O coala (nome científico: Phascolarctos cinereus) é um mamífero marsupial herbívoro arbóreo nativo da Austrália. É o único representante existente da família Phascolarctidae e seus parentes vivos mais próximos são os vombates, que são membros da família Vombatidae. O coala é encontrado em áreas costeiras das regiões leste e sul do continente, habitando Queensland, Nova Gales do Sul, Vitória e Austrália do Sul. É facilmente reconhecível por seu corpo robusto e sem cauda, uma cabeça grande com orelhas redondas e macias, e um nariz grande em forma de colher. O coala tem um comprimento de corpo de 60 a 85 cm (24 a 33 pol) e pesa de 4 a 15 kg (9 a 33 lb). A cor do pelo varia de cinza prateado a marrom chocolate. Os coalas das populações do norte são tipicamente menores e de cor mais clara do que seus pares localizados mais ao sul. Essas populações possivelmente são subespécies separadas, mas isso é contestado.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCoala
Ocorrência: 0,7–0 Ma
Coala
Coala
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1][2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Diprotodontia
Família: Phascolarctidae
Género: Phascolarctos
Espécie: P. cinereus
Nome binomial
Phascolarctos cinereus
(Goldfuss, 1817)
Distribuição geográfica
Distribuição original em vermelho, região onde foi introduzido em rosa.
Distribuição original em vermelho, região onde foi introduzido em rosa.
Sinónimos
  • Phascolarctos flindersii Lesson, 1827
  • Phascolarctos fuscus Desmarest, 1820
  • Phascolarctos koala Gray, 1827
  • Phascolarctos cinereus adustus Thomas, 1923
  • Phascolarctos cinereus victor Troughton, 1935
  • Koala subiens (Burnett, 1830)

Os coalas normalmente habitam florestas abertas de eucalipto, e as folhas dessas árvores compõem a maior parte de sua dieta. Como essa dieta de eucalipto tem conteúdo calórico e nutricional limitado, os coalas são sedentários e dormem até 20 horas por dia. Eles são animais sociais e o instinto existe apenas entre mães e filhos dependentes. Os machos adultos se comunicam com foles altos que intimidam rivais e atraem parceiras. Os machos marcam sua presença com secreções das glândulas odoríferas localizadas em seus peitos. Sendo marsupiais, os coalas dão à luz jovens subdesenvolvidos que se arrastam para as bolsas de suas mães, onde ficam pelos primeiros seis a sete meses de suas vidas. Esses jovens coalas são totalmente desmamados por volta de um ano de idade. Os coalas têm poucos predadores e parasitas naturais, mas são ameaçados por vários patógenos, como as bactérias Chlamydiaceae e o retrovírus do coala.

Os coalas foram caçados por aborígenes australianos e retratados em mitos e artes rupestres por milênios. O primeiro encontro registrado entre um europeu e um coala foi em 1798, e uma imagem do animal foi publicada em 1810 pelo naturalista George Perry. O botânico Robert Brown escreveu a primeira descrição científica detalhada do coala em 1814, embora seu trabalho permaneça inédito por 180 anos. O artista popular John Gould ilustrou e descreveu o coala, apresentando as espécies ao público britânico em geral. Mais detalhes sobre a biologia do animal foram revelados no século XIX por vários cientistas ingleses. Devido à sua aparência distinta, o coala é reconhecido mundialmente como um símbolo da Austrália. Os coalas são listados como vulneráveis pela União Internacional para Conservação da Natureza. O animal foi caçado incisivamente no início do século XX pelo seu pelo, e abates em larga escala em Queensland resultaram em protestos públicos que iniciaram um movimento para proteger as espécies.[3] Os santuários foram estabelecidos e os esforços de translocação foram transferidos para novas regiões de coalas, cujo habitat havia se fragmentado ou reduzido. Entre as muitas ameaças à sua existência estão a destruição de habitat causada pela agricultura, urbanização, secas e incêndios florestais associados, alguns relacionados à mudança climática.[4] O aumento da perda de habitat também pode aumentar os riscos do tráfego de veículos, ataques de cães, pesticidas nas vias navegáveis e aumento da competição por alimentos.[5][6][7]

