL XI, 5211, IRT 528
  5. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 12 (1982), pp. 287-292
  6. Eck, "Jahres- und Provinzialfasten", p. 310
  7. Plínio, o Jovem, Epístolas VIII.18.9-10
  8. Plínio, o Jovem, Epístolas VIII.18.4
  9. Plínio, o Jovem, Epístolas VIII.18.8-10
  10. Anthony Birley, Marcus Aurelius (London: Routlege, 1987), p. 29
  11. Gallivan 1981, p. 208, 219.
  12. Grainger 2004, p. 14.

Bibliografia

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  • Cooley, Alison E. (2012). The Cambridge Manual of Latin Epigraphy. Cambrígia: Cambridge University Press 
  • Grainger, John D. (2004). «Nerva and the Roman Succession Crisis of AD 96–99». Londres: Routledge