Etimologia editar

A palavra coala vem do Dharug gula, que significa sem água. Pensou-se ao mesmo tempo, uma vez que não se observava que os animais desciam das árvores frequentemente, que eles eram capazes de sobreviver sem beber água. As folhas do eucalipto têm um alto teor de água, portanto o coala não precisa beber com frequência.[8] Mas a noção de que eles não precisam beber água foi um mito e desmentida posteriormente.[9] Embora a vogal 'u' tenha sido originalmente escrita na ortografia portuguesa como "oo" (em grafias como coola ou koola), foi alterada para "oa", possivelmente com erro.[10] Por causa da suposta semelhança do coala com um urso, muitas vezes era chamado de urso coala, principalmente pelos primeiros colonos.[11] O nome genérico, Phascolarctos, deriva das palavras gregas phaskolos ("bolsa") e arktos ("urso"). O nome específico, cinereus, vem do latim, significando "cinza colorido".[12]

Distribuição geográfica e habitat editar

 
Coala escalando uma árvore

Os coalas são marsupiais que só são encontrados na Austrália, dependendo do sítio onde vivem a sua pelagem adapta-se, nos eucaliptais tropicais do norte a sua pelagem é mais curta acinzentada, e nos eucaliptais temperados do sul a sua pelagem é mais longa e castanha. A sua localização deve-se à separação entre aquele continente e outras massas terrestres antes que os mamíferos placentários pudessem se estabelecer ali. O coala acabou por ser vítima da caça e da destruição do seu habitat florestal. Antes da chegada do colonizadores europeus, em finais do século XVII, este marsupial ocupava uma superfície três vezes mais vasta do que a atual. Este animal foi recentemente introduzido ou reintroduzido em algumas ilhas perto da costa, bem como no interior do país. Estas novas populações foram o fruto de estudos científicos que deram valiosa contribuição para o conhecimento dos comportamentos da espécie.

Características editar

O coala tem a cabeça pequena, o focinho curto e os olhos bem separados. O nariz é grosso e achatado, e está munido de grandes narinas em forma de V, com as fossas nasais muito desenvolvidas, que mexem no seu equilíbrio térmico.

Tanto os membros anteriores como os posteriores possuem cinco dedos. O polegar das patas posteriores é bastante pequeno, não sendo dotado de garras. Os outros dedos são fortes e terminam em garras alongadas. Nas patas posteriores, apenas o polegar é oposto aos outros dedos.

A pelagem é densa e sedosa, desempenha papel importante na regulação térmica e na proteção dos agentes atmosféricos. Como o coala não constrói um abrigo, dorme exposto ao sol e à chuva. A pelagem do dorso é muito densa e de uma coloração escura que absorve o calor. Torna-se mais escassa durante o verão e mais comprida durante o inverno.

Possui um bom equilíbrio e músculos possantes nas coxas, e quando escala uma árvore, a falta de cauda é compensada pelos dedos bastante largos e pelas garras muito desenvolvidas.

O intestino grosso, onde, por meio de fermentação bacteriana, se dá a digestão da celulose, é muito desenvolvido. O ceco, situado no início do intestino grosso, pode atingir 2,5 metros de comprimento. Além disso, possui na parede do estômago uma glândula complexa dita cardiogástrica que desempenha papel importante na digestão. A cloaca tem três funções: serve para o acasalamento, para urinar e defecar.

Reprodução editar

A época de reprodução dos coalas dura cerca de quatro meses. Neste período, os machos sexualmente maduros exploram o seu território, atraindo as fêmeas no cio, e enchem o local de marcas odoríferas, emitindo simultaneamente um som semelhante a um mugido. As fêmeas demonstram em geral grande agressividade com relação aos machos, os quais repelem violentamente. O acasalamento, que dura alguns segundos, dá-se em posição vertical sobre um galho de eucalipto.

Depois que terminada a conjunção, os companheiros se separam. O macho não se ocupa do sustento do filhote: tal função compete à fêmea, que só tem uma gestação por ano e geralmente só dá luz a um filhote (muito raramente dois). A gestação dura em média 35 dias.

Filhote editar

 
Filhote de coala

O coala é pouquíssimo desenvolvido ao nascer. Pesa apenas 0,5 g e tem menos de 20 mm de comprimento. O corpo é nu, cor-de-rosa e raiado de vasos sanguíneos; os olhos e os ouvidos estão fechados; a boca, as narinas e as patas posteriores são apenas um esboço. Somente as patas anteriores são suficientemente robustas para lhe permitir executar sozinho o fatigante trajeto até a bolsa ventral da genitora e ali permanecer agarrado a uma das duas mamas.

Por volta dos cinco meses e meio, a cria começa a sair do seu tranquilo abrigo, mas não se afasta muito da mãe e, ao primeiro sinal de perigo, torna a entrar ou então emite uma espécie de vagido.

A permanência fora do refúgio vai aumentando e, aos 8 meses, torna-se definitiva. A partir daí, o jovem só enfia a cabeça no marsupial quando tem de mamar. Durante as peregrinações noturnas, a mãe ainda o transporta sobre o dorso.

Eucalipto editar

 
Coala se alimentando de folhas de eucalipto

O coala vive aos pares, subindo em árvores, com atos semelhantes ao da indolente preguiça. Isso lhe valeu o nome de "ursinho-da-austrália". Na língua dos indígenas locais, Koala significa "animal que não bebe". De fato, este marsupial, é bastante abstêmio: mata a sede com apenas o suco oleoso das folhas de eucalipto, praticamente o único vegetal que come.

Na Austrália existem 600 espécies de eucaliptos. Estas árvores são muito importantes para a fauna do continente australiano, e sobretudo para o coala.

Predadores editar

O coala tem poucos predadores, o mais importante é o Canis dingo - um cão selvagem - que mata os coalas velhos ou doentes, pois um adulto de boa saúde pode feri-lo gravemente. Os aborígenes caçam tradicionalmente o coala, que é uma presa fácil por causa dos seus hábitos sedentários e devido aos seus movimentos lentos. Quando presente um perigo vindo do solo, o animal tem o costume de se esconder em vez de fugir. O coala é indispensável no regime alimentar dos aborígenes.

Mas atualmente são predados por raposas-vermelhas, que conseguiram se adaptar para uma vida mais árborea e conseguindo assim predar coalas e outros marsupiais.

Referências

  1. GORDON, G.; MENKHORST, P.; ROBINSON, T.; LUNNEY, D.; MARTIN, R.; ELLIS, M. (2008). Phascolarctos cinereus (em inglês). IUCN 2011. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2011. Página visitada em 19 de janeiro de 2012..
  2. IUCN World Conservation congress, 2016
  3. Tabart, Deborah (10 de maio de 2019). «Australian Koala Foundation calls on the new Prime Minister to protect the Koala» (PDF). Australian Koala Foundation. Consultado em 22 de maio de 2019 
  4. Bhandari, Neena (30 de abril de 2013). «Climate change compounds rising threats to koala». The Guardian. ISSN 0261-3077. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  5. «Threats to the Koala | Australian Koala Foundation». www.savethekoala.com. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  6. Lunney, Daniel; Gresser, Shaan; O'Neill, Lisa; Matthews, Alison; Rhodes, Jonathan (30 de novembro de 2006). «The impact of fire and dogs on Koalas at Port Stephens, New South Wales, using population viability analysis». Pacific Conservation Biology. 13. doi:10.1071/PC070189 
  7. Daly, Natasha (25 de novembro de 2019). «No, koalas aren't 'functionally extinct'—yet». National Geographic Animals. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  8. Jackson, pp. 73–74.
  9. «Bigger and better 'Blinky Drinkers' to quench koalas' thirst this summer». NSW Environment & Heritage. Consultado em 22 de julho de 2019. Cópia arquivada em 22 de julho de 2019 
  10. Dixon, R. M. W.; Moore, B.; Ramson, W. S.; Thomas, M. (2006). Australian Aboriginal Words in English: Their Origin and Meaning 2nd ed. [S.l.]: Oxford University Press. p. 65. ISBN 978-0-19-554073-4 
  11. Leitner, G.; Sieloff, I. (1998). «Aboriginal words and concepts in Australian English». World Englishes. 17 (2): 153–69. doi:10.1111/1467-971X.00089 
  12. Kidd, D. A. (1973). Collins Latin Gem Dictionary. [S.l.]: Collins. p. 53. ISBN 978-0-00-458641-0 

Bibliografia editar

Ligações externas editar

